Estudo das Palavras de Wuest: Romanos 1:16-17

ESTUDO BIBLICO, TEOLOGICO, PALAVRAS GREGAS, CARTA AOS ROMANOSEm introdução ao tema dos Romanos, Paulo usa gar, “pois”. Vincent diz, “fazendo a transição da introdução do tratado, “estou pronto para pregar em Roma, pois, embora eu possa parece dissuadido pelo desprezo no qual o evangelho é visto, e pela perspectiva da minha própria humilhação como um pregador, eu não me envergonho disso.” Alford comenta, “Sim, a vós também em Roma, pois embora vossa cidade seja a dona do mundo, embora seus imperadores sejam adorados como deidades, embora sejais  felizes com suas luxúrias e vitórias, ainda assim eu não tenho vergonha da aparente origem humilde do evangelho que eu prego.”

E daí, ele dá a razão do porque ele não tem vergonha do evangelho. Vindo para uma cidade onde o poder é a palavra chave, o poder do império romano, sua força militar, o apóstolo diz que as boas novas que ele prega “é o poder de Deus para a salvação”. Das seis palavras para “poder” na língua grega, Paulo escolhe dunamis para descrever a operação efetiva das boas novas de salvação. Dunamis é poder, habilidade natural, poder inerente residindo em uma coisa por virtude de sua natureza, ou, poder que uma pessoa ou coisa transmite. O Evangelho é o inerente e onipotente poder de Deus operando na salvação de uma alma perdida que o aceita. “Para” é eis, uma preposição geralmente significando resultado. O evangelho é o poder de Deus resultando na salvação daquele que acredita. O artigo definido está ausente antes de “poder”, “o evangelho é um poder de Deus”. Denney diz, “Não faz injustiça verter por “poder divino”.” A concepção do evangelho como uma força permeia a epístola aos Coríntios; sua prova, por assim dizer, é dinâmica, não lógica. É demonstrado, não por argumentos, mas pelo que ele faz; e olhando para o que ele pode fazer, Paulo está orgulhoso em pregá-lo em qualquer lugar.” Vincent diz que o evangelho não é “meramente um meio poderoso nas mãos de Deus, mas em si mesmo a energia divina”. É as boas novas de salvação energizadas pelo Espírito Santo. Nossa palavra “dinamite” é a transliteração dessa palavra grega, mas não é sua tradução. Dunamias não se refere a um poder explosivo. Os gregos nada sabiam sobre pólvora.

O evangelho não é a dinamite de Deus. É uma mensagem doce e amorosa de misericórdia de graça que o Espírito Santo na graça soberana opera no coração do pecador eleito para a salvação antes da fundação do universo.

As palavras “de Cristo” não estão nos melhores textos. Paulo diz, “Pois eu não me envergonho das boas novas, pois o poder de Deus resulta na salvação de toda aquele que crê, não apenas aos Judeus, mas também aos Gentios.” Paulo escreveu essa carta antes dele ter, depois da repetida rejeição de Israel da boas novas, pronunciado as fatídicas palavras, “Seja conhecido, portanto, a vós, que a salvação de Deus é enviada aos Gentios, e que eles a ouvirão” (Acts 28:28). Até então, o apóstolo tinha dado aos Judeus a prioridade em ouvir a Palavra de Deus, mas com essa decisão, os Judeus foram colocados em pé de igualdade com os Gentios.

Portanto, o apóstolo informa os leitores o que é que faz do evangelho um poder de Deus, ou o que é que o faz efetivo na salvação de um pecador crente. Ele diz, “Uma justiça de Deus (ou a justiça de Deus) nela é revelada.” A palavra “justiça” é uma palavra chave em Romanos, e exige um tratamento cuidadoso e detalhado. O substantivo é dikaiosune, e o adjetivo, dikaios. Cremer, no seu Biblico-Theological Lexicon of New Testament Greek no qual ele se especializa na importante doutrina e palavras teológicas do sistema cristãos, é mais útil.

Ele define dikaios, “o que é certo, compatível com o que é certo, pertinente ao que é correto”. Ele traduz, “A ideia fundamental é aquela de um estado ou condição compatível a ordem, a parte da consideração quer no uso e costume ou outros fatos determinem a odem e direção”. Em outras palavras, aquilo que é justo no sentido bíblico não é determinado pelo homem nem por qualquer consideração externa, mas por Deus, e isso por decreto divino. Cremer continua: “Quanto a importação da concepção em um sentido moral, há uma diferença decisiva, para não confundir, entre o profano, e especialmente o uso grego bíblico, e essa diferença surge da diferença, ou melhor, padrões opostos pelo qual é estimado em duas esferas. Justiça no sentido bíblico é uma condição de direiteza de padrão do qual é Deus, que é estimado de acordo com o padrão divino, que se mostra em comportamento compatível com Deus, e tem a ver acima de tudo com sua relação com Deus, que com o andar diante dEle. E é chamado, uma justiça de Deus (Rom. 3:21, 1:17) - Justiça que pertence a Deus e é de valor diante dEle, justiça como a de Deus; com essa justiça, assim definida, o evangelho (Rom. 1:17) entrando no mundo das nações, que tinha sido acostumado a medida por uma padrão diferente.

Justiça, no sentido das Escrituras, é uma concepção profundamente religiosa, que designa a relação normal dos homens e seus atos, etc, para com Deus. Justiça na mente profana é uma virtude preponderatemente social, só que com um certo fundo religioso.

Cremer, discutindo sobre o substantivo dikaiosune  diz, “Assim parece quão novo, e ainda não preparado, era a introdução da justiça paulina de Deus no solo profano. Essa justiça deve ser uma justiça de Deus; que Deus é o objetivo e o padrão de integridade, essa é uma daquelas presuposições inexpressáveis, e pensamentos subjacentes das Sagradas Escrituras que Paulo nesse e em outros exemplos, com peculiar exatidão e clareza que o distingue apreendendo o contraste ético-religioso, que tem devotado a palavra. Ao mesmo tempo, é um pressentimento de clareza, ainda frequentemente sentido e afirmando-se, no grego, e, de fato, na mente humana, que é inalienável, enquanto não existe no homem o pressentimento ou a consciência e inteligência mais ou menos clara do julgamento mais alto e final (cf. Atos 17:31).”

Referindo-se a dikaios novamente, Cremer diz, “Usado do Próprio Deus, dikaios designa antes de tudo, Sua paciência com toda a humanidade, e também Suas ações, não uma resposta as afirmações a serem feitas sobre Ele dos homens, cujo caso não poderia ser dito, “leal e justo é Ele ao perdoar nossos pecados e ao nos limpar de toda a injustiça” (1 João 2:9), mas como respondendo a norma de uma vez por todas estabelecida nEle e com Ele, para que a santidade, na qual se manifesta a natureza de Deus, é a presuposição da justiça.”

Lidando com dikaios em sua relação com os homens, Cremer diz, “Ela denota sua relação normal com a vontade e julgamento de Deus... dikaios em todo o N. T., designa pessoas ou coisas que correspondem com a norma divina, quer como a conexão se mostrará, a referência sendo a conduta diante ou para com Deus, ou sua relação com os mandatos e julgamentos de Deus.”

No nosso presente versículo, Vincent diz que “a justiça revelada no evangelho é descrita como uma justiça de Deus. Isso não significa justiça como um atributo de Deus, como em Cro. 3:5; mas justiça como derramada no homem por Deus. O estado do homem justificado é devido a Deus. A justiça que se torna sua é aquela que Deus declara como sendo justiça e atribui a ele. Justiça, assim, expressa a relação de ser correto que Deus coloca no homem que crê.”

Assim, a justiça que o evangelho oferece ao pecado é a própria justiça de Deus no qual Ele estabelecerá em uma correta relação com Ele para sempre. Sua culpa é tirada porque foi levada por Outro na cruz, Jesus Cristo, que é dado pela graça. A cortina de linho branca do Tabernáculo simbolizava três coisas, a justiça que Deus é, que Ele exige de qualquer pessoa que estaria em uma relação correta com Ele, e que ele derrama em resposta a fé. A cortina de linho mantém o pecador fora da presença de Deus, mas a porta ou portão concede entrada para o Santo dos Santos através do sangue sacrificial. Agora a mesma cortina que mantem o pecador fora da presença de Deus, o mantém dentro. A justiça de Deus que condenará um pecador por toda a eternidade que a rejeita, salva e guarda por toda a eternidade o pecador que a aceita. Por muito tempo, Matinho Lutero via apenas a justiça condenatória de Deus, e ele a odiava. Quando ele veio ver que essa justiça que condena quando rejeitada, salva quando é aceita, a luz do evangelho rompeu na alma escura. Essa justiça, Paulo diz, é revelada nas boas novas da salvação. “Revelada” apokalupto, “descobrir o que tem sido escondido”.

Ele diz, “é revelado de fé em fé”. “De fé” é ek pisteos. É o ablativo de fonte: A fonte do derramamento da justiça aos homem, aquilo que é os meios por onde a justiça é dada ao homem, é a fé. Alford diz, “ek aponta para a condição, ou subjetvidade. Pistis é a fé no sentido de confiança, e que um (a) pressuposto confiável de uma verdade em referência ao conhecimento que iguala a convicção, (b) uma entrega confiante da alma, quanto ao sentimento. Aqui é especialmente o último desses: essa confiança repousou na graça de Deus em Cristo, que tranquiliza a alma e a liberta de toda a culpa, - e especialmente confiança na morte propiciatória de Jesus. Alinhado a isso... está a humildade, consistindo no abandono de todos os méritos dos homens, e o reconhecimento de sua própria indignidade e necessidade de redenção.”

“Para a fé” é eis pistin. A expressão se refere a atitude da fé da parte de um pecador. O evangelho revela uma justiça de Deus que é derramada no princípio da fé, e revela isso, não ao pecador que desejaria merecer a justiça pelas boas obras, mas a recebê-la pela fé.

Ao citar Habacuque 2:4, “O justo viverá pela fé,” Paulo “mostra que a justiça pela fé não é nenhuma ideia nova, mas encontrada nos profetas”. As palavras são citadas de novo em Gálatas 3:11, Hebreus 10:38, na primeira com o mesmo propósito aqui. Eles são usados em Habacuque com referência a credibilidade dada a palavra profética: mas apropriadamente falando, toda fé é a mesma, em qualquer palavra ou ato de Deus repousado: de forma que o apóstolo está livre de qualquer culpa em forçar as palavras para o presente propósito” (Alford). O texto grego tem, “Além do mais, o justo, da fé viverá”. Ou seja, a fonte de sua nova vida em Cristo Jesus é a fé, a os meios de apropriação que ele recebe justiça e vida. Essa foi a faísca que ascendeu a Reforma.

Tradução: Pois eu não me envergonho das boas novas. Pois poder de Deus é, resultando em salvação para toda aquele que crê, primeiro para um Judeu e para um Gentio, pois a justiça de Deus nela é revelada no princípio de fé para a fé, como permanecer escrito, E aquele que for justo pelo princípio da fé viverá.


Fonte: Wuest's Word Studies, de Kenneth S. Wuest, editado por Wm. B. Eerdmans Publishing Company; primeira edição (Junho de 1980)