Os Livros Pseudepígrafos
Os Livros Pseudepígrafos
O mais importante apocalipse deste gênero de obras é, sem dúvida, o Livro de Enoque (1 Enoque), embora não se saiba se atribui-lo a uma determinada época ou a uma acumulação gradual de tradições atribuídas a Enoque entre o ano 200 A. C. e as primeiras décadas do século I da nossa era. O certo é que se trata duma obra que trouxe uma contribuição especial ao conceito do Messias celeste e o Filho do Homem. O Livro dos Jubileus comenta o Gênesis, frisando que a Lei foi observada desde os mais remotos tempos e dividindo a história em períodos de jubileus, isto é, quarenta e nove anos (sete semanas de anos). Data aproximadamente de cerca do ano 100 A. C. Os testamentos dos doze patriarcas devem ser uma obra contemporânea da anterior, cujo objetivo é apresentar os últimos conselhos e profecias de cada um dos doze filhos de Jacó, quando moribundos. Os oráculos sibilinos são obras judaicas que, à imitação das profecias pagãs de Sibila, pretendem divulgar o pensamento hebraico entre os gentios. Não vão além do século II A. C. A Assunção de Moisés deve ter sido publicada no tempo de Cristo e procura narrar a história do mundo, em forma de profecia, desde Moisés até ao tempo do autor. O livro dos Segredos de Enoque (2 Enoque) supõe o 1 Enoque e, embora se apresentem outras datas posteriores, não deve ir além do ano 50 da nossa era. Descreve pormenorizadamente os sete céus e antecipa em mil anos o reinado de Deus na terra.
O Apocalipse Siríaco de Baruque (2 Baruque) depende, sem dúvida, de 2Ed, e há quem pretenda atribuí-lo ao escriba de Jeremias. Foi escrito nas últimas décadas do século I da nossa era. O Apocalipse Grego de Baruque (3 Baruque), se bem que tenha certas afinidades com o anterior, é completamente independente e atribui-se-lhe uma data posterior. Os Salmos de Salomão abrangem dezoito salmos que no fim de contas são da autoria dum fariseu, e remontam à segunda metade do século I da era cristã. O estilo não difere do dos salmos canônicos. O 3 Macabeus fala-nos da tentativa de massacre dos judeus no reinado de Ptolomeu Filopator (222-205 A. C.) e termina com a vingança triunfante do povo escolhido. O 4 Macabeus é um tratado filosófico a ilustrar a tese do autor no caso dos mártires macabeus. A Carta de Aristeas descreve as supostas circunstâncias em que se fez a tradução da Bíblia hebraica para o grego. O Martírio de Isaías, como o título sugere, afirma que Isaías foi serrado ao meio. Há quem julgue ter sido escrito no século I da nossa era, mas é muito provável que a obra que o inspirou-A Ascensão de Isaías -seja inteiramente cristã e, portanto, muito posterior. Os Livros de Adão e Eva prestam inúmeras informações acerca da vida dos nossos primeiros pais e supõe-se terem sido publicados no século I da era de Cristo. Pirke Aboth, ou “As Sentenças dos Pais” são uma coleção de provérbios da autoria de rabis célebres, compilados desde o século III A. C. até ao século III da nossa era.
A História de Aicar contém uma lenda do século V A. C. acerca das aventuras daquele sábio, muito em voga naquele tempo. Os fragmentos Zadoquitas, são relatos dum partido judaico que teve origem numa separação dos saduceus. Datam dos últimos anos A. C. ou dos primeiros da nossa era. O Apocalipse de Abraão e o Testamento de Abraão, do século I da era cristã, São obras judaicas com passos de literatura do Cristianismo. As Vidas dos Profetas, conforme o título, são narrações biográficas dos profetas, da mesma data que os dois livros anteriores, e do mesmo modo divulgado pelos cristãos. O Testamento de Jó, se bem que de somenos importância, supõe-se ter sido escrito no século I A. C.
Fonte: O Novo Comentário da Bíblica, de F. Davidson.