Comentário de Albert Barnes: Apocalipse 1:18

APOCALIPSE, COMENTÁRIO, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGICOSou aquele que vive, e estava morto... Eu que estava realmente morto, mas agora Eu vivo, e continuo a viver para sempre. Isto ao mesmo tempo identifica quem apareceu para João, o Senhor Jesus Cristo, visto que a ninguém mais poderia isto se aplicar. Ele tinha sido condenado à morte, mas tinha sido levantado do túmulo. Isso também é dado como uma razão para que João não devesse temer, e nada iria acalmar seus medos mais do que isso. Ele viu que estava na presença do Salvador, que há mais de meio século ele tanto amava ternamente enquanto na carne, e quem, apesar de há muito tempo ausente, havia servido fielmente, e por causa de quem ele estava agora nesta ilha solitária. Sua fé em Sua ressurreição não tinha sido um engano, ele viu o Redentor, bem diante de si, que havia sido colocado no túmulo.

Eis que estou vido para todo o sempre... Eu devo viver para sempre. A morte não mais me derrubará, e Eu nunca mais dormirei no túmulo. Assim como Ele viveria para sempre, Ele poderia cumprir todas as Suas promessas. O Salvador nunca morrerá de novo. Ele pode, portanto, nos sustentar em nossos problemas; Ele pode ficar conosco em nossa morte. Qualquer de nossos amigos morre, mas Ele não morrerá; quando morrermos, Ele ainda estrá no Seu trono.

Amém... Uma palavra aqui de forte afirmação - como se ele tivesse dito, é “verdadeiramente,” ou “certamente assim.” veja as notas em Apocalipse 1:7. Essa expressão é uma que o Salvador frequentemente usava quando desejava dá ênfase, ou expressar algo com força. Compare com João 3:3; 5:25.

E tenho as chaves do inferno e da morte... A palavra traduzida por “inferno” - αδης hades, “hades” - se refere apropriadamente ao submundo; a morada dos espíritos, a região dos mortos. Este era representado como maçante e sombrio, como fechados com muros, como a entrada por portas que estavam presas com parafusos e barras. Para obter uma descrição dos pontos de vista que prevaleciam entre os antigos sobre o assunto, consulte o Luc 16:23, e Jó 10:21-22. Ter as chaves do hades representava ter o poder sobre o mundo invisível. Era o termo mais adequado para que o Salvador deve representar a Si mesmo como tendo esta autoridade, como Ele próprio tinha sido ressuscitado dentre os mortos pela Sua própria força (compare com João 10:18), mostrando assim que o domínio sobre este mundo escuro foi confiado a Ele.

E da morte... A personificação. A morte reina nesse mundo. Mas, para seus reinos extendidos o Salvador tem a chave, e pode ter acesso a seu império, quando lhe aprouver, liberando todos a quem ele escolhe, e aprisionando ainda os que Ele desejar. Isso, provavelmente, em parte, sugere de onde Milton tirou a descrição sublime dos portões do inferno em "Paradise Lost." Como Cristo vive sempre, assim como Ele sempre mantém esse poder sobre as regiões dos mortos, e todo o mundo de espíritos, pode ser ainda comentado que não temos nada a temer, se colocarmos nossa confiança nEle. Não precisamos ter medo de entrar num mundo que Ele entrou, e da qual surgiu, conseguindo um triunfo glorioso, não precisamos temer o que o rei do medo que reina ali pode fazer para nós, pois o seu poder não se estende além do que é permitido pelo Salvador, e em seu próprio tempo o Salvador vai chamar-nos para a vida, para não mais morrer.



Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible de Dr. John Gill (1690-1771)