Evangelho de Marcos — Autoria


Autoria do Evangelho de Marcos

Autoria do Evangelho de Marcos  


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O evangelho não cita o nome do autor. O título vem de índices do NT escritos no século II. Essa é, portanto, uma informação da igreja antiga. Que pontos confirmam essa informação?

No evangelho não há pontos de apoio para essa posição. Há pessoas que se referem ao jovem que, na hora em que Jesus foi preso, deixou o lençol com que se vestia nas mãos dos soldados (14.51). Que Marcos queria se identificar dessa forma como autor do livro é pouco provável.

Uma constatação a que devemos dar mais valor vem da História Eclesiástica escrita por Eusébio (260-339). Ele cita o pai da igreja Papias, que viveu no início do século II, e, assim, ainda tinha contato com a era apostólica. Papias escreveu uma “Exposição das palavras do Senhor”, na qual se baseia no presbítero João que teria dito:

Marcos escreveu com exatidão, mas não em ordem, as palavras e os atos do Senhor, dos quais, como intérprete do apóstolo Pedro, ele recordava. Pois ele mesmo não tinha ouvido e acompanhado o Senhor; mas, como dito, mais tarde seguiu a Pedro, que apresentava os seus ensinamentos de acordo com as necessidades dos seus ouvintes, mas não em forma completa dos discursos de Jesus. Por isso não é erro se Marcos anotou algumas coisas assim como a sua memória as ditava. Pois ele tinha uma grande preocupação: não omitir nada do que tinha ouvido, e não se tornar culpado de alguma mentira no seu relato.

De qual Marcos estamos falando aqui? De João Marcos, que vinha de Jerusalém. Na casa de sua mãe Maria se encontravam os cristãos da igreja primitiva (At 12.12). O seu primo era Barnabé (Cl 4.10). Na primeira viagem missionária ele acompanhou Paulo e Barnabé (At 12.25; 13.5). Mas o seu ministério na viagem terminou abruptamente e ele regressou a Jerusalém (At 13.13). Paulo, naquela época, o considerou um fracassado; por isso não queria levá-lo na viagem seguinte. Barnabé tinha outra opinião, mas os dois não chegaram a um acordo. Por isso se separaram e continuaram os seus esforços missionários independentes um do outro (At 15.37ss). Mais tarde, no entanto, Marcos é novamente mencionado como colaborador de Paulo (Fm 24; Cl 4.10; 2Tm 4.11). Evidentemente, ele conseguiu novamente a aprovação de Paulo. O NT não faz menção do trabalho dele como intérprete de Pedro.

Que grau de confiabilidade tem a informação de Papias? Kümmel, nas últimas edições da sua Introdução, é cético em relação a esta informação e se baseia nas seguintes razões: segundo ele, o evangelho de Marcos contém erros nas indicações geográficas que uma pessoa originária de Jerusalém não podia cometer. Por exemplo, Gerasa não poderia estar na outra margem do mar da Galiléia (5.1). Também não seria possível ir de Tiro ao mar da Galiléia por Sidom e de lá chegar a Decápolis (7.31). Também a observação de que Jesus foi para o território da Judéia além do Jordão, não faria sentido (10.1).

Mesmo sem entrar em discussão abrangente e detalhada sobre o assunto, poderíamos perguntar se de fato a região dos gerasenos é tão distante do mar da Galiléia; por que não seria possível passar por Sidom para ir de Tiro ao mar da Galiléia e por que o ministério além do Jordão seria impossível na viagem para Jerusalém?

As outras objeções de Kümmel contra a informação de Papias — como alguém de Jerusalém escreve para cristãos-gentios? o relato sobre a morte de João Batista não encaixa nos costumes da Palestina; o autor negligencia o fato de que 6.35ss e 8.1ss são variantes de uma mesma história de multiplicação dos pães — não convencem.7 Por isso creio que a informação de Papias é confiável.

Concordo com muitos outros estudiosos, como também Kümmel pensava nas primeiras edições da sua Introdução, que João Marcos é o autor do evangelho (Carson & Moo & Morris8, Guthrie9, Gnilka?10, Pohl11, Wikenhauser12).