Livro de Habacuque — Introdução e Autoria

ESTUDO BIBLICO, TEOLOGIA
Nada sabemos a respeito de Habacuque fora das informações prestadas neste livro, mas mesmo aqui ele não nos fornece sua genealogia nem nos diz quando profetizou. O próprio nome é aparentado de um vocábulo assírio, que significa uma planta ou vegetal. Na Septuaginta, seu nome aparece como Ambakoum. Jerônimo a derivou de uma raiz hebraica que significa “segurar”, e disse que: “ele é chamado “Abraço” ou por causa de seu amor ao Senhor, ou porque lutava contra Deus”. Lutero, e muitos comentadores modernos, têm favorecido a mesma derivação. Certamente não é derivação inapropriada, pois neste pequeno livro vemos um homem, em ânsia mortal, em luta com o grande problema da teodicéia - a justiça divina - em um mundo desordenado. Encontramos a mesma espécie de conflito no mais volumoso livro de Jó.

Habacuque foi o primeiro profeta a impugnar não a Israel, porém a Deus. O livro contém um solilóquio entre ele mesmo e o Todo-Poderoso. O que o deixava perplexo era a aparente discrepância entre a revelação e a experiência. Ele procurava explicação para isso. Nenhuma resposta direta é dada à sua interrogação, mas é-lhe assegurado que a fé paciente terminará saindo vencedora (Hc 2.4). Ele expressa sua fé mui vividamente, em Hc 3.17-19, onde o sentimento encontra um eco mais recente, no hino de William Cowper: “Deus é Seu próprio intérprete, e Ele deixará claro”.

Por causa do arranjo musical do capítulo 3, alguns têm pensado que Habacuque foi levita. É possível que ele tenha sido membro de um grupo profissional de profetas, associados ao templo (1Cr 25.1). Ele é o único dos profetas canônicos que a si mesmo chama de “profeta” (Hc 1.1), e julga-se que isso indica posição profissional.

Habacuque aparece na história apócrifa de Bel e o Dragão, como aquele que livrou Daniel da cova dos leões pela segunda vez; porém, tudo isso não passa da lenda.