Evangelho de Mateus – Origens

EVANGELHO DE MATEUS, ORIGENS, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGICO
A hipótese predominante entre teólogos atuais é que o Evangelho de Marcos foi escrito primeiro do que Mateus e Lucas, cujas obras se baseiam em parte sobre Marcos, de onde foram hauridos trechos inteiros, com variantes editoriais e, em parte, sobre outros documentos, agora desconhecidos, que lhes foram acessíveis. Não há certeza sobre o ponto. A evidência em favor da hipótese encontra-se na bem conhecida obra de Streeter, The Four Gospels. Consultar também o artigo geral Os Quatro Evangelhos. Podemos concordar que os principais ensinos do Senhor, tanto como os fatos concernentes a Sua vida, ministério, morte e ressurreição foram transmitidos pelos cristãos primitivos na forma de uma tradição oral. É provável que esta tradição fosse conservada numa forma inalterada, pelo seu uso como catecismo de batizandos. O prefácio ao terceiro Evangelho confirma que diversas pessoas procuraram, naquele período, incorporar esta tradição em forma escrita (Lc 1.1-2).

É bem compreensível que os escritores cristãos, inclusive os evangelistas, aproveitaram tais originais orais e escritos. Há, porém, outras considerações com respeito ao primeiro Evangelho. Se o autor for Mateus, foi ele testemunha ocular do muito que relata, o que não foi o caso dos outros dois evangelistas sinóticos. A tradição de que ele escreveu em aramaico é possivelmente baseada em notas compostas por ele, ou memorandos das palavras do Nosso Senhor, em sua língua materna que serviam para seu próprio uso e para aqueles a quem pregava. Não devemos excluir a possibilidade da preparação de tais notas no tempo do ministério do Senhor, nem da probabilidade do seu uso geral como base de muitas tradições subsequentes, tanto orais como escritas.

Parece certo que pelo menos no II século o Evangelho segundo S. Mateus já ocupava o primeiro lugar entre os quatro. Alguns pensam que a inferência natural é que naquela época este Evangelho era considerado como o primeiro a ser escrito. Dois fatos possibilitam esta teoria. Primeiro, que o Evangelho foi escrito para os cristãos hebreus da Palestina, que constituíram as comunidades cristãs mais primitivas. A evidência interna disto é forte e repousa em certos fatos, como as referências a Jerusalém como a "Cidade Santa", a menção do sinédrio e dos concílios da sinagoga, o notável respeito dado à lei mosaica, a linguagem rabínica de Mt 16.19 e Mt 18.18 e, principalmente, o uso das profecias do Velho Testamento. O segundo fato que contribui para dar primeiro lugar a este Evangelho segue logicamente o primeiro. Constitui uma forte conexão com o Velho Testamento e dessarte uma introdução apropriada ao Novo. Logo no começo se refere ao Velho Testamento, citando Davi e Abraão como antepassados de Jesus Cristo. É notável também que muito do grande discurso que conhecemos como o Sermão da Montanha, que constitui, pela sua posição no Novo Testamento, o alicerce da ética cristã, apresenta uma minuciosa explanação da relação que existe entre a ética do novo evangelho e a da lei. Em todos os primeiros manuscritos gregos do Novo Testamento, este Evangelho ocupa o primeiro lugar entre os quatro e, na maioria, os Evangelhos se encontram no começo do Novo Testamento.

Fonte: O Novo Comentário da Bíblica, de F. Davidson.