Livro de Salmos — Inspirado e Proveitoso


Livro de Salmos — Inspirado e Proveitoso

Livro de Salmos — Inspirado e Proveitoso 



Em razão da perfeição de beleza e de estilo, os salmos da Bíblia podem ser incluídos entre as obras-primas literárias em todos os idiomas. Entretanto, são muito mais do que obra literária. São a mensagem viva do Supremo Soberano de todo o universo, do próprio Deus. Permitem aprofundarmos nosso entendimento dos ensinos fundamentais da Bíblia, falando primeiro e acima de tudo de Jahweh, seu Autor. Atestam claramente que Ele é o Criador do universo e de tudo quanto há nEle. (8:3-9; 90:1, 2; 100:3; 104:1-5, 24; 139:14) Na verdade, o livro dos Salmos magnifica o nome “Jeová” (Port.), que aparece mais de 700 vezes. Além disso, a forma abreviada “Jah” encontra-se 43 vezes, de modo que ao todo o nome divino é mencionado cerca de 5 vezes, em média, em cada Salmo. Outrossim, fala-se de Jahweh como ’Elohím, ou Deus, umas 350 vezes. Faz-se alusão à supremacia governamental de Jahweh pela expressão “Soberano Senhor” referente a ele em diversos dos salmos. — 68:20; 69:6; 71:5; 73:28; 140:7; 141:8.

Faz-se contraste entre o Deus eterno e o homem mortal que nasceu no pecado e necessita de redentor, e mostra-se que ele morre e retorna “à matéria quebrantada”, indo ao Seol. (6:4, 5; 49:7-20; 51:5, 7; 89:48; 90:1-5; 115:17; 146:4) O livro dos Salmos sublinha a necessidade de obedecer à lei de Deus e de confiar em Jahweh. (1:1, 2; 62:8; 65:5; 77:12; 115:11; 118:8; 119:97, 105, 165) Coloca-nos de sobreaviso contra a presunção e os “pecados escondidos” (19:12-14; 131:1), e aconselha associações honestas e salutares. (15:1-5; 26:5; 101:5) Mostra que a boa conduta traz a aprovação de Jahweh. (34:13-15; 97:10) Oferece uma esperança maravilhosa, ao dizer que “a salvação pertence a Jahweh”, assegurando aos que o temem que ele irá “livrar a sua alma da própria morte”. (3:8; 33:19) Isto nos leva ao aspecto profético dos Salmos.

O livro de Salmos é rico em profecias, dirigindo a atenção a Jesus Cristo, o “filho de Davi”, bem como ao papel que desempenharia na qualidade de Ungido de Jahweh e Rei. (Mat. 1:1) Na ocasião do nascimento da congregação cristã, no dia de Pentecostes, em 33 EC, o Espírito Santo começou a esclarecer os apóstolos quanto ao cumprimento dessas profecias. Naquele mesmo dia, Pedro citou repetidamente os Salmos para desenvolver o tema do famoso discurso que proferiu. Dizia respeito a uma pessoa: “Jesus, o nazareno”. A última parte de sua argumentação se baseia quase inteiramente em citações dos Salmos, provando que Cristo Jesus é o Davi Maior e que Jahweh não deixaria a sua alma no Hades, mas o ressuscitaria dentre os mortos. Não, “Davi não ascendeu aos céus”, mas, conforme ele predisse no Salmo 110:1, o seu Senhor ascendeu. Quem é o Senhor de Davi? O discurso de Pedro atinge o seu ponto culminante ao responder ele de modo poderoso: “Este Jesus”! — Atos 2:14-36; Sal. 16:8-11; 132:11.

Foi proveitoso o discurso de Pedro, baseado nos Salmos? O fato de que cerca de 3.000 pessoas foram batizadas e acrescentadas à congregação cristã naquele mesmo dia é em si uma resposta. — Atos 2:41.

Pouco tempo depois, por ocasião de uma reunião especial, os discípulos apelaram para Jahweh, citando o Salmo 2:1, 2. Disseram que isto se cumprira na oposição unida dos dominadores contra o ‘santo servo Jesus, a quem Deus ungiu’. E o relato passa a dizer que todos ficaram “cheios de Espírito Santo”. — Atos 4:23-31.

Consideremos agora a carta dirigida aos hebreus. Nos dois primeiros capítulos, encontramos diversas citações dos Salmos a respeito da superioridade de Jesus sobre os anjos como entronizado Filho celestial de Deus. Referindo-se ao Salmo 22:22 e a outras passagens, Paulo mostra que Jesus possui uma congregação composta de “irmãos” que fazem parte da semente de Abraão e são “participantes da chamada celestial”. (Heb. 2:10-13, 16; 3:1) Depois, a partir de Hebreus 6:20 até o fim do capítulo 7, o apóstolo discorre longamente sobre a outra função de Jesus como “sumo sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque”. Isto se refere à promessa juramentada de Deus, no Salmo 110:4, à qual Paulo se refere muitas vezes, para provar a superioridade do sacerdócio de Jesus sobre o de Arão. Paulo explica que, por juramento de Jahweh, Jesus Cristo é sacerdote, não na terra, mas no céu, e “permanece sacerdote perpetuamente” — os benefícios de seu serviço sacerdotal serão eternos. — Heb. 7:3, 15-17, 23-28.

Outrossim, em Hebreus 10:5-10, informa-se-nos quanto Jesus apreciava o proceder sacrificial que era a vontade de Deus para ele, e que estava determinado a cumprir essa vontade. Isto se baseia nas palavras de Davi, em Salmo 40:6-8. É de máximo proveito que consideremos este modelo de devoção e o imitemos, a fim de recebermos a aprovação de Deus. — Veja também Salmo 116:14-19.

A linha de conduta adotada por Jesus, que culminou na terrível provação que suportou na execusão, fora predita nos Salmos em notáveis pormenores. Incluía que se lhe ofereceria vinagre para beber, que se lançariam sortes sobre suas vestes exteriores, que receberia tratamento cruel nas mãos e nos pés, que se zombaria dele e que na pior angústia mental ele daria o grito de agonia: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mat. 27:34, 35, 43, 46; Sal. 22:1, 7, 8, 14-18; 69:20, 21) Segundo indica João 19:23-30, mesmo durante aquelas horas difíceis, Jesus deve ter obtido grande consolo e orientação dos Salmos, sabendo que todas estas passagens bíblicas tinham de se cumprir ao pé da letra. Jesus sabia que os Salmos falavam também da sua ressurreição e glória. Ele tinha sem dúvida essas coisas em mente, ao presidir, quando ‘cantou louvores’, ou salmos, com seus apóstolos na última noite antes de sua morte. — Mat. 26:30.

Assim, pois, o livro de Salmos identifica claramente o “filho de Davi” e a Semente do Reino como sendo Cristo Jesus, que está agora exaltado como Rei e Sacerdote na Sião celestial. O espaço não nos permite descrever em pormenores todas as passagens dos Salmos que são mencionadas nas Escrituras Gregas Cristãs (N.T) e que se cumpriram neste Ungido de Jahweh, mas alistamos aqui mais alguns exemplos: Sal. 78:2—Mat. 13:31-35; Sal. 69:4—João 15:25; Sal. 118:22, 23—Mar. 12:10, 11 e Atos 4:11; Sal. 34:20—João 19:33, 36; Sal. 45:6, 7—Heb. 1:8, 9. A congregação dos verdadeiros seguidores de Jesus foi também predita nos Salmos, não como indivíduos, mas como grupo favorecido por Deus, composto de pessoas de todas as nações, para participar duma obra que consiste em louvar o nome de Jahweh. — Sal. 117:1—Rom. 15:11; Sal. 68:18—Efé. 4:8-11; Sal. 95:7-11—Heb. 3:7, 8; 4:7.

O estudo dos Salmos aumenta muito o nosso apreço da realeza que Jahweh exerce por intermédio da prometida Semente e Herdeiro do Reino de Deus, para a Sua glória e honra. Estejamos sempre entre os leais que exultam sobre o ‘esplendor glorioso da dignidade de Jahweh’, e de quem se fala no Salmo 145 como sendo um “louvor, de Davi”: “Palestrarão sobre a glória do teu reinado e falarão sobre a tua potência, para dar a conhecer aos filhos dos homens seus atos potentes e a glória do esplendor do seu reinado. Teu reinado é um reinado por todos os tempos indefinidos, e teu domínio é durante todas as gerações sucessivas.” (145:5, 11-13) Em harmonia com o salmo profético, o esplendor do estabelecido Reino de Deus, por Cristo, é dado a conhecer mesmo agora aos filhos dos homens em todas as nações. Quão gratos devemos ser por esse Reino e seu Rei! São realmente apropriadas as palavras finais dos Salmos: “Toda coisa que respira — louve ela a Jah. Louvai a Jah!” — 150:6.