A Casa de Hasmoneu

HASMONEU, CASA, ESTUDO BIBLICOS, TEOLOGICOS
A palavra Hasmoneu é derivada do nome da família de Matatias e seus filhos que pertenciam à Casa de Hasmon. Por este nome os Macabeus eram conhecidos mais tarde na literatura judaica, mas é conveniente reservar a expressão “Macabeus” para Judas e seus dois irmãos e usar o título “Hasmoneu” para descrever seus descendentes, ao todo cinco, sob os quais os judeus experimentaram quase setenta anos de independência (134-63 a.C). Por pouco tempo, durante o reinado de João Hircano (isto é, Hircano I, 134-104 a.C.) a Judéia tornou-se um estado vassalo, mas recuperou a independência em 129 a.C. com a aprovação do Senado de Roma. Hircano imediatamente começou a estender seu território. No sul, por exemplo, ele anexou a Iduméia, compelindo os habitantes a se circuncidarem; no norte, ele se apossou do território de Samaria, destruindo o Templo rival do Monte Gerizim.

Esses atos de Hircano mostram que ele tinha ideais evidentemente religiosos, mas durante todo esse período havia um crescente descontentamento, principalmente da parte dos Hasidim e dos judeus ortodoxos em geral, contra os Macabeus e a Casa de Hasmoneu. Esses não apenas haviam tomado o Sumo Sacerdócio, mas estavam se tornando cada vez mais mundanos e irreligiosos. No tempo de João Hircano, o ramo crescente dentro do Judaísmo havia-se materializado em dois partidos, cujos nomes agora emergem, pela primeira vez, como Fariseus e Saduceus. Primeiro, Hircano tomou o partido dos fariseus, mas quando um de seus membros exigiu que ele renunciasse ao ofício de Sumo Sacerdote, ele rompeu com estes e uniu forças com o partido dos Saduceus.

O Dr. Oesterley afirma que uma das principais razões por que os fariseus se opunham aos Hasmoneus era que eles falavam de si mesmos como reis, embora não fossem da linhagem de Davi, e ele indica que até Hircano assumiu esse ofício real. Se as coisas eram assim ou não, Josefo informa que o sucessor de Hircano, Aristóbulo I (103 a.C), foi o primeiro a assumir o título de rei, embora isso não seja indicado em suas moedas. Esse fato, associado ao apoio do partido dos Saduceus, seu amor pela cultura grega e o fato de estar implicado no assassinato de sua mãe e de seu irmão Antígono, aumentou ainda mais o antagonismo dos fariseus.

Essas questões, porém, chegaram a um ponto crítico no tempo de seu sucessor, Alexandre Janeus (102-76 a.C). Desde o início, ele irritou profundamente os fariseus ao se casar com a viúva de seu irmão Aristóbulo, embora fosse contra a lei um Sumo Sacerdote fazê-lo. Além disso, ele negligenciou seu ofício espiritual e dedicou-se como guerreiro a conquistar e a engrandecer a si mesmo por meio da guerra.

Usava o título de “rei”, anunciando o fato em suas moedas em caracteres tanto gregos como hebraicos, assim revelando sua ligação com o estilo de vida grego, demonstrando um passo à frente na secularização do Sumo Sacerdócio. Sua impopularidade entre o povo é ilustrada por um incidente por ocasião da Festa dos Tabernáculos. Com total desprezo pelas responsabilidades com seu ofício de Sumo Sacerdote, ele propositalmente escarneceu das exigências rituais ao derramar a água da libação no chão e não sobre o altar. As pessoas ficaram tão furiosas que bateram nele com os ramos de cidreira que haviam trazido para usar no ritual. Em um acesso de cólera, ele deu ordens a seus soldados que mataram muitos dos judeus dentro do pátio do Templo. Mais tarde, a situação ficou tão ruim que estourou a guerra civil de seis anos. Quando, afinal, a paz foi restabelecida, registra-se que ele levou oitocentos judeus que haviam lutado contra ele, à morte por crucificação.

Durante o restante de seu reinado, os fariseus e os ortodoxos permaneceram em paz. Mas o partido dos fariseus estava se tornando tão poderoso que Janeus, próximo ao final de sua vida, viu nisso um grave perigo para a casa real. Assim, aconselhou sua esposa Alexandra, indicada rainha por sua ordem, a entrar em acordo com eles dando-lhes mais autoridade no Estado. Quando Alexandra (75-67 a.C.) subiu ao trono após a morte do marido, ela agiu conforme ele havia orientado e designou seu filho mais velho, Hircano II, como Sumo Sacerdote. Hircano era bem disposto com os fariseus e, por sua influência, o poder deles aumentou consideravelmente em força. Com forte poder civil e religioso nas mãos, eles puderam impor, ao povo, suas próprias convicções. Em particular, eles tornaram as coisas muito difíceis para seus oponentes saduceus, os quais encontraram um defensor no filho mais novo de Alexandra, Aristóbulo, que deixou claro que sua intenção era o trono. Após a morte de sua mãe, Aristóbulo reuniu um exército e derrotou seu irmão perto de Jericó. Hircano foi forçado a deixar o ofício e Aristóbulo (66-63 a.C.) tornou-se rei e Sumo Sacerdote, permanecendo no poder até 63 a.C.

A história dos Hasmoneus chegou ao fim por causa de um Antipater, governador da Iduméia, que encorajou Hircano, no exílio, a remover seu irmão do ofício. Com ajuda de um governador árabe, Aretas III, ele atacou Aristóbulo em Jerusalém. Foi nesse momento que Roma decidiu interferir nas questões da Palestina. Pompeu enviou seu general, Scaurus, para sufocar o levante e ele, mediante suborno, apoiou Aristóbulo. No ano de 63 a.C, o próprio Pompeu, temendo os desígnios de Aristóbulo, atacou Jerusalém e a conquistou, entrando pessoalmente no Templo e no Santo dos Santos. Aristóbulo foi levado cativo para Roma. Hircano foi confirmado no Sumo Sacerdócio e designado etnarca da Judéia, então acrescentada à província da Síria.


Fonte: Between the Testaments: From Malachi to Matthew, de Richard Neitzel Holzapfel.

Veja outros estudos bíblicos relacionados:

Cf. Macabeus - Quem eram? (1)
Cf. Macabeus - Quem eram? (2)
Cf. Hacuná - Natal Judaico?