Livro de Jonas — Data e Escritor

ESTUDOS BIBLICOS, TEOLOGIA
Não se pode chegar a certeza alguma no que diz respeito à data em que o livro foi escrito. Alguns têm argumentado que a história inteira não teria significado depois que Nínive foi realmente destruída (em 612 A. C.). Há alguma força nesse argumento. Então "Não hei de eu ter compaixão... de Nínive...?" não seria apenas uma consideração hipotética, mas uma consideração bastante mal escolhida. (Jn 3.3 será considerado no comentário). Diversos eruditos proeminentes, em realidade, têm atribuído o livro a qualquer século, entre o oitavo e o segundo A. C. Porém, deve ser frisado que o principal motivo pelo qual muitos eruditos mantêm que esse livro seja produto do período pós-exílico é que “o pensamento geral e o teor do livro... pressupõe o ensino dos grandes profetas”, incluindo Jeremias (S. R. Driver). Porém, não vemos razão que nos incline a acompanhar esse julgamento altamente subjetivo.

“A presença de aramaísmos no livro não pode ser critério para determinar a data, visto que os aramaísmos ocorrem nos livros do Antigo Testamento desde os mais recuadas até os mais recentes períodos” (E. J. Young). Juntamente com a evidência lingüística, deve ser levado em consideração o fato que “não existe neles (Jonas, Joel, etc.) uma só palavra grega” e “nem uma palavra babilônica que já não tenha sido encontrada na literatura mais antiga” (R. D. Wilson). Essa evidência não dá apoio à teoria que Jonas pertence ao período pós-exílico. S. R. Driver, que defendia o ponto de vista pós-exílico, admitiu como possibilidade que “algumas das características linguísticas podem ser consistentes com a origem pré-exílica, ao norte de Israel” (Introduction, pág. 301).

Jonas exerceu seu ministério no reinado de Jeroboão II (793-753 A. C.), e parece muito natural supor que a história tenha sido originalmente posta em forma escrita algum tempo antes da queda do reino do norte, em 721 A. C., embora facilmente possa ter havido circunstâncias que ocorreram entre 721 A. C. e 612 A. C., quando Israel era governada por Nínive, que tenham possibilitado uma publicação mais lata do livro naquele período.

Nada é dito no livro de Jonas acerca do seu autor. Embora o próprio Jonas, obviamente, deva ter sido a principal fonte final de informação para a história não há motivo pelo qual ele deva ter sido o autor. Sem dúvida a história logo se tornou conhecida em Israel e podemos presumir que os marinheiros tiveram sua contribuição para propagar o relato. O capítulo primeiro tem certo número da sinais de que o relato se derivou de outra fonte que não o próprio Jonas (como Atos 27). O versículo 5a, por exemplo, descreve o que teve lugar enquanto Jonas estava dormindo no porão do navio e o versículo 16 relata o que fizeram os marinheiros depois que Jonas foi lançado ao mar. Presumivelmente a embarcação regressou ao porto quando a tempestade amainou, visto que aparentemente ainda não se haviam afastado muito da terra (Jn 1.13) e, de qualquer modo, a carga havia sido atirada borda fora (Jn 1.5). Se Jonas, igualmente, retornou a Jope, talvez foi à base da informação prestada pelos marinheiros que ele foi capaz de calcular por quanto tempo estivera debaixo da água.