Carta aos Efésios — Escritor

Carta aos Efésios — Escritor

Carta aos Efésios — Escritor

Muitos consideram Efésios a carta mais comovente do apóstolo Paulo, na qual ele retrata a sua visão de uma igreja constituída de cristãos-judeus e cristãos-gentios. Outros já pensam que essa carta é apenas uma reprodução de idéias paulinas anotadas e redigidas por um discípulo de Paulo. A forma com que o autor toma posição nos assuntos da carta está intimamente relacionada com a questão da autoria. Ela será tratada aqui de três pontos de vista.

1.1 O ponto de vista tradicional

Até o surgimento da crítica histórica, a autoria de Paulo não era questionada. Isso permaneceu assim até o século XIX. Para defender essa posição, os argumentos abaixo eram determinantes:

1.1.1 Dados da própria carta

O cabeçalho da carta é comparável a 2 Coríntios e a Colossenses. Paulo se apresenta como um autor com autoridade apostólica. A saudação contém os elementos típicos de Paulo: “Graça e paz”.

No texto da carta o nome do apóstolo Paulo é repetido (3.1), como é costume de Paulo também nas outras cartas (cf. 2Co 10.1; Gl 5.2; Cl 1.23). A carta toda tem um toque pessoal, mesmo que faltem ao autor dados exatos sobre a situação dos destinatários (1.15s; 3.1; 4.1; e outros). Isso corresponde às outras cartas de Paulo.

1.1.2 Opinião da igreja antiga

Desde a metade do segundo século, a carta é conhecida entre cristãos ortodoxos como também entre hereges. O cânon de Marcion é uma prova disso. Em 140 d.C. a autoria de Paulo é inquestionável. A carta é utilizada por Clemente de Roma, Inácio e por Policarpo.

1.1.3 Estrutura das cartas paulinas

A estrutura dessa carta é semelhante à de muitas outras cartas de Paulo, como também a citação do AT (4.8-11) e a adoção da linguagem do AT (2.13; 4.25; e outros).

1.1.4 Correspondências teológicas

É possível reconhecer nessa carta o evangelho da forma que Paulo o entendia e ensinava: o fundamento da salvação é a ação de Deus pela eleição em Jesus Cristo (1.3-14); por isso os crentes podem estar em Cristo (1.3,10s). Em Cristo, Deus revela a sua misericórdia aos homens (2.1-10), ao reconciliá-los consigo mesmo por meio da morte de Cristo (2.13-22). Jesus enviou o Espírito Santo, que opera na igreja a vida de acordo com a vontade de Deus.

Esses argumentos são tão convincentes, que a obrigação da demonstração e da argumentação recai sobre os que questionam a autoria de Paulo. Se os argumentos deles podem ser refutados, continuamos defendendo a autoria de Paulo. A posição defensiva faz parte dessa questão, pois a carta é, como ela declara, uma carta de Paulo e foi aceita como tal pela igreja antiga.