Evangelho de Lucas - Inspirado e Proveitoso

gênesis, livro de gênesis, estudos bíblicosAs boas novas “segundo Lucas” edificam confiança na Palavra de Deus e fortalecem a fé para suportar as fustigações de um mundo que nos é estranho. Lucas fornece muitos exemplos de cumprimentos exatos das Escrituras Hebraicas (A.T). Jesus é apresentado como tirando sua comissão em termos específicos do livro de Isaías, e Lucas parece usar isso como tema em todo o livro. (Luc. 4:17-19; Isa. 61:1, 2) Essa foi uma das ocasiões em que Jesus citou dos Profetas. Ele também citava da Lei, como na ocasião em que rejeitou as três tentações do Diabo, e dos Salmos, como ao perguntar a seus adversários: “Como é que dizem que o Cristo é filho de Davi?” O relato de Lucas contém muitas outras citações das Escrituras Hebraicas. — Luc. 4:4, 8, 12; 20:41-44; Deut. 8:3; 6:13, 16; Sal. 110:1.
Quando Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho, segundo predito em Zacarias 9:9, as multidões o aclamaram alegremente, aplicando-lhe o texto de Salmo 118:26. (Luc. 19:35-38) Num lugar, dois versículos de Lucas são suficientes para abranger seis pontos que as Escrituras Hebraicas profetizaram a respeito da morte ignominiosa de Jesus e de sua ressurreição. (Luc. 18:32, 33; Sal. 22:7; Isa. 50:6; 53:5-7; Jon. 1:17) Finalmente, após sua ressurreição, Jesus inculcou poderosamente nos discípulos a importância das inteiras Escrituras Hebraicas. “Disse-lhes então: ‘Estas são as minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, que todas as coisas escritas na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos, a respeito de mim, têm de se cumprir.’ Abriu-lhes então plenamente as mentes para que compreendessem o significado das Escrituras.” (Luc. 24:44, 45) Semelhantes àqueles primeiros discípulos de Jesus Cristo, nós também podemos ser esclarecidos e obter forte fé, prestando atenção aos cumprimentos das Escrituras Hebraicas, tão precisamente explicados por Lucas e pelos demais escritores das Escrituras Gregas Cristãs (N.T).
Em toda a sua narrativa, Lucas indica de modo contínuo o Reino de Deus ao seu leitor. Do início do livro, em que o anjo promete a Maria que o filho a quem ela dará à luz “reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino”, aos capítulos finais, em que Jesus fala sobre introduzir os apóstolos no pacto para o Reino, Lucas frisa a esperança do Reino. (1:33; 22:28, 29) Apresenta Jesus tomando a dianteira na pregação do Reino e enviando os 12 apóstolos, e mais tarde os 70, para fazerem essa mesma obra. (4:43; 9:1, 2; 10:1, 8, 9) A unicidade de devoção necessária para poder entrar no Reino é acentuada pelas oportunas palavras de Jesus: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos, mas tu, vai e divulga o reino de Deus”, e: “Ninguém que tiver posto a mão num arado e olhar para as coisas atrás é bem apto para o reino de Deus.” — 9:60, 62.
Lucas enfatiza a questão da oração. Seu Evangelho é notável neste respeito. Fala da multidão que orava enquanto Zacarias se achava no templo; de João, o Batizador, ter nascido em resposta a orações por um filho e de Ana, a profetisa, orar noite e dia. Descreve Jesus orando por ocasião de seu batismo, passar ele a noite inteira em oração antes de escolher os 12 e a sua oração durante a transfiguração. Jesus admoesta os seus discípulos a “sempre orarem e . . . nunca desistirem”, ilustrando esse ponto por meio de uma viúva persistente que continuamente recorria a certo juiz até que ele lhe fez justiça. Somente Lucas fala do pedido dos discípulos para que Jesus lhes ensinasse a orar e do anjo que fortaleceu a Jesus, enquanto ele orava no monte das Oliveiras; e só ele registra as palavras da oração final de Jesus: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito.” (1:10, 13; 2:37; 3:21; 6:12; 9:28, 29; 18:1-8; 11:1; 22:39-46; 23:46) Como na época em que Lucas registrou seu Evangelho, assim também hoje a oração é uma provisão vital para fortalecer todos os que estão fazendo a vontade divina.
Tendo mente profundamente observadora e estilo fluente e descritivo, Lucas confere ardor e vivacidade ao ensino de Jesus. O amor, a benignidade, a misericórdia e a compaixão de Jesus para com os fracos, os oprimidos e os desprezados se revelam em nítido contraste com a religião fria, formal, restritiva e hipócrita dos escribas e dos fariseus. (4:18; 18:9) Jesus dá constante encorajamento e ajuda aos pobres, aos cativos, aos cegos, e aos esmagados, fornecendo assim esplêndido precedente para os que procuram ‘seguir de perto os seus passos’. — 1 Ped. 2:21.
Assim como Jesus, o perfeito Filho de Deus que fazia maravilhas, manifestou preocupação amorosa por seus discípulos e todas as pessoas sinceras, nós também devemos esforçar-nos a realizar nosso ministério com amor, sim, “por causa da terna compaixão de nosso Deus”. (Luc. 1:78) Para este fim as boas novas “segundo Lucas” são deveras de muito proveito e ajuda. Podemos realmente ser gratos a Deus por ter inspirado Lucas, “o médico amado”, a escrever este relato exato, edificante e encorajador, apresentando a salvação por intermédio do Reino às mãos de Jesus Cristo, “o meio salvador de Deus”. — Col. 4:14; Luc. 3:6.

Bibliografia

The Medical Language of Luke, 1954, W. K. Hobart, páginas xi-xxviii.
A Lawyer Examines the Bible, 1943, I. H. Linton, página 38.
Modern Discovery and the Bible, 1955, A. Rendle Short, página 211.
The Jewish War, V, 491-515, 523 (xii, 1-4); VI, 420 (ix, 3)