Sociedade Judaica — Mundo do Novo Testamento
O mundo do primeiro século não era diferente do mundo atual do século vinte. Viviam lado a lado ricos e pobres, homens virtuosos e homens criminosos, homens livres e homens escravos, e as condições sociais e econômicas predominantes eram, a muitos respeitos, semelhantes às dos tempos presentes.
Tanto no judaísmo como no mundo pagão havia uma aristocracia do dinheiro. No judaísmo era um grupo religioso, constituído principalmente das famílias sacerdotais e dos dirigentes rabinos. A tribo dos Hasmoneus tinha dominado a sociedade palestiniana, desde os dias dos Macabeus até o tempo de Herodes o Grande. Durante o seu reinado e o de seus filhos, o sacerdócio hasmoniano tinha nas suas mãos o poder; os reflexos da hierarquia, que aparece nos evangelhos, mostram que eles eram os governantes virtuais da Judéia. Dirigiam o movimento comercial relacionado com o templo e tinham sociedade nos lucros provenientes da venda de animais para os sacrifícios e do câmbio de dinheiro envolvido nos tributos do templo.
Entre os membros do Sinédrio, que era o conselho supremo do judaísmo, havia homens abastados, como Nicodemos e José de Arimatéia. Eram provávelmente proprietários de terras, que arrendavam as suas fazendas, tendo a sua parte nas colheitas.
A maioria do povo da Palestina era pobre. Uns eram lavradores, outros viviam do comércio. A escravidão não era grande no judaísmo e, sem dúvida, a grande maioria dos palestinianos judeus eram cidadãos livres. Outros, como os pescadores que se tornaram discípulos, possuíam pequenas empresas independentes, de que viviam em boas condições.
As categorias sociais entre os judeus eram um tanto restringidas pelas obrigações comuns que a lei impunha sobre os seus seguidores.
Se todos eram igualmente responsáveis perante Deus pela obediência à lei, em conseqüência eram moralmente iguais perante Deus. Embora os judeus considerassem o homem rico como uma pessoa excepcionalmente abençoada pelo favor de Deus e, por conseqüência, como justo, não havia razão para que qualquer pessoa não pudesse merecer favor igual pela prática de boas obras. Ainda que uma aristocracia tenda a tornar-se perpétua, havia pelo menos uma igualdade moral inerente que preservava a oligarquia judaica de tornar-se demasiado opressora.
FONTE: O Novo Testamento Sua Origem e Análise - Merrill C. Tenney