Comentário de John Gill: 2 Pedro 3:15

 E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor,... Não Sua longanimidade para com o iníquo, e Sua tolerância para com ele, porque estes não são os meios, nem a forma, para a salvação deles, mas sim de sua punição e maior condenação, veja Rom 2:4; mas para com o eleito, como em 2Pe 3:9; a quem Ele tem muita paciência antes de sua conversão, enquanto em seus pecados, e em um estado sem regeneração, e esperando ser glorioso para com eles, como Ele é em Seu chamado, e para fazer conhecer e aplicar Sua grande salvação para com eles; e com pessoas particulares, assim com o inteiro corpo dEle, até que eles sejam ajuntados, e mesmo o mundo pela causa deles; e particularmente a paciência do Senhor aqui se quer dizer a deferência de Sua vinda, ou a sua aparente demora em realizar o cumprimento de sua promessa: a razão sendo

Salvação: A salvação de todos os escolhidos, e em seus assuntos; ele espera, ele permaneca, para que nenhum deles pereça, mas para que eles possam ser todos trazidos a fé e arrependimento, e assim sejam salvos: portanto, o apóstolo sendo considerado nessa luz, não imagina e nem conclui com os caluniadores infiéis, de que Ele é vagaroso, e de que Ele não virá, mas que sua vista em Sua salvação de todo o Seu povo, que por estes meios é causados: na confirmação do que, e outras coisas que Ele tinha entregue, ele produz o testemunho do apóstolo Paulo;

Até mesmo nosso amado irmão Paulo;... Ele o chama um “irmão”, tanto por ser um crente em Cristo, um que pertenceu à mesma família com ele, e era da casa da fé, nascido do mesmo Pai, e relacionado ao mesmo Redentor, o primogênito entre muitos irmãos, e igualmente por causa de ser um apóstolo da mesma categoria dele; pois embora ele não fosse dos doze apóstolos, mas a chamada dele e missão foram posteriores, contudo, Pedro não faz desdém dele e os seus escritos, mas o coloca em pé de igualdade com eles, nem era ele um inferior a eles: ele o nomeia um irmão “amado”; expressando o afeto dele para com ele, cuja relação entre eles pedia, e o qual ele levou a ele, todavia, a oposição pública para com ele, e reprovação severa feita a ele, Gal 2:11, e talvez o amasse ainda mais por causa disso; veja Sal 141:5; e ele faz menção dele, e que debaixo desse caráter, em parte mostra o acordo deles e a harmonia em doutrina; e ao recomendar aos judeus, a quem escreve ele em parte, se faz um relatório da doutrina dele e ministério, considerando-o doente, tendo uma opinião má dele; como também nos fixa um exemplo de falar bem de um ao outro, ambos como os ministros e crentes em particular:

De acordo com a sabedoria que lhe foi dada, ele escreveu a vós;... Não significando todas as suas epístolas, como sendo escritas para o bem geral de todos os santos, como também para essas igrejas particulares ou homens para quem lhes enviaram; porque Pedro fala que foi escrita particularmente a eles, e é distinto em 2Pe 3:16 do resto das epístolas de Paulo; nem ele pretende dizer a epístola de Paulo aos romanos, porque a longanimidade de Deus falada aqui, como em Rom 2:4, é a longanimidade dEle para com os iníquos nos assuntos da destruição deles, e não a longanimidade dEle para com o eleito dEle que é salvação, como aqui; mas ele parece ter a epístola aos hebreus em vista manifestadamente, porque Pedro primariamente escreve as suas duas epístolas aos judeus; portanto, visto que nenhuma das epístolas de Paulo, a não ser essa, foi escrita particularmente a eles, deveria parecer que que é essa a projetada aqui no versículo, e serve para confirmar como sendo ele o autor dela; na qual ele escreve aos hebreus relativo à vinda de Cristo, e porque parecer haver um adiar por um tempo da Sua vinda, e da necessidade de que eles tivessem a paciência para esperar por isto, Heb 10:36; e nesta há também algumas coisas difícil de ser entendidas relativo a Melquizedeque, a velha e nova convenção, o remover do sacerdócio de Arônico, e a ab-rogação da lei cerimonial inteira, etc, estas coisas recebidas não eram compreendidas facilmente por aquela nação; e o todo é escrito com grande sabedoria, com respeito à pessoa e ofício de Cristo, a natureza do sacerdócio dEle, e a glória da dispensação do Evangelho; e de uma maneira mais admirável que está na economia da ministração Mosaica inteira que jaz aberta e explicada: ele realmente era um construtor de mestres sábios, e tudo que que ele escreveu estava “de acordo com a sabedoria”; não a sabedoria carnal, a sabedoria deste mundo, nem com palavras da sabedoria de homens, mas de acordo com a sabedoria divina, debaixo da influência do Espírito de sabedoria e revelação; porque ele não teve isto naturalmente dele, nem ele aprendeu isto aos pés de Gamaliel, mas era o que foi “dado a ele"; veio de acima, de Deus, que dá isto liberalmente; e como ele sempre possuiu isto por ser um presente da graça livre de Deus dada nele, e que toda sua luz e conhecimento estavam pela revelação de Cristo, assim Pedro designa isto para o mesmo, aquele Deus poderia ter toda a glória, e toda a jactância dos homem devia ser quebrada.

Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible de Dr. John Gill (1690-1771)