Jefté Sacrificou sua Filha em Holocausto?

Jefté Sacrificou sua Filha em Holocausto?

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Muitos têm entendido que Jefté ofereceu a vida de sua filha ao Senhor, dada a natureza inviolável de um voto feito a Deus (cf. Ec 5:2-6). E mais, observam que um holocausto envolve o sacrifício de uma vida, e justificam esse procedimento tendo por base que um voto a Deus tem precedência sobre tudo o mais, até mesmo sobre a vida humana (cf. Gn 22). Deus é soberano sobre a vida e a toma quando quer (Dt 32:39), como finalmente o faz (Hb 9:27).

Entretanto, por diversas razões, não é necessário admitir que Jefté tenha oferecido um sacrifício de morte. Primeiro, ele tinha consciência da lei contra o sacrifício humano, e se essa fosse sua intenção quando fez o voto, um sacrifício humano, ele saberia que isso teria sido uma clamorosa rejeição da lei de Deus.

Em segundo lugar, o texto não diz ter ele realmente matado sua filha como holocausto. Isto é apenas inferido por alguns porque ele tinha prometido que quem quer que primeiro saísse de sua casa seria oferecido ao Senhor “em holocausto” (11:31). Como Paulo mostrou, os seres humanos devem ser oferecidos a Deus como um “sacrifício vivo” (Rm 12:1), e não como sacrifício de mortos. É possível que Jefté tenha oferecido sua filha ao Senhor como um sacrifício vivo. Por todo o resto de sua vida ela serviria ao Senhor na casa do Senhor e permaneceria virgem.

Terceiro, um sacrifício vivo de perpétua virgindade era um sacrifício tremendo no contexto judaico daqueles dias. Fazendo alguém voto de perpétua castidade, e sendo dedicada ao serviço do Senhor, ela não poderia jamais ter filhos e assim dar continuidade à linhagem familiar de seu pai. Jefté agiu com muita honra e grande fé no Senhor, não voltando atrás em relação ao voto que ele havia feito ao Senhor seu Deus.

Quarto, este modo de ver a questão apóia-se no fato de que quando a filha de Jefté saiu para chorar por dois meses, ela não saiu para lastimar a sua morte iminente. Não, ela saiu e “chorou a sua virgindade” (v 38).

Finalmente, se ela tivesse de enfrentar a morte ao fim dos dois meses, teria sido muito simples para ela casar-se com alguém e viver com essa pessoa durante os dois meses que antecederiam sua morte. Não havia razão para a filha de Jefté lastimar pela sua virgindade, a menos que estivesse com a perspectiva de viver toda uma vida nessa condição. Com Jefté não tinha outros filhos, sua filha não se lamentou acerca de sua virgindade por causa de nenhum desejo sexual ilícito.

Fonte: Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia de Norman Geisler - Thomas Howe