Estrutura da Carta aos Romanos
Os dezessete primeiros versículos de Romanos formam a introdução. Esta é a maneira normal pela qual Paulo inicia suas cartas. Há as saudações paulinas (1:1-7), seguidas por uma oração de graças, expressando seu interesse nos cristãos romanos (1:8-15). Os dois versículos seguintes (1:16,17) apresentam o tema da carta: a justiça de Deus, conforme revelada em suas ações para com o homem pecador. A pergunta a que Paulo responde por toda a carta é como Deus pode ser justo em salvar alguns, enquanto outros são rejeitados. Como pode Deus ser igualmente justo e ainda justificar o pecador através da aceitação do evangelho (3:26)?
Paulo desenvolve seu tema da justiça de Deus através de uma apresentação sistemática das ramificações tanto da necessidade da boa-nova quanto da realidade dela, boa-nova esta que está em Jesus Cristo (1:16,17). Paulo começa seu argumento insistindo na necessidade universal da justiça de Deus num mundo com uma humanidade pecadora (1:18-3:20). O restante do primeiro capítulo traça os tristes resultados do pecado e a retribuição ("ira de Deus") na degradação da humanidade. Sem excusa, a humanidade mudou o que ela tinha de revelação divina de Deus em mentira (1:25). Os homens estão sem esperança, enredados na teia do pecado, da qual eles não podem nem querem desembaraçar-se. Mesmo aqueles que têm uma revelação mais completa, os judeus, não foram capazes de pôr em prática o propósito de Deus, e, conseqüentemente, afastaram-se da justiça de Deus e estão num estado pior que os pagãos (2:1-3:20). O pecado é uma enfermidade universal e afeta a todos. "Todos pecaram (tanto judeus, como gentios) e destituídos estão da glória de Deus" (3:23). A "ira de Deus" é expressa tanto contra o judeu (2:1-20) quanto contra o gentio (1:18-32).
Neste hiato da condição do homem e a santidade de Deus, Deus interveio para ajudar o pecador com uma justiça que não é "alcançada", mas "enviada para baixo" (3:21). Deus é capaz de ser justo e ao mesmo tempo ser aquele que torna o pecador justo (3:26), por causa de uma nova posição concedida ao crente que tem fé na obra de Jesus Cristo (3:22-25). O pecador é declarado justo, não por causa de algo que tenha feito, mas porque ele se tornou uma nova pessoa em Jesus. Esta novidade de vida resulta do arrependimento e fé na morte e ressurreição de Jesus. Através da aceitação da obra de Jesus pelo pecador, Deus concede-lhe uma nova posição: a justificação (4:24,25).
A justiça de Deus é mantida ao ele salvar o pecador, porque a salvação implica que o pecador é uma nova pessoa, a velha pessoa estando morta (5:1-8:39). A salvação que uma pessoa recebe através de Jesus Cristo, pela graça e pelo amor de Deus, é vista como reconciliação do pecador com Deus (5:1-21); como santificação, no desenvolvimento contínuo, na semelhança de Cristo, no crente, através da conquista sobre o poder do pecado na vida (6:1-23); como libertação da escravidão ao pecado e libertação para a obediência a Deus através de Jesus (7:1-25); e filiação, ao ser adotado na família de Deus através de Jesus e do poder do Espírito Santo, reproduzindo, na vida cristã, a vida do Filho (8:1-39).
A justiça de Deus pode ser vista na maneira pela qual Deus está dirigindo a história com um propósito em direção a um alvo. Um problema de grande importância é como Deus pode ser justo em seu procedimento com o Israel histórico. Parece que Deus rejeitou Israel, em favor dos gentios. Paulo trata deste problema da justiça de Deus ao falar acerca do propósito de Deus na história (9:1-11:36). Paulo escreve acerca da eleição de Israel por Deus e a incredulidade por parte do Israel nacional (9:1-5). Depois ele apresenta a doutrina da eleição conforme vista à luz da promessa de Deus (9:6-13), da justiça de Deus (9:14-18), a liberdade de Deus em eleger quem quer que ele escolha (9:19-26) e o conceito veterotestamentário do remanescente (9:27-29). O capítulo 10 relata os princípios de privilégio e responsabilidade. Israel, que recebera as revelações de Deus, escolheu considerar estas revelações e privilégios e recusou aceitar as responsabilidades vinculadas ao processo da revelação. Deus pretendera que Israel se tornasse uma nação de sacerdotes (missionários), para propagar o conhecimento de seu amor e misericórdia por todo o mundo. Neste propósito, o Israel nacional falhou. O capítulo 11 sustenta a justiça de Deus em seu procedimento para com um povo desobediente e mostra os resulta¬dos da recusa de Israel em ser servo de Deus. Há um remanescente, contudo, que, pela fé, aceita a graça divina (11:1-6). A maioria, contudo, rejeita qualquer coisa que fale da graça e não de recompensa por guardar as tradições construídas em torno da Lei (11:7-10). É através do propósito e misericórdia de Deus que o remanescente fiel (verdadeiro Israel) está levando avante a obra de Deus, na proclamação do evangelho aos gentios, que estão sendo salvos (11:11-24). Por esta obra de Deus, de salvar os gentios, os judeus, por sua vez, aceitarão o único meio de salvação: o caminho de Deus da justiça (11:25-32). Toda esta obra de Deus para com a humanidade sofredora demonstra que ele tem um propósito na história, e sua sabedoria está em operação, para revelar a toda a humanidade seu dom de justiça, que é a salvação (11:33-36).
Tendo completado um estudo na teologia da justiça de Deus, Paulo agora prossegue, mostrando as implicações da justiça de Deus no viver diário. Há um lado ético da teologia (12:1-15:13). A justificação implica em viver-se uma vida cristã. O dom de Deus da graça e amor envolve um viver sacrificial em relação com outras pessoas (12:1,2). A vida cristã é uma convocação a viver-se em Cristo (12:3-8) e andar em amor (12:9-21). A justiça de Deus é mantida no crente que vive uma vida submissa, em obediência a Deus (13:1-14) e uma vida dedicada a Deus, através do auxílio a todos com quem o crente entra em contato, para que conheçam a graça e o amor de Deus (14:1-15:13)
O restante da carta é dedicado aos planos feitos por Paulo, de ir à Espanha, via Jerusalém e Roma (15:14-33). Ele escreve uma carta de apresentação para Febe, que deve levar a carta (16:1), e envia saudações a vários membros da comunidade cristã de Roma que ele conhece (16:2-23). Uma bênção (16:24) e uma doxologia (16:25-27) concluem a carta.
A exortação dada por William Tyndale, em seu prólogo à Epístola aos Romanos, conclui com as seguintes palavras apropriadas:
Agora vai também, leitor, e, de acordo com a ordem do escrito de Paulo, faze o mesmo. Primeiro, contempla-te diligentemente na lei de Deus, e vê lá tua justa condenação. Em segundo lugar, volta teus olhos para Cristo, e vê lá a enorme misericórdia de teu mui bondoso e amoroso Pai. Em terceiro lugar, lembra-te que Cristo não fez esta expiação para tu ires a Deus novamente; tampouco morreu ele por teus pecados para que novamente vivas neles; nem purificou-te para que tu voltes (como um porco) ao teu velho chiqueiro outra vez; mas para que tu sejas uma nova criatura e vivas uma nova vida, segundo a vontade de Deus, e não segundo a carne. E sê diligente, para que, pela tua própria negligência e ingratidão, não percas o favor e a misericórdia outra vez. (Citado em F. F. Bruce, The Epistle to the Romans — A Epístola aos Romanos, p. 284)
Paulo desenvolve seu tema da justiça de Deus através de uma apresentação sistemática das ramificações tanto da necessidade da boa-nova quanto da realidade dela, boa-nova esta que está em Jesus Cristo (1:16,17). Paulo começa seu argumento insistindo na necessidade universal da justiça de Deus num mundo com uma humanidade pecadora (1:18-3:20). O restante do primeiro capítulo traça os tristes resultados do pecado e a retribuição ("ira de Deus") na degradação da humanidade. Sem excusa, a humanidade mudou o que ela tinha de revelação divina de Deus em mentira (1:25). Os homens estão sem esperança, enredados na teia do pecado, da qual eles não podem nem querem desembaraçar-se. Mesmo aqueles que têm uma revelação mais completa, os judeus, não foram capazes de pôr em prática o propósito de Deus, e, conseqüentemente, afastaram-se da justiça de Deus e estão num estado pior que os pagãos (2:1-3:20). O pecado é uma enfermidade universal e afeta a todos. "Todos pecaram (tanto judeus, como gentios) e destituídos estão da glória de Deus" (3:23). A "ira de Deus" é expressa tanto contra o judeu (2:1-20) quanto contra o gentio (1:18-32).
Neste hiato da condição do homem e a santidade de Deus, Deus interveio para ajudar o pecador com uma justiça que não é "alcançada", mas "enviada para baixo" (3:21). Deus é capaz de ser justo e ao mesmo tempo ser aquele que torna o pecador justo (3:26), por causa de uma nova posição concedida ao crente que tem fé na obra de Jesus Cristo (3:22-25). O pecador é declarado justo, não por causa de algo que tenha feito, mas porque ele se tornou uma nova pessoa em Jesus. Esta novidade de vida resulta do arrependimento e fé na morte e ressurreição de Jesus. Através da aceitação da obra de Jesus pelo pecador, Deus concede-lhe uma nova posição: a justificação (4:24,25).
A justiça de Deus é mantida ao ele salvar o pecador, porque a salvação implica que o pecador é uma nova pessoa, a velha pessoa estando morta (5:1-8:39). A salvação que uma pessoa recebe através de Jesus Cristo, pela graça e pelo amor de Deus, é vista como reconciliação do pecador com Deus (5:1-21); como santificação, no desenvolvimento contínuo, na semelhança de Cristo, no crente, através da conquista sobre o poder do pecado na vida (6:1-23); como libertação da escravidão ao pecado e libertação para a obediência a Deus através de Jesus (7:1-25); e filiação, ao ser adotado na família de Deus através de Jesus e do poder do Espírito Santo, reproduzindo, na vida cristã, a vida do Filho (8:1-39).
A justiça de Deus pode ser vista na maneira pela qual Deus está dirigindo a história com um propósito em direção a um alvo. Um problema de grande importância é como Deus pode ser justo em seu procedimento com o Israel histórico. Parece que Deus rejeitou Israel, em favor dos gentios. Paulo trata deste problema da justiça de Deus ao falar acerca do propósito de Deus na história (9:1-11:36). Paulo escreve acerca da eleição de Israel por Deus e a incredulidade por parte do Israel nacional (9:1-5). Depois ele apresenta a doutrina da eleição conforme vista à luz da promessa de Deus (9:6-13), da justiça de Deus (9:14-18), a liberdade de Deus em eleger quem quer que ele escolha (9:19-26) e o conceito veterotestamentário do remanescente (9:27-29). O capítulo 10 relata os princípios de privilégio e responsabilidade. Israel, que recebera as revelações de Deus, escolheu considerar estas revelações e privilégios e recusou aceitar as responsabilidades vinculadas ao processo da revelação. Deus pretendera que Israel se tornasse uma nação de sacerdotes (missionários), para propagar o conhecimento de seu amor e misericórdia por todo o mundo. Neste propósito, o Israel nacional falhou. O capítulo 11 sustenta a justiça de Deus em seu procedimento para com um povo desobediente e mostra os resulta¬dos da recusa de Israel em ser servo de Deus. Há um remanescente, contudo, que, pela fé, aceita a graça divina (11:1-6). A maioria, contudo, rejeita qualquer coisa que fale da graça e não de recompensa por guardar as tradições construídas em torno da Lei (11:7-10). É através do propósito e misericórdia de Deus que o remanescente fiel (verdadeiro Israel) está levando avante a obra de Deus, na proclamação do evangelho aos gentios, que estão sendo salvos (11:11-24). Por esta obra de Deus, de salvar os gentios, os judeus, por sua vez, aceitarão o único meio de salvação: o caminho de Deus da justiça (11:25-32). Toda esta obra de Deus para com a humanidade sofredora demonstra que ele tem um propósito na história, e sua sabedoria está em operação, para revelar a toda a humanidade seu dom de justiça, que é a salvação (11:33-36).
Tendo completado um estudo na teologia da justiça de Deus, Paulo agora prossegue, mostrando as implicações da justiça de Deus no viver diário. Há um lado ético da teologia (12:1-15:13). A justificação implica em viver-se uma vida cristã. O dom de Deus da graça e amor envolve um viver sacrificial em relação com outras pessoas (12:1,2). A vida cristã é uma convocação a viver-se em Cristo (12:3-8) e andar em amor (12:9-21). A justiça de Deus é mantida no crente que vive uma vida submissa, em obediência a Deus (13:1-14) e uma vida dedicada a Deus, através do auxílio a todos com quem o crente entra em contato, para que conheçam a graça e o amor de Deus (14:1-15:13)
O restante da carta é dedicado aos planos feitos por Paulo, de ir à Espanha, via Jerusalém e Roma (15:14-33). Ele escreve uma carta de apresentação para Febe, que deve levar a carta (16:1), e envia saudações a vários membros da comunidade cristã de Roma que ele conhece (16:2-23). Uma bênção (16:24) e uma doxologia (16:25-27) concluem a carta.
A exortação dada por William Tyndale, em seu prólogo à Epístola aos Romanos, conclui com as seguintes palavras apropriadas:
Agora vai também, leitor, e, de acordo com a ordem do escrito de Paulo, faze o mesmo. Primeiro, contempla-te diligentemente na lei de Deus, e vê lá tua justa condenação. Em segundo lugar, volta teus olhos para Cristo, e vê lá a enorme misericórdia de teu mui bondoso e amoroso Pai. Em terceiro lugar, lembra-te que Cristo não fez esta expiação para tu ires a Deus novamente; tampouco morreu ele por teus pecados para que novamente vivas neles; nem purificou-te para que tu voltes (como um porco) ao teu velho chiqueiro outra vez; mas para que tu sejas uma nova criatura e vivas uma nova vida, segundo a vontade de Deus, e não segundo a carne. E sê diligente, para que, pela tua própria negligência e ingratidão, não percas o favor e a misericórdia outra vez. (Citado em F. F. Bruce, The Epistle to the Romans — A Epístola aos Romanos, p. 284)