Comentário de Ageu 1:1-11

Ainda era o 1.° de elul, ou o primeiro dia do sexto mês lunar, no segundo ano do reinado de Dario I, rei do Império Persa. Isto era por volta dos meados do mês de agosto do ano 520 A. E .C., segundo o nosso calendário atual. (Ageu 1:1) Por meio do seu profeta Ageu, Javé trazia à atenção o proceder de seu povo remido, que Ele havia restabelecido na sua pátria, depois de esta ter jazido desolada por setenta anos. (2 Crônicas 36:17-21) Javé os exortou a considerar de coração a maneira incomum em que lhes aconteciam as coisas. Assim poderiam compreender a relação entre ser todo o seu trabalho árduo na terra tão pouco proveitoso e deixarem a casa da adoração de Javé jazer devastada, embora cuidassem muito bem de si mesmos quanto às suas moradias. — Ageu 1:2-6.

Tratava-se basicamente dum motivo religioso pelo qual os judeus passavam tão mal por dezessete anos: depois de voltarem à sua pátria? Se era assim, então Javé era Aquele que podia salientar-lhes infalivelmente o motivo disso e também prescrever a solução. Ele não se agradava de estarem tão preocupados com seu bem-estar material e negligenciarem Sua casa de adoração. Portanto, depois de suportar por tanto tempo esta atitude desequilibrada deles, disse-lhes por meio do profeta Ageu: “Assim disse Javé dos exércitos: ‘Fixai vosso coração nos vossos caminhos.’ ‘Subi ao monte, e tereis de trazer madeira. E construí a casa, para que eu tenha prazer nela e eu seja glorificado’, disse Javé.” Salientando, então, o que era realmente responsável pelos resultados desapontadores que tinham de tanto trabalho árduo, ele fez que Ageu profetizasse mais:

“‘Contava-se com muito, mas eis que havia apenas um pouco; e vós o trouxestes para dentro da casa e eu soprei sobre ele — por que razão?’ é a pronunciação de Javé dos exércitos. ‘Em razão de minha casa que está devastada, enquanto vós estais correndo, cada um em prol de sua própria casa. Por isso, os céus acima de vós retiveram seu orvalho e a própria terra reprimiu a sua produção. E eu clamava pela secura sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o cereal, e sobre o vinho novo, e sobre o azeite, e sobre o que o solo produz, e sobre o homem terreno, e sobre o animal doméstico, e sobre todo o fruto da labuta das mãos.’” — Ageu 1:7-11.

Na época em que se declararam estas palavras, a proscrição inconstitucional imposta pelo falecido Rei Artaxerxes da Pérsia à construção do templo de Javé em Jerusalém ainda vigorava. No entanto, Javé dos exércitos, falando por meio de Ageu, disse aos judeus em dificuldades, que fossem buscar materiais e construíssem “a casa, para que eu tenha prazer nela e eu seja glorificado”. (Ageu 1:8) A questão em jogo tornou-se então: A que se obedeceria — à vontade de Javé ou à proscrição imperial, que era a vontade dum já falecido homem mal informado? A ordem de quem se devia cumprir — a do Deus Altíssimo vivente, o Grande Teocrata, ou a dum falecido imperador persa? Se fizessem assim como os posteriores apóstolos cristãos fizeram, “obedecer a Deus como governante antes que aos homens”, suscitariam as objeções e a oposição daqueles que estavam a favor da proscrição, mas obteriam a aprovação de Deus. (Atos 5:29) Eles já estavam agradando àqueles opositores pagãos, mas desagradando a Deus. Portanto, estavam então dispostos a provocar o desagrado de seus adversários pagãos e assim obter o beneplácito do Senhor dos exércitos?

Aqueles adversários pagãos não podiam controlar o tempo na terra de Judá. Nem mesmo todo o Império Persa podia fazer isso. Não podiam fazer com que os céus produzissem o orvalho necessário na estação seca do ano. Não podiam fazer a terra dar seu produto, para que os lavradores judaicos do solo não só semeassem muito e contassem com muito, mas também colhessem muito. Nem tampouco podiam aqueles persas imperiais e os adversários vizinhos dos judeus remover na estação costumeiramente chuvosa a sequidão que sobreveio à terra, ao cereal, ao vinho novo, ao azeite e a todos os outros produtos do solo, nem a sequidão que sobreveio ao homem, ao animal doméstico e ao que os homens produziam com suas mãos. Mas Javé dos exércitos podia fazer isso, porque estas adversidades procediam dEle, em expressão de seu desagrado.