Carta aos Hebreus — Escritor

Carta aos Hebreus — Escritor

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Na própria epístola não encontramos indicação explícita sobre seu escritor. Os escritores cristãos primitivos também não nos provem qualquer testemunho unânime ou convincente. Tertuliano é definido em seu testemunho; afirma ele que Barnabé foi quem a escreveu. Mas a tal testemunho falta confirmação; ainda que reste algo a dizer a favor do mesmo. O homem a quem foi dado o nome cristão que significa “filho da exortação” (At 4.36), bem poderia ter sido o responsável por esta “presente palavra de exortação” (Hb 13.22). Sendo levita, certamente ele se interessava mais que ordinariamente nos rituais sacrificais; sendo judeu de Chipre, mui possivelmente ele tivera íntimo contacto com os ensinos helenistas e filosóficos do judaísmo de Alexandria, com os quais tanto o escritor como os seus leitores parecem ter tido alguma familiaridade; na qualidade de alguém que se converteu imediatamente após Pentecoste (o que talvez seja referido em Hb 2.3-4) indubitavelmente ele foi influenciado pelo ensino de Estêvão, uma influência que parece persistir nesta epístola.

Em Alexandria, onde a epístola foi aceita por seus próprios méritos, há evidência de uma tendência crescente, no terceiro século de nossa era, de ligá-la ao apóstolo Paulo, ainda que bastante indiretamente. Clemente sugeriu que Paulo escreveu-a em hebraico e que Lucas a traduziu para o grego. Orígenes se inclinava a pensar que os pensamentos originais fossem do apóstolo, ainda que não a forma escrita e a linguagem finais. Tal conexão dessa epístola ao nome de Paulo muito contribuiu para que lhe conferissem autoridade apostólica, na falta do que muitos hesitaram em aceitá-la como canônica. Conseqüentemente, muitas cópias manuscritas vieram a ser intituladas “A Epístola de Paulo aos Hebreus”. Entretanto, essa atribuição da epístola ao apóstolo, não é aceita pela maioria dos eruditos contemporâneos. A própria evidência interna da epístola, como sua linguagem, estilo e conteúdo, é considerada como prova conclusiva contra essa suposição (por exemplo, contrastar Hb 2.3 com Gl 1.12; Gl 2.6).

Outras sugestões são inteiramente especulativas. Incluem os nomes de Apolo, Silas, Áquila (ou Prisca e Áquila) e Filipe, o evangelista. Dentre essas, a sugestão de Lutero-Apolo-é talvez a mais acertada. Pelo que sabemos de Apolo (ver At 18.24-28), ele é exatamente o tipo de homem que poderia ter escrito tal epístola. Porém, não existe qualquer outra evidência para comprovar que ele tenha sido seu autor. Quando um escritor humano das Escrituras foi providencialmente levado a ocultar sua identidade, não há necessidade de tentar descobri-la, havendo pouco ou nenhuma esperança de sucesso nessa tentativa. É mais sábio que nos contentemos em não sabê-lo.

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