Introdução aos Manuscritos Bíblicos

BÍBLICOS, MANUSCRITOS, INTRODUÇÃO, ESTUDOS, TEOLOGIA
MANUSCRITOS

Fala-se em “manuscritos originais”, quando, de fato, entre todas as sagradas escrituras não existe original algum, nem do Velho nem do Novo Testamento. Quando uns se tornaram velhos, foram copiados, e os originais enterrados ou queimados pelos próprios amigos da Palavra de Deus. Outros foram destruídos pelos inimigos durante as guerras e perseguições que o antigo povo de Deus sofria de tempos em tempos.

Mesmo quando o Novo Testamento foi escrito, parece que os documentos originais do Velho Testamento não existiam mais. Consequente¬mente, quando a Bíblia completa foi compilada pela primeira vez, consistiu em cópias hebraicas do Velho Testamento — junto com uma tradução grega conhecida por Septuaginta, que significa setenta, porque foi feita por setenta homens.

Na perda dos manuscritos originais, podemos ver a providência de Deus, porque, se fossem existentes hoje em dia documentos originais da letra de Moisés, Davi, Isaías, Daniel, Paulo ou João, o coração humano é tão suscetível à superstição, que seriam eles adorados, como foi a serpente de metal nos dias de Ezequias (II Reis 18:4), anulando assim o seu propósito.

A falta dos originais não nos deve assustar, porque há milhares de manuscritos gregos e hebraicos copiados dos originais, espalhados pelo mundo. Estes manuscritos datam desde a primeira metade do segundo século, data dos papiros mais antigos, e do quarto século para os unciais, escritos em letra maiúscula sobre pergaminho (pele de cabrito especialmente preparada). Quando as primeiras Bíblias foram impressas havia mais de 2.000 destes manuscritos. Hoje, existem muitos milhares. Este número é suficiente para estabelecer a genuinidade e a autenticidade da Bíblia.

A existência dum livro antigo pode ser provada por muitas maneiras fora do original. Por exemplo, as referências a ele, as suas citações, as paráfrases, as narrações dele, os catálogos em que o livro esteja mencionado, as suas traduções e versões; os argumentos contra o seu ensino e as cópias existentes provam que tal livro existia. Podemos verificar a idade dum manuscrito: 1) pela forma da letra em que está escrito; 2) pela maneira que as letras estão ligadas umas com as outras; e 3) pela simplicidade ou ornamentação das letras iniciais. Há ainda outro método, chamado Criticismo Textual, que procura estabelecer a idade de genuidade dos manuscritos em relação às versões e às obras dos anciãos das igrejas cristãs durante os primeiros séculos, pois estes citaram muitos textos das Escrituras.

Os mais antigos manuscritos gregos são escritos em letras maiúsculas e quadradas, e todas as palavras em cada linha estão ligadas para poupar espaço. Achamos um exemplo desta ligação de palavras no versículo 11, do capítulo 53 de Isaías, na edição Almeida de 1913 e 1916:


“Porqueassuasiniqüidadeslevarásobresi.”


Às vezes, quando o copiador julgou que na linha não cabiam todas as letras grandes, começou a diminuí-las assim: PORQUEDeusAmou. Estes manuscritos são chamados Unciais.

Os três mais velhos destes, pela providência de Deus, se acham ao cuidado de três ramos do cristianismo: o grego, o romano e o protestante. Um, o Sinaítico (conhecido como o Códex Alfa), está na biblioteca em Leningrado, como possessão da Igreja Católica Grega, Outro, o Vaticano (conhecido como o Códex B), pertence à Igreja Católica Romana, e se acha atualmente na biblioteca do Vaticano, em Roma. O outro, o Alexandrino (conhecido como o Códex A), está no Museu Britânico, em Londres. A história destes manuscritos é muito interessante.