Evangelho de Lucas — Autoria


Autoria do Evangelho de Lucas: A autoria do terceiro Evangelho tem sido atribuída a Lucas, o amigo de Paulo, por toda a Igreja Cristã através dos tempos. Essa tradição pode retroceder sem interrupção à metade do segundo século, sendo que nada foi encontrado nos anais da Igreja primitiva para indicar que o livro tenha sido atribuído a qualquer outro escritor. A evidência interna está em harmonia com esse testemunho objetivo.

Cf. Cristologia: Estudo sobre Jesus Cristo
Cf. Teologia Bíblica e o Cânon
Cf. Literatura no Judaísmo
Cf. Tradição Apocalíptica

O nome de Lucas não aparece no Evangelho e ocorre somente três vezes em o Novo Testamento. Só Paulo menciona Lucas e, ao fazer isso, lança alguma luz em torno dele. Ele era médico (Cl 4.14) e isso implica em que era um homem de cultura e educação. Sua cultura literária aparece no prefácio clássico ao Evangelho (Lc 1.1-4), no qual ele segue o modo dos historiadores gregos. Traços de seu conhecimento médico aparecem através do livro: vide Lc 4.23,38; Lc 5.12; Lc 8.43; Lc 13.11; Lc 22.44. Parece ter sido um gentio, pois que não está incluído na lista dos que são da circuncisão em Cl 4.10-11. Foi um dos companheiros de luta de Paulo (Fm 24), e o único dos companheiros que o apóstolo teve durante o seu último encarceramento em Roma, pouco antes de seu martírio (2Tm 4.11). Lucas também foi o autor de Atos (At 1.1-2), e embora seu nome não apareça tão pouco naquele livro, no entanto, o curso de seu companheirismo com Paulo pode ser traçado nas passagens onde a primeira pessoa do plural do pronome pessoal é usada. Estas seções começam quando Paulo se achava em Trôade em sua segunda viagem missionária (At 16.9-10). Há alguma probabilidade em Sir W. M. Ramsay com sua teoria de que Lucas era o homem da Macedônia na visão de Paulo e pertencia a Filipos, embora a tradição diga que ele pertencia a Antioquia. Ele acompanhou a Paulo e sua companhia de Trôade a Filipos e parece ter permanecido lá quando Paulo e Silas prosseguiram para a Grécia. A terceira pessoa é retomada naquele ponto da narrativa e continua até que Paulo visitasse novamente a Filipos em sua terceira viagem missionária, alguns anos mais tarde (At 20.5-6). Lucas, então, retoma novamente a primeira pessoa do plural à medida que prossegue com o relato e continua a usá-lo até o final do livro, exceto quando faz a narrativa relacionada com o aprisionamento de Paulo em Cesaréia. Isso demonstra que Lucas foi companheiro constante do apóstolo a partir da época em que deixou Filipos em sua última viagem para Jerusalém, e que ele permaneceu na Palestina ao alcance fácil de Paulo até que pudesse juntar-se novamente a ele de caminho para Roma.