Atos dos Apóstolos — Propósito do Livro

Propósito de Atos dos Apóstolos

Propósito de Atos dos Apóstolos

Por Saul K. Watson


Ler Atos 1. “O primeiro livro” (1:1) é o evangelho de Lucas. Teófilo talvez tenha arcado com a responsabilidade financeira pela publicação das duas obras de Lucas. O propósito do evangelho de Lucas foi o de narrar a vida de Jesus, com ênfase sobre a sua certeza histórica. Já o propósito central do livro de Atos foi o de traçar o triunfal progresso do evangelho, a partir de Jerusalém, onde teve início, até Roma, a capital do império. Assim sendo, Atos é uma história seletiva, e não compreensiva, da Igreja primitiva. Por exemplo, Lucas não escreve sobre a propagação do cristianismo até o Egito e ao Oriente. Mas podemos ler reiteradas afirmativas que sumariam o sucesso do evangelho por onde quer que os cristãos o proclamassem: “Crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos...” (Atos 6:7; vide também 9:31; 12:24; 16:5; 19:20; 28:30,31). Por detrás desse sucesso havia a atividade do Espírito Santo, a Quem Lucas repetidamente dá o crédito. O propósito geral de Lucas-Atos, pois, é fazer a exposição dos primórdios do cristianismo, na vida de Jesus e na extensão do cristianismo, dentro da história da Igreja primitiva, a fim de convencer aos seus leitores sobre o avanço irresistível do evangelho, mostrando que Deus, mediante o Seu Espírito, verdadeiramente está operando na história da humanidade, visando à redenção de todos os homens.

Cf. Moisés e Arão Anunciam o Propósito de Deus
Cf. O Pedido para Adorar a Jeová é Respondido com Opressão
Cf. Moisés Apela para Deus
Cf. Fé e Obras na Carta de Tiago

Um propósito secundário do livro de Atos é o de demonstrar que o cristianismo merece continua liberdade, visto ter se derivado do judaísmo, que tinha direitos legais, e também por não ser politicamente desleal a Roma. Por conseguinte, com freqüência Lucas cita juízos favoráveis concernentes ao cristianismo e seus proponentes, por vários tipos de oficiais locais e provinciais do governo. Essa apologética se fazia necessária porque o cristianismo começou com a desvantagem do fato que seu fundador morrera como criminoso condenado sob um governador romano. Acresça se a isso que por onde quer que o cristianismo fosse chegando, estouravam perturbações da ordem. Mas, em seu evangelho, Lucas já havia demonstrado que tanto Pilatos quanto Herodes Antipas haviam pronunciado a inocência de Jesus, e que foi a pressão exercida pela turbamulta que originou a falha da justiça. No livro de Atos, igualmente, Lucas prova que as perturbações por causa do cristianismo se tinham originado devido à violência das multidões e devido a acusações falsas, frequentemente assacadas pelos judeus, e não por causa de quaisquer transgressões praticadas pelos cristãos propriamente ditos. Dessa maneira, portanto, Lucas esperava poder dissipar os preconcei¬tos contra o cristianismo, conquistando a simpatia de pessoas como Teófilo, cujo título, “excelentíssimo”, em Lucas 1:3, quiçá indique que ele ocupava posição aristocrática e até influência política, ou, pelo menos, fazia parte da classe média social (Compare com as palavras “excelentíssimo Festo”, em Atos 26:25.).