Primeiros Cristãos: Caluniados como Seita

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Por volta de 60 ou 61 EC, quando Paulo estava em Roma à espera do julgamento pelo Imperador Nero, judeus de destaque disseram a respeito dos primitivos cristãos: “Deveras, quanto a esta seita, é sabido por nós que em toda a parte se fala contra ela.” (Atos 28:22) O registro histórico confirma que se falava contra os cristãos — mas de modo injusto. E. W. Barnes, no seu livro The Rise of Christianity (A Ascensão do Cristianismo), relata: “Nos seus primeiros documentos abalizados, o movimento cristão é representado como essencialmente moral e acatador da lei. Seus membros desejavam ser bons cidadãos e súditos leais. Evitavam as falhas e os vícios do paganismo. Na vida particular, procuravam ser vizinhos pacíficos e amigos fidedignos. Eram ensinados a ser sóbrios, diligentes e a levar uma vida limpa. No meio da corrupção e da licenciosidade prevalecentes, quando leais aos seus princípios, eles eram honestos e verazes. Seus padrões sexuais eram elevados: o vínculo marital era respeitado e a vida familiar era pura. Em vista de tais virtudes, presumivelmente não eram cidadãos importunos. No entanto, por muito tempo foram desprezados, caluniados e odiados.”

Assim como o mundo antigo não entendia a Jesus, tampouco entendia os cristãos e por isso os odiava. Visto que estes se negavam a adorar o imperador e as divindades pagãs, eram acusados de ateísmo. Quando ocorria uma catástrofe, eram acusados de terem irado os deuses. Porque não assistiam a peças teatrais imorais ou a sangrentos espetáculos gladiatoriais, eram considerados anti-sociais, até mesmo ‘odiadores da raça humana’. Seus inimigos afirmavam que lares eram desfeitos pela “seita” cristã e que, portanto, esta era um perigo para a estabilidade social. Tertuliano falou de maridos pagãos que preferiam que sua esposa cometesse adultério a que se tornasse cristã.

Os cristãos eram criticados por serem contra o aborto, amplamente praticado naquele tempo. No entanto, seus inimigos acusavam-nos de matar crianças. Alegava-se que, nas suas reuniões, bebiam o sangue de crianças sacrificadas. Ao mesmo tempo, seus inimigos tentavam obrigá-los a comer chouriços de sangue, sabendo que isso era contrário à sua consciência. Esses opositores contradiziam assim sua própria acusação. — Tertuliano, Apologética, capítulo 9.


O historiador Kenneth Scott Latourette escreveu: “Ainda outra série de acusações expunha o cristianismo ao ridículo por causa da sua origem recente e o contrastava com a antiguidade dos seus rivais [o judaísmo e as religiões pagãs greco-romanas].” (A History of the Expansion of Christianity [História da Expansão do Cristianismo], Volume 1, página 131) No começo do segundo século EC, o historiador romano Suetônio chamou o cristianismo de “superstição nova e malévola”. Tertuliano atestou que o próprio nome cristão era odiado e que os cristãos eram uma seita abominada. Falando do modo como as autoridades do Império Romano encaravam os cristãos no segundo século, Robert M. Grant escreveu: “A idéia básica era que o cristianismo simplesmente era uma religião desnecessária, possivelmente prejudicial.” — Early Christianity and Society (O Primitivo Cristianismo e a Sociedade).