Estilo de Escrita do Novo Testamento

NOVO TESTAMENTO, ESTILO DE ESCRITA, ESTUDOS BÍBLICOS, TEOLOGICOS, ESCRITORES
O estilo de escrita do Novo Testamento dependia do escritor. Contudo, nos primeiros anos havia geralmente dois estilos: uncial (letras maiúsculas grandes; também chamado o estilo literário), e cursivo (letras maiúsculas menores escritas em mão fluente; também chamado o estilo não-literário). Com o rolo, o uncial era a maneira preferida. Com letras maiúsculas grandes e quadradas, separadas umas das outras, freqüentemente com curvas delicadas, o manuscrito uncial formava uma bela página. A maior parte dos manuscritos de papiro tem letras unciais. Os grandes manuscritos do quarto século são códices com letras unciais.

Mas a cópia dos manuscritos unciais era uma tarefa muito morosa e tediosa. Como resultado, foram introduzidas letras maiúsculas menores, e, para facilitar a escrita e conservar o espaço, as letras começaram a ser escritas com mão solta, cada letra estando ligada à sua letra vizinha. O desaparecimento dos unciais menores e o aparecimento de letra de caixa mais baixa é pela primeira vez observado nos manuscritos do século sete. Estas letras de caixa baixa "soltas" juntas são chamadas "cursivas" ou minúsculas. Pelo nono século, a escrita cursiva havia substituído completamente o manuscrito uncial.

As pessoas que faziam a cópia propriamente dita eram chamadas escribas. Havia uma classe profissional de homens que se davam a esse tipo de trabalho. Em algumas das cidades maiores, havia scriptoriums, muito parecidos com os escritórios de hoje. Mas deve ser lembrado que a imprensa não foi inventada até cerca de 1450, e todos os livros tinham que ser escritos a mão (daí a palavra "manuscrito", do latim manuscriptum: escrito a mão) e todas as cópias eram feitas do mesmo modo. Por estas razões, muitos erros de transcrição poderiam entrar na última cópia de um livro.

Nos scriptoriums um leitor vagarosamente ditaria o material a ser copiado, e os escribas escreveriam o que ouviam. Por esta razão, muitos erros de soletragem apareciam no texto. As vezes o leitor pronunciava erroneamente uma palavra, ou a luz estaria fraca e o texto difícil de se ver, ou o copista ou escriba não daria sua total atenção ao seu trabalho. Era um trabalho tedioso. Geralmente nos lugares de cópia profissional haveria uma pessoa que leria e corrigiria a cópia acabada. Estas correções podem ser encontradas em muitos dos manuscritos unciais do quarto e quinto séculos.

Contudo, no caso de uma igreja pobre, as cópias eram feitas apressadamente e sem o benefício de uma revisão por miúdo. Certamente entravam erros, e mais enganos podiam ser acrescentados, à medida que as cópias das cópias eram feitas. Há dois tipos distintos de erros que poderiam ser feitos. O primeiro é o da mão, olho e ouvido, a simples mecânica da transcrição. Seria fácil o copista errar ao formar uma letra, especialmente quando as orações e palavras eram escritas juntas, sem uma pausa ou espaço entre elas. Freqüentemente, algumas letras eram deixadas fora desintencionadamente. Eram usadas abreviações regularmente também. O leitor bem podia saltar uma palavra, ou letra, e ler erroneamente as abreviações. O ouvido poderia ouvir o som de uma palavra e o copista depois escrever uma palavra diferente que tinha o mesmo som. Ás vezes o texto que estava sendo copiado tinha palavras ou orações explicativas nas margens ou entre as linhas, e o leitor incorporaria estas ao ler o texto para o escriba.

O segundo tipo de erro é a mudança intencional. Deve ser lembrado que na própria igreja primitiva os vinte e sete livros não eram tratados como escritos sagrados. Ã medida que o conceito da autoridade apostólica aumentava, a veneração desses manuscritos geralmente os protegia de maiores erros. Mas, nos anos iniciais, um escriba, ou leitor, intencionalmente alteraria um texto, por várias razões. Poderia ser para mudanças lingüísticas ou retóricas; para "refinar" o texto gramaticalmente. Certas vezes um escriba iria desejar esclarecer alguma dificuldade histórica ou fazer um texto harmonizar-se com outro. Naturalmente, poderia haver alterações doutrinárias (conforme evidenciado pelas mutações no cânon de Marcião).

Foi estimado que no Novo Testamento uma entre cada oito palavras estava sujeita a algum erro. Isto significa que sete oitavos são relativamente as palavras exatas do autor. Das que perfaziam um oitavo, a vasta maioria de erros está na primeira categoria de erros de transcrição. Ou seja, esses erros são realmente questões triviais de ortodoxia. Dos erros realmente sérios, somente cerca de um sessenta avos de todo o Novo Testamento está ainda em alguma dúvida, e somente cerca de uma milésima parte pode ser chamada de uma variação substancial. Ê com esta milésima parte que se constitui o conflito real na crítica textual. Passagens tais como Marcos 16:9-20; João 7:53-8:11; I João 5:7,8 são desta natureza.