Comentário de J.W. Scott: Apocalipse 4:1-14
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Índice: Apocalipse 1 Apocalipse 2 Apocalipse 3 Apocalipse 4 Apocalipse 5 Apocalipse 6 Apocalipse 7 Apocalipse 8 Apocalipse 9 Apocalipse 10 Apocalipse 11 Apocalipse 12 Apocalipse 13 Apocalipse 14 Apocalipse 15 Apocalipse 16 Apocalipse 17 Apocalipse 18 Apocalipse 19 Apocalipse 20 Apocalipse 21 Apocalipse 22
Apocalipse 4
A cena da visão de João muda da terra para o céu, até o capítulo 10. Dali em diante o palco muda frequentemente. Nota-se que, enquanto a descrição do trono de Deus, cap. 4, não contém nenhuma referência a Cristo, no capítulo seguinte, Ele domina o quadro como o Cordeiro imolado de Deus. A respeito disto escreve Kiddle, “No cap. 4 a tese é a do Cristo Criador onipotente que reina em majestade num remoto céu, onde o homem é excluído. João descreve a Deus e o céu nos termos da velha dispensação. No cap. 5, muda-se o ponto focal do vidente, e com força dramática incomparável, ele pinta a sua visão do Redentor, em que residem todas as esperanças da salvação do homem, todas as esperanças dum futuro reino de justiça” (Com. Moff., pág. 67).
A primeira voz que ouvi (1) é a de Cristo. Da mesma maneira em que o Senhor revelou a real condição de suas igrejas e a sua posição em relação a elas, assim agora Ele abre o céu à vista de João, e a Sua posição em relação a ela. Aquela foi a revelação das “coisas que são”; esta desvela, o que deve acontecer depois destas coisas (1; cf. Ap 1.19).
4.2 O fato que João viu uma porta aberta no céu dá a entender que já estava em estado de êxtase; por conseguinte, a afirmação, imediatamente eu me achei no espírito (2), bem pode indicar um grau mais alto ainda de exaltação espiritual. O primeiro objeto que prendeu a atenção de João foi um trono (2). Este fato importante sugere que a primeira coisa a saber acerca do Céu é que Deus, que ali habita, exerce absoluta autoridade sobre o universo. O profeta não descreve a Deus; fala simplesmente de várias cores, tais como emanam somente de pedras preciosas, visíveis à luz duma nuvem policroma (3). Há dúvida quanto às pedras enumeradas por João, mas o tipo de pedra jaspe mais estimado era verde, e o sardônio vermelho. A palavra traduzida esmeralda se refere provavelmente ao quartzo vítreo incolor que, em forma de prisma, decompõe a luz em expectro. A grande finalidade do arco-íris é de ocultar a forma de Deus; contudo, é significativo que um arco-íris e não uma nuvem ordinária, desempenha este serviço, pois o arco-íris é sinal perpétuo da aliança de Deus pela qual Ele retém do homem na terra, sua ira (Gn 9.13); o memorial da aliança no céu é, por conseguinte, nada menos do que a glória de Deus, que o oculta da vista dos anjos. Os vinte e quatro anciãos (4), ainda que subordinados às quatro criaturas viventes (Seres viventes, ARA), são mencionados primeiro, talvez com o propósito de não interromper a descrição de suas atividades. Julgando pela descrição dos anciãos, dada nas visões subsequentes, é claro que são seres angélicos, contudo não é impossível pensar deles como sendo os representantes celestiais do povo de Deus no duplo aspecto de sacerdotes e reis, e, neste caso, o número de vinte e quatro, que relembra as doze tribos e os doze apóstolos, simboliza adequadamente o povo messiânico de duas dispensações, como a Igreja sempre se agrada em reconhecer.
4.5 Este conceito, contudo, deve ser distinto do que reconhece os anciãos como um símbolo do povo de Deus removido da terra e presente no céu. Para os sete espíritos de Deus (5), ver vers. 6. Não é dito que o mar de vidro (6) é um mar literal, mas que parece como tal “um como que mar de vidro”. É a adaptação do conceito das águas acima do firmamento (Gn 1.7; ver Enoque 3.3), mas aqui se introduz para realçar o quanto é remota a majestade de Deus. Quatro animais (“Quatro seres viventes”) ficam ao redor do trono (6).
4.7 A sua descrição deduz-se dos querubins da visão de Ezequiel (Ez 1), porém consideravelmente modificada (7). As diferenças principais são que cada um dos querubins em Ezequiel tem quatro rostos, aqui eles só têm um. Aqueles possuem rodas cujas cambas eram “cheias de olhos ao redor”, aqui os próprios seres viventes possuem os olhos. O culto contínuo a Deus rendido por eles pode muito bem representar a sujeição a Deus de toda a natureza. Os próprios judeus interpretavam desta maneira a visão de Ezequiel, considerando o homem como principal representante das criaturas, a águia, das aves, o leão, das bestas feras, e o boi, do gado, ou da criação. A simbolização antiga dos quatro ventos e das quatro principais constelações do zodíaco por estas quatro figuras, se conhecida por João, não serviria senão para fortalecer este conceito. O cântico dos querubins sugere que a certeza do futuro triunfo de Deus tem suas raízes na própria natureza de Deus; o Senhor, que é santo e onipotente, há de vir (8). A ação de graças dos seres viventes (9) inspirando a renúncia pelos vinte e quatro anciãos de suas coroas (10-11), não é o culto contínuo de vers. 8, porém adoração prestada em crises especiais. Ver, por ex., vers. 8 e 14; Ap 11.15-18; 19.4. Os anciãos reconhecem que um só é digno de ter a preeminência na criação, e Ele é o criador (11). Ele quis a existência de todas as coisas. Ele tem o direito de lidar com elas em soberana liberdade. Toda a criação deverá reconhecer a sua sujeição a Ele e atribuir ao Seu nome a glória e a honra e o poder.