Moisés Retorna ao Egito
(Êxodo 4.18-31)
Meus irmãos (v. 18), isto é, parentes. Essa era uma parte, mas não o total, do propósito de Moisés ao retornar ao Egito. Vai, volta (v. 19). Moisés ainda estava se demorando em cumprir a comissão dada por Deus. A vara de Deus (v. 20), isto é, seu antigo cajado, ainda que agora dotado do poder divino.
Endurecerei o seu coração (v. 21). É dito que Faraó endureceu o seu próprio coração, ou que seu coração foi endurecido, em Êx 7.13 (ver anotação), Êx 7.14-22; Êx 8.15,19,32; Êx 9.7,34-35; e também que Deus endureceu o coração de Faraó, em Êx 9.12; Êx 10.1,20,27; Êx 14.4,8. Essa ação é predita em Êx 4.21; Êx 7.3. Note-se que esse endurecimento é primeiramente atribuído principalmente ao próprio Faraó, e mais diretamente a Deus só mais tarde. Deus não causa positivamente a rebeldia do homem contra Si, mas Ele conformou de tal maneira o coração do homem que, cada vez que ele se recusa a fazer a vontade de Deus torna-se menos responsivo à próxima chamada ou mandamento. A consciência, assim, torna-se menos sensível, e o coração se vai endurecendo. O homem endurece seu próprio coração, mas na linguagem bíblica, “os acontecimentos, quer físicos ou morais, que são o resultado inevitável do arranjo divino do universo, são referidos como se fossem operação direta de Deus” (Hertz). Em adição a essa significação da frase devemos notar que, tendo Faraó uma vez endurecido seu próprio coração, Deus o feriu diretamente com um endurecimento do qual era-lhe impossível ser renovado para o arrependimento (conf. Hb 6.4-6), tanto como uma penalidade como a fim de demonstrar sobre ele o Seu poder (Rm 9.17-18), conforme também ficou demonstrado tanto na queda do Faraó como na libertação do povo de Deus.
Israel é meu filho, meu primogênito (v. 22). Isso não subentende a suposta paternidade universal de Deus, como se as outras nações também fossem Seus filhos, mas significa que Israel foi primeiramente eleita para receber filiação espiritual “para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios” (Gl 3.14). Ver Rm 8.14-17.
Numa estalagem (v. 24). Simplesmente um lugar de descanso. E o quis matar (v. 24). Talvez por meio de uma enfermidade. Parece que isso foi um castigo por ele ter negligenciado quanto ao dever de circuncidar seu filho. Antes que Moisés pudesse apresentar os mandamentos de Deus perante Faraó e os israelitas, ele mesmo não podia omitir qualquer deles. Daquela maneira drástica Deus levou Moisés ao ponto da total obediência, a preparação necessária para poder ser ele usado em Seu serviço. Um esposo sanguinário (v. 25). Em heb. hathan-damim, lit., “cortado com sangue”. Essa expressão era aplicada a um jovem noivo, circuncidado antes do casamento. Estas palavras foram dirigidas a seu filho, denotando o cumprimento do rito do concerto, ou a seu marido, que assim lhe era restaurado como noivo. Qualquer que tenha sido a significação exata, seu ato anulou o divino desprazer. E desviou-se dele (v. 26). Deus poupou Moisés. Foi provavelmente nessa altura que Moisés mandou de volta a Jetro sua esposa e seu filho (ver Êxodo 18.2-3). Os sinais (30) eram os milagres dos versículos 3-9.