Dicionário Adventista: Babilônia

BABILÓNIA
Heb. e aramaico, Babel (ver Babel); Gr. Babulon.

Uma cidade no vale mesopotâmico e uma das primeiras a ser fundada. Pouco se conhece da sua história e características no que se refere ao período pré-imperial, uma vez que as escavações só puseram a descoberto os níveis mais à superfície, que incluíam o do reino neo-babilónico. Uma vez que o nível das águas está agora mais alto do que nos tempos antigos, o que resta das cidades mais antigas encontra-se debaixo da água. A cidade tornou-se importante ao ser elevada a capital da primeira dinastia da Babilónia (chamada Dinastia Amorreia) e à qual pertencia o famoso Hammurabi. Perdeu, no entanto, a sua importância política após a queda desta dinastia, mas Babilónia continuou a ser muito respeitada como centro religioso e cultural do mundo antigo. Durante o domínio do Império Assírio, tornou-se num reino vassalo desse império mas rebelou-se frequentemente contra o jugo dos seus senhores. Senaqueribe ficou tão exasperado com estas constantes rebeliões, que destruiu completamente a cidade em 689 AC, com a intenção de que não voltasse a ser reconstruída. Contudo, a opinião pública, mesmo na sua terra natal, mostrou-se contra tal facto e a reconstrução da cidade começou logo a seguir à morte de Senaqueribe.

Quando, em 626 AC, Nabopolassar fundou o reino independente da Babilónia, a cidade tornou-se na capital da nova monarquia e, pouco depois, também do império. Foi a Babilónia deste período que R. Koldewey, entre 1899 e 1917, escavou em ligação com a German Orient Society. Estas escavações mostraram que a antiga cidade, ou cidade interior - a parte primitiva da cidade - se situava na margem oriental do Eufrates e o seu tamanho era de, aproximadamente, uma milha quadrada. A noroeste ficava o palácio real e a sul deste ficava o precinto sagrado de Esagila, em cuja área se situava a Etemenanki, a torre do templo com cerca de 91 m, assim como o templo de Marduk. Nabucodonozor reconstruiu e alargou o palácio, acrescentando, entre outras coisas, uma estrutura abobadada e, sobre ela, plantou jardins, conhecidos como Jardins Suspensos da Babilónia e conhecidos no mundo antigo como uma das Sete Maravilhas do Mundo. Construiu também a Nova Cidade na margem ocidental do rio e ligou-a, através de uma ponte, à cidade antiga (mais tarde chamada a cidade interior). Cerca de 2,4 km a norte da cidade, ele erigiu um novo palácio, o chamado palácio de verão e construiu uma parede dupla que incluía este palácio e os subúrbios dentro dos seus limites. Rodeou também a nova cidade com uma parede dupla, um fosso junto à parede e outro que protegia a cidade interior. Com uma circunferência total de cerca de 16 km, Babilónia era provavelmente a maior cidade da antiguidade, com a possível excepção de Tebas, a cidade egípcia.

A cidade foi construída com tijolos, uma vez que o solo aluvial daquela área não continha pedras. Os tijolos vulgares não tinham qualquer preparação especial mas os edifícios públicos eram revestidos com tijolos preparados ou envernizados e de diferentes cores, que davam a esta metrópole uma beleza que era dificilmente igualada por qualquer outra cidade de tamanho comparável. Os tijolos das paredes exteriores da cidade eram amarelos, os dos portões eram azuis, os dos palácios eram rosa-avermelhados e os dos templos eram brancos. Para além disso, os portões da cidade estavam decorados com touros em relevo, alternando com figuras de várias cores semelhantes a dragões. Nas paredes da Rua da Procissão, que ia desde o norte da cidade até ao templo de Marduk, viam-se leões de várias cores, em relevo e feitos de tijolos envernizados. Não é de admirar que o construtor desta cidade se tornasse orgulhoso e despótico. Este facto é mencionado não somente no livro de Daniel (Dn 4:30), mas também em inscrições que Nabucodonozor deixou para a posteridade e onde proclamava o seu nome e fama.

Foram feitas várias profecias contra Babilónia, predizendo que a cidade seria destruída, tornando-se num local desabitado (Is 13; Is 14:1-23; Jr 50; 51). Esta profecia cumpriu-se gradualmente. Quando Ciro, o Grande, tomou a cidade em 539 AC, não houve qualquer violência e os Persas conquistaram-na ainda intacta, fazendo dela uma das capitais do novo império. Contudo, várias rebeliões contra o domínio persa nos reinados de Dario I e Xerxes levaram este último rei a punir a cidade, destruindo os seus palácios, templos e muros por volta de 480 AC. Ele aboliu também o título de “rei da Babilónia”, que tanto ele como os seus percursores tinham usado e fez de Babilónia uma simples província. Um século e meio depois, Alexandre, o Grande, planeou fazer dela a capital do seu império, mas morreu antes sequer de poder levar por diante os seus planos. Nenhum dos seus sucessores escolheu Babilónia como capital; Seleuco I Nicator, em 312 AC, construiu Seleucia nas margens do Tigre e fez dela a sua capital.

Utilizou muito do material de construção vindo da antiga Babilónia. Desde então até agora, a cidade tem sido utilizada como pedreira de tijolos. O açude do rio Hindiya foi construído com antigos tijolos de Babilónia. Tal aconteceu também com a cidade de Hilla, 5.6 km a sul de Babilónia e muitas das antigas cidades em ruínas. A grande metrópole de outros tempos foi, assim, completamente saqueada.

Grandes montes de escombros marcam antigas secções de Babilónia. A norte fica Tell Babil, onde se situam as miseráveis ruínas do magnífico palácio de verão de Nabucodonozor; mais para sul fica Kasr, sob a qual se encontram as confusas fundações e muros em ruínas da principal área do palácio da cidade, agora amplamente escavada. A sul de Kasr ficam as ruínas de Amran, o local do precinto sagrado de Marduk, com o seu templo de Esagila soterrado sob vários pés de escombros e areia. As fundações da torre do templo estão agora cobertas de água, por causa da escavação do fosso. As muralhas da antiga cidade ainda podem ser vistas em vários locais e são claramente visíveis sob a forma de montículos baixos e paralelos que, na sua forma e altura, pouco diferem das margens dos antigos canais.

Babilónia é também mencionada no Novo Testamento. Pedro envia saudações à igreja de “Babilónia” (1Pe 5:13), querendo ele referir-se a Roma e não à pouco importante cidade que era tudo o que restava da Babilónia literal, conforme concordam geralmente os comentaristas. No antigo costume rabínico, “Babilónia” era um epíteto comum para Roma. No Apocalipse, Babilónia é o símbolo da oposição a Cristo e aos Seus seguidores (Ap 14:8; Ap 16:19; Ap 17:18).


Fonte: Seventh-Day Adventist Bible Dictionary