Sacerdote — Estudo Bíblico

Sacerdotes em Israel — Estudo BíblicoSACERDOTE



Entre os verdadeiros adoradores de Javé, antes da formação da congregação cristã, os sacerdotes representavam oficialmente a Deus perante o povo que serviam, instruindo este a respeito de Deus e suas leis. Em contrapartida, representavam o povo perante Deus, oferecendo sacrifícios, bem como intercedendo e rogando pelo povo. Hebreus 5:1 explica: “Todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é designado a favor dos homens sobre as coisas referentes a Deus, a fim de oferecer dádivas e sacrifícios pelos pecados.” O termo hebraico traduzido por “sacerdote” é kohén; o grego, hieereús.

Nos Tempos Primitivos. Nos tempos patriarcais, o cabeça da família servia como sacerdote para ela, passando este dever para o filho primogênito no caso da morte do pai. Assim, nos tempos bem primitivos, verificamos que Noé representava sua família na qualidade de sacerdote. (Gên 8:20, 21) O cabeça de família Abraão tinha uma casa numerosa com que viajava de lugar em lugar, construindo altares e oferecendo sacrifícios a Javé nos diversos acampamentos. (Gên 14:14; 12:7, 8; 13:4) Deus disse a respeito de Abraão: “Fui familiarizar-me com ele, para que ordenasse aos seus filhos e aos da sua casa depois dele que guardassem o caminho de Javé para fazer a justiça e o juízo.” (Gên 18:19) Isaque e Jacó seguiram o mesmo padrão (Gên 26:25; 31:54; 35:1-7, 14), e Jó, que não era israelita, mas provavelmente era parente distante de Abraão, oferecia regularmente sacrifícios a Javé a favor dos seus filhos, dizendo: “Meus filhos talvez tenham pecado e amaldiçoado a Deus no seu coração.” (Jó 1:4, 5; veja também 42:8.) Todavia, a Bíblia não chama estes homens especificamente de kohén ou de hiereús. Por outro lado, Jetro, cabeça de família e sogro de Moisés, é chamado de “sacerdote [kohén] de Midiã”. — Êx 2:16; 3:1; 18:1.

Melquisedeque, rei de Salém, era sacerdote (kohén) extraordinário. A Bíblia não fornece nenhum registro dos seus antepassados, do seu nascimento ou da sua morte. Seu sacerdócio não era por herança, e ele não teve predecessores nem sucessores neste cargo. Melquisedeque ocupava tanto o cargo de rei como de sacerdote. Seu sacerdócio era maior do que o sacerdócio levítico, porque Levi, na realidade, pagou dízimos a Melquisedeque, visto que ainda estava nos lombos de Abraão quando este ofereceu dízimos a Melquisedeque e foi abençoado por ele. (Gên 14:18-20; He 7:4-10) Neste respeito, Melquisedeque prefigurava Jesus Cristo, o “sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque”. — He 7:17.

Evidentemente, os cabeças de família agiam como sacerdotes entre os descendentes de Jacó (Israel) até que Deus estabeleceu o sacerdócio levítico. Por isso, quando Deus conduziu o povo ao monte Sinai, ele ordenou: “Santifiquem-se também os sacerdotes que regularmente se aproximam de Javé, para que Javé não irrompa sobre eles.” (Êx 19:22) Isto foi antes de se estabelecer o sacerdócio levítico. Mas permitiu-se que Arão, embora ainda não designado sacerdote, subisse ao monte parte do caminho com Moisés. Esta situação harmoniza-se com a posterior designação de Arão e da sua descendência como sacerdotes. (Êx 19:24) Visto em retrospectiva, esta era uma indicação inicial de que Deus pensava em substituir o arranjo antigo (de o cabeça da família ser sacerdote) por um sacerdócio da casa de Arão.

Sob o Pacto da Lei. Quando os israelitas estavam em escravidão no Egito, Javé santificou para si todos os primogênitos do sexo masculino de Israel na ocasião em que destruiu os primogênitos do Egito na décima praga. (Êx 12:29; Núm 3:13) Concordemente, estes primogênitos pertenciam a Javé, para serem usados exclusivamente num serviço especial dele. Deus poderia ter designado todos os varões primogênitos de Israel como sacerdotes e guardiães do santuário. Em vez disso, era do seu propósito tomar todos os varões da tribo de Levi para este serviço. Por isso, ele permitiu que os varões levitas substituíssem os primogênitos das outras 12 tribos (contando-se os descendentes dos filhos de José, a saber, Efraim e Manassés, como duas tribos). Um censo feito ali mostrou que havia 273 primogênitos não-levitas, de um mês de idade para cima, a mais do que varões levitas, de modo que Deus exigiu um resgate de cinco siclos (US$11) para cada um dos 273, sendo o dinheiro entregue a Arão e seus filhos. (Núm 3:11-16, 40-51) Antes desta transação, Javé já separara os varões da família de Arão, da tribo de Levi, para constituir o sacerdócio de Israel. — Núm 1:1; 3:6-10.

Por um longo tempo, Israel teve a oportunidade exclusiva de fornecer os membros de “um reino de sacerdotes e uma nação santa”. (Êx 19:6) Mas, esta oportunidade deixou de ser exclusivamente deles porque a nação rejeitou o Filho de Deus. — Veja Mt 21:43; 1Pe 2:7-10.

Inicialmente, o Rei de Israel era Javé. Mais tarde, Javé mandou que a linhagem de Davi fosse investida do reinado. Javé ainda era o Rei invisível, mas usava os da linhagem de Davi como Seus representantes referente ao governo secular. Dizia-se que estes reis terrestres, como tais, sentavam-se no “trono de Javé”. (1Cr 29:23) Mas o sacerdócio ainda era mantido separado, na linhagem de Arão. Portanto, somente àquela nação pertencia tanto o reino como o sacerdócio de Deus, com o “serviço sagrado” desse. — Ro 9:3, 4.