Comentário Bíblico Online: Judas 1:22-23

A respeito da necessidade de mostrar misericórdia, Judas disse:

“Continuai, também, a mostrar misericórdia para com alguns que têm dúvidas; salvai-os por arrebatá-los do fogo. Mas continuai a mostrar misericórdia para com os outros, fazendo-o com temor, ao passo que odiais até mesmo a roupa interior que tiver sido manchada pela carne.” (Judas 22, 23)

Com respeito ao versículo 22 algumas traduções rezam: (ASV) “e com alguns, tendes misericordia, aqueles que têm dúvidas” (BBE) “e tenham pena daqueles que estão em dúvida” (CEV) “Ajudem todos aqueles que podem ter muitas dúvidas.” (ESV) “e tenham clemência com aqueles que duvidam” (GNB) “Mostrai misericordia com aqueles que têm dúvidas” (GW) “Mostrem misericórdia com aqueles que possuem dúvidas.” (ISV) “E apiedai-vos de alguns que estão na dúvida” (RV) “Para com uns exercei a vossa misericórdia, repreendendo-os” (NTLH) “Tenha misericórdia dos que tem dúvidas.”

A Nova Bíblia Inglesa reza: “Há outros, para os quais a vossa compaixão precisa estar misturada com temor; odiai a própria roupa contaminada pela sensualidade.” A versão do Pontifício Instituto Bíblico reza: “Dos demais compadecei-vos com temor, odiando até a veste contaminada pela carne.” Uma Tradução Americana (em inglês) reza: “E encarai os outros com compaixão misturada com temor, abominando até as vestes manchadas por sua natureza animalesca.” A congregação precisa acatar tal aviso.

O Texto Grego Padrão de Westcott and Hort diz:

και ους μεν ελεατε διακρινομενους σωζετε εκ πυρος αρπαζοντες

(kai hous men eleate diakrinomenous sôzete ek puros harpazontes)

Devido a grande diferença encontrar nas diversas traduções, nós iremos analisar as definições destas palavras nos ajudará a ver o sentido das palavras de Judá, conforme se segue:

I. kai – TDNT 2532 και Conjunção equilavente ao “e” em Português.

II. hous – TDNT 3739 ους Preposição equivalente ao “que, aquilo” em Português.

III. men – TDNT 3303 μεν tendo o sentido de “certamente, seguramente.”

IV. eleate – TDNT 1653 ελεατε significa “ter compaixão, misericórdia, piedade.” Deriva-se de eleos que significa “compaixão” tanto relacionada do homem para com o homem ou do homem para com Deus.

V. diakrinomenous – TDNT 1252 διακρίνω deriva-se da preposição δια (Gr.: dia ) que significa “através, por meio de, por causa de” como também o verbo κρίνω (Gr.: krinõ) que significa “separar, selecionar, aprovar, estimar, determinar, decretar, julgar, pronunciar uma opinião com respeito a algo que seja certo, tendo o sentido legislativo, como o sentido de presidir como o poder judicial tendo a prerogativa de um rei ou governante, também possue o sentido de batalhar juntos, como guerreiros). διακρίνω significa se separar completamente, se opor, figurativamente discriminar, hesitar. A obra, Word pictures of the New Testament diz que diakrinomenous está na forma do presente do particípio média de diakrino, na forma acusativa concordando com hous men.” Devido a variante textual da palavras grega usada pelo escritor bíblico, se foi eleate ou elegchete, isso é de somenos importância, se for o primeiro caso, como em Tiago 1:6 então teremos (duvidoso, ou aqueles que tem dúvidas) se for o segundo caso temos disputadores como em Judas 9.

VI. sôzete – TDNT σώζω tem o sentido básico de salvar, e resgatar alguém que está correndo perigo.

VII. purosTDNT 4442 πυρ pronome neutro tendo o significado básico é “fogo”.

VIII. harpazontesTDNT 726 αρπάζω significa “apreender, levar embora a força”.

Levando em consideração o estudo das palavras, nós observamos que Judas exorta aos cristãos leais da congregação a “continuarem a demonstrar misericórdia” para com aqueles irmãos que eram fracos e foram influenciados pelos ensinos apóstatas dos falsos instrutores. Estes irmãos que tinham dúvidas sinceras precisavam ser ajudados para que os apóstatas não os tragassem para sempre.

Na sua carta, Judas fala de “alguns que têm dúvidas”. (Judas 22) Mas, nem Pedro nem Judas dizem que o cristão pode continuar ridicularizador ou duvidador. Pedro diz que devemos ‘guardar-nos’ contra os “instáveis” que ‘deturpam as Escrituras’. (2 Pedro 3:16, 17) E Judas diz que os duvidadores correm perigo e precisam ser ‘arrebatados do fogo’. (Judas 23) Os que foram desviados da verdade devem ser ajudados “com brandura”, na esperança de que “voltem ao seu próprio juízo, saindo do laço do Diabo”. — 2 Timóteo 2:23-26.

Se os co-crentes de Judas haviam de continuar a ser alvos da misericórdia divina, tinham de ser misericordiosos para com outros cuja vida eterna estivesse em jogo. (Tiago 2:13) Mas, para que os fiéis ‘continuassem a mostrar misericórdia para com alguns que tivessem dúvidas’, era necessário que distinguissem entre os dignos de misericórdia e os ‘sonhadores’.

Portanto, temos nisso novamente uma exortação aos que são maduros. Se souber de alguém que tem dúvidas ou que tropeçou, caindo na impureza, não o rejeite prontamente, mas arrebate-o do fogo, se possível, cuidando para que você mesmo não se queime, ou seja, de algum modo contaminado.

II. Se os co-crentes de Judas haviam de continuar a serem alvos da misericórdia divina, tinham de ser misericordiosos para com outros cuja vida eterna estivesse em jogo. (Tiago 2:13) Mas, para que os fiéis ‘continuassem a mostrar misericórdia para com alguns que tivessem dúvidas’, era necessário que distinguissem entre os dignos de misericórdia e os ‘sonhadores’.

III. Por meio de seu ensino falso, seu resmungar, suas queixas, e assim por diante, os “homens ímpios” faziam com que as pessoas espiritualmente instáveis ficassem cheias de dúvidas. Abalados pelas palavras bombásticas dos falsos instrutores, os duvidosos talvez se perguntassem se os dedicados cristãos eram realmente o povo de Deus, e talvez tivessem parado de participar com eles na adoração e na pregação do evangelho. Tais instáveis corriam o perigo do “fogo”, ou destruição eterna. (Veja Mateus 18:8, 9; 25:31-33, 41-46.) Mas, por virem rapidamente em sua ajuda por meio de exortação espiritual e oração, cristãos estáveis, especialmente pastores congregacionais, seriam capazes de salvá-los, ‘arrebatando-os do fogo’. — Gálatas 6:1; Tiago 5:13-20.

IV. Alguns talvez tivessem sucumbido aos aviltadores da carne e incorrido com eles na imoralidade, ou talvez em adultério espiritual. (Tiago 4:4) Por darem vazão a práticas animalescas, eles como que ‘mancharam a roupa interior’.[1] Mancharam sua personalidade interior quais cristãos genuínos, como uma peça de roupa usada rente à pele. (Veja Apocalipse 3:4, 5.) Os cristãos acautelaram-se contra manchar dessa maneira sua própria vestimenta da personalidade cristã, porque isso desagradaria a Deus e poderia levar à destruição. Contudo, as pessoas piedosas, especialmente os pastores designados, compassivamente tentavam ajudar os instáveis portadores de ‘roupas manchadas’ para que retornassem ao caminho da salvação. Se o verdadeiro arrependimento fosse demonstrado pelos que se haviam desviado, seria possível ‘salvá-los’ da morte no desfavor divino, à qual um proceder impuro os conduziria. — Provérbios 28:13.




[1] Hating even the garment spotted by the flesh - The allusion here is not quite certain, though the idea which the apostle meant to convey is not difficult to be understood. By “the garment spotted by the flesh” there may be an allusion to a garment worn by one who had had the plague, or some offensive disease which might be communicated to others by touching even the clothing which they had worn. Or there may be an allusion to the ceremonial law of Moses, by which all those who came in contact with dead bodies were regarded as unclean, 21:11; Num 6:6; 9:6; 19:11. Or there may be an allusion to the case mentioned in Lev_15:4, Lev_15:10, 15:17; or perhaps to a case of leprosy. In all such instances, there would be the idea that the thing referred to by which the garment had been spotted was polluting, contagious, or loathsome, and that it was proper not even to touch such a garment, or to come in contact with it in any way. To something of this kind the apostle compares the sins of the persons here referred to. While the utmost effort was to be made to save them, they were in no way to partake of their sins; their conduct was to be regarded as loathsome and contagious; and those who attempted to save them were to take every precaution to preserve their own purity. There is much wisdom in this counsel. While we endeavor to save the “sinner,” we cannot too deeply loathe his “sins;” and in approaching some classes of sinners there is need of as much care to avoid being defiled by them, as there would be to escape the plague if we had any transaction with one who had it. Not a few have been deeply corrupted in their attempts to reform the polluted. There never could be, for example, too much circumspection and prayer for personal safety from pollution, in attempting to reform licentious and abandoned females. - Albert Barnes