Parábola do Monte Moriá
(Gn 22; Hb 11:17-19)
E o Espírito Santo quem nos autoriza a classificar como parábola o episódio em que Abraão oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado autor da carta aos Hebreus diz que, depois do ato de obediência de Abraão, Deus “em figura o recobrou” (11:19). A palavra traduzida por “figura” nesse versículo é a mesma traduzida por “parábola” nos evangelhos. A Versão Revisada (em inglês) diz: “Em parábola o recobrou”. O ato de depositar Isaque sobre o altar é uma representação parabólica da morte — parábola em gestos, não em palavras — e sua libertação foi, portanto, uma representação da ressurreição de Cristo. A realização figurada do ato passa para a narrativa histórica: “Pegou no cutelo para imolar o filho...” (Gn 22:10). Essa frase, e o fato de que Abraão cria que Deus era capaz de ressuscitar Isaque da morte, revela a grandiosidade do sacrifício que o patriarca foi chamado a fazer. É interessante observar que Isaque é o único nas Escrituras, além de Jesus, a ser chamado “unigênito” (Gn 22:2; Hb 11:17).
A fé deu a Abraão o poder de atender à ordem divina ainda que implicasse a morte de Isaque. Até o tempo de Abraão, ninguém jamais havia ressuscitado da morte, mas o pai da fé, crendo na promessa de Deus, tinha a confiança de que seu filho, uma vez morto, poderia ressuscitar. Assim, quando Isaque estava sobre o altar, na sombra da morte, Abraão recebeu-o de volta à vida, pela graça de Deus. Quando o patriarca disse aos seus servos “voltaremos a vós” (Gn 22:5), usou o idioma da fé. Abraão nunca duvidou da onipotência de Deus.
Esta narrativa é uma figura impressionante da oferta do Filho unigênito de Deus, que foi por escolha própria entregue “por todos nós” (Rm 8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:16) A divergência, entretanto, nessa parábola em ação, é o fato de que, embora Abraão tenha oferecido seu filho, este foi poupado. O cordeiro, apanhado entre os arbustos, tornou-se substituto de Isaque e foi sacrificado em seu lugar. Mas Cristo foi o ferido e o aflito de Deus. O Criador deu o seu Filho unigênito para morrer pelos nossos pecados. Nós deveríamos ter morrido, mas Cristo, como o Cordeiro sacrificado, foi morto em nosso lugar. Morreu pelos pecados de um mundo perdido.
Outra mensagem aos nossos corações é a prontidão em fazer a vontade de Deus. Paulo sabia que a grande qualidade do verdadeiro serviço é a nossa disposição: “Pois se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem” (2Co 8:12). Abraão percorreu um longo caminho e sofreu grande angústia para cumprir a vontade de Deus. Tão logo ouviu a ordem divina, manifestou a prontidão de executá-la. Muitos de nós vão só até certo ponto e depois param, como Marcos, que Paulo recusou-se a levar em sua viagem missionária (At 15:18). Abraão destaca-se magnificamente como aquele que foi até onde Deus o permitiria ir.