Comentário de J.W Scott: 1 Timóteo 5:1-12
GRUPOS ESPECIAIS NO SEIO DA IGREJA 1Tm 5.1-6.2
Instruções gerais (1Tm 5.1-2)
O ministério como o de Timóteo envolvia relações com o povo, fazendo este defrontar-se solenemente com a verdade. Deste dever Timóteo devia desincumbir-se, mas cumpria fazê-lo convenientemente, em verdadeira afeição e com prudência. Não assenta bem num ministro relativamente jovem, como Timóteo, repreender asperamente a ninguém mais idoso que ele. A ressalva com toda a pureza (2) refere-se particularmente ao ministério de Timóteo junto às mulheres jovens. É uma de suas responsabilidades exortá-las, porém deve precaver-se de qualquer desenvoltura que tenda a interesses ou intimidades inconvenientes, ou até mesmo atitudes que sugiram isso. Em Tt 2.3-5 o genuíno adestramento de mulheres jovens é explicitamente confiado a senhoras crentes mais idosas.
Instruções acerca de viúvas (1Tm 5.3-16)
Citando as viúvas como objeto de consideração e cuidado, devem ser distinguidas com essa honra e auxílio aquelas que, por um lado, são desvalidas, e, por outro, são realmente dignas. Sempre que for possível, as viúvas devem ser sustentadas por seus próprios filhos, ou famílias; é este um dever cristão óbvio, não devendo a igreja ser sobrecarregada com ele desnecessariamente. Só devem ser inscritas para exercerem ministério e receberem manutenção as viúvas de sessenta ou mais anos, que se tenham casado só uma vez e não pretendam casar-se de novo, tenham boa reputação como diligentes em boas obras. Mulheres mais moças não servem para esse cargo. Podem ser tentadas a casar outra vez, ou cair na cilada de se aproveitarem de visitas domiciliares para mexericos ou conversas ociosas. É melhor então que as tais tornem a casar e assumam a responsabilidade de dar à luz filhos e de tomar conta de suas próprias casas. Por esta forma podem elas mesmas ajudar as viúvas que, de outro modo, a igreja teria de socorrer.
Honra (3). Isto pode incluir a provisão de assistência material necessária; ver o vers. 17 e Mt 15.5-6. Verdadeira viúva, que precisa de tal assistência, é aquela desprovida de meios ou de parentes que a sustentem; é desamparada (5). Netos (4). Toda viúva, que tem tais parentes, deve ser por eles sustentada. Isto significa que eles, como primeira obrigação, devem aprender (isto é, fazer disso sua prática regular) a mostrar piedade filial para com membros de sua própria família, e a recompensar deste modo seus parentes ou avós. Tal procedimento é aceitável (4) não só aos que são assim beneficiados, como também "diante de Deus".
A verdadeira viúva, além de ser desamparada, recomendar-se-á como digna de sustento pelo hábito adquirido de esperar em Deus, não nos homens, e de viver em freqüente oração (5). Em contraste com ela, o tipo de mulher que desperdiça a sua vida e tudo quanto esta representa, não deve ser havida como verdadeira viúva; porque, embora viva, à vista de Deus já morreu (6). A necessidade de fazer estas distinções e de manter um padrão elevado deve ser enfatizada decididamente por Timóteo, tendo em vista, não afastar do benefício algumas viúvas, mas zelar para que todas vivam irrepreensivelmente (7). Todo crente deve cuidar das necessidades dos seus parentes, e sobretudo dos membros de sua família. Se não faz isto, nega praticamente a fé que professa com a boca. E procede pior que os pagãos incrédulos, visto como estes reconhecem seu dever em tais circunstâncias (8).
Nos vers. 9 e 10 alguns encontram a mais antiga referência escriturística, significativa, a uma "ordem de viúvas" (muitas vezes mencionada em outros escritos primitivos dos cristãos). Estas parece que eram "mulheres anciãs", antes que "diaconisas" (ver 1Tm 3.11) que dificilmente seriam todas de mais de sessenta anos. As responsabilidades particulares delas parece que eram cuidar de crianças, especialmente órfãs, e de mulheres mais moças. Isto envolveria visitação domiciliar. As qualificações para inscrição obviamente são rigorosas. Tais condições parecem claramente as do ministério, antes que meramente da manutenção, a menos que a referência seja a viúvas especialmente selecionadas e necessitadas, às quais se garantia sustento vitalício pela igreja local. Esposa de um só marido deve significar "casada só uma vez" e, implicitamente, comprometida a não casar outra vez.
Paulo apresenta duas razões contra a inscrição de viúvas moças. Primeiro, é imprudente fazê-las comprometer-se a não casar outra vez. Porque, querendo elas mais tarde casar-se, tal desejo, inocente em outras circunstâncias, envolverá rebelião contra o jugo de Cristo, fazendo-as condenar-se a si mesmas pelo fato de anularem seu primeiro compromisso (12). Segundo, dar-lhes-á uma oportunidade indesejável de se tornarem tagarelas, abelhudas, antes que obreiras ativas (13). Paulo parece sugerir o seguinte: as mulheres moças, ainda ativas, as quais, como esposas, estiveram ocupadas com a direção de suas casas, se de repente passam a receber sustento e possivelmente um ministério que em grande parte consiste em visitas domiciliares e em exortação, podem cair na tentação de ficar preguiçosas e palradoras, ocasionando complicações com a revelação de confidências. Portanto, para evitar o perigo de dar aos inimigos ocasião de censurar os cristãos, é melhor que tais mulheres casem de novo e voltem a ocupar-se de todo com as responsabilidades de família. Diriam alguns que esta passagem implica que a experiência da vida conjugal desenvolve na mulher aptidão para algumas tarefas e reduz a capacidade para outras; que as mulheres mais moças, mantidas pela igreja para servirem como diaconisas, sejam solteironas, não viúvas; ou, por outra, que as viúvas sadias, de menos de sessenta anos, devem procurar alguma coisa em que se ocupar (se não for um marido), e não serem sustentadas, mesmo na hipótese de serem obreiras da igreja. O adversário (14) parece significar aqui o opositor humano típico, não o diabo. No vers. 15 Paulo apela ao testemunho da experiência para confirmação do seu juízo. Esta espécie de extravio do caminho de Cristo (11), para seguir a Satanás, tem ocorrido em alguns casos. O advérbio já sugere que os casos ocorreram no curto espaço de tempo depois que as primeiras inscrições de viúvas moças foram feitas. É também significativo por indicar que a data provável desta referência à organização eclesiástica não é, por consequência, tão tardia como à primeira vista pode parecer provável.