Hebraico Bíblico — Conhecimento Incompleto

HEBRAICO, BÍBLICO, INCOMPLETO, CONHECIMENTO, ESTUDO
Na realidade, o conhecimento do hebraico antigo de modo algum é completo. Conforme diz o Professor Burton L. Goddard: “O hebraico do V[elho] T[estamento], em grande parte, tem de ser autoexplanatório.” (The Zondervan Pictorial Bible Dictionary [O Dicionário Pictórico da Bíblia, de Zondervan], editado por M. Tenney, 1963, p. 345) O motivo é que se encontraram muito poucos escritos contemporâneos no idioma hebraico, que pudessem contribuir para o entendimento do uso das palavras. Entre os de certa importância há o calendário de Gezer (uma simples lista de atividades agrícolas, que se acha remontar ao décimo século AEC), alguns óstracos (cacos inscritos de cerâmica) de Samaria (principalmente pedidos e recibos de vinho, azeite e cevada, e geralmente atribuídos à primeira parte do oitavo século AEC), a Inscrição de Siloé (encontrada num túnel de água em Jerusalém e que se acredita datar do reinado do Rei Ezequias [745-717 AEC]), e os Óstracos de Laquis (provavelmente da última parte do sétimo século AEC).

Além disso, há uma inscrição fenícia no sarcófago do Rei Airão, em Biblos (Gebal), cuja linguagem se assemelha muito ao hebraico, e que se pensa ser do começo do primeiro milênio AEC; também a Pedra Moabita, evidentemente do fim do décimo ou começo do nono séculos AEC. A língua na Pedra Moabita é bem similar ao hebraico, conforme é de esperar, visto que os moabitas descenderam de Ló, sobrinho de Abraão. — Gên 19:30-37.

A soma das informações em todas estas inscrições, porém, é apenas uma pequena fração das encontradas nas Escrituras Hebraicas.

As próprias Escrituras Hebraicas, embora abranjam uma ampla variedade de assuntos e empreguem um vocabulário extenso, de modo algum contêm todas as palavras ou expressões do antigo hebraico. Por exemplo, a inscrição de Siloé e os óstracos de Laquis contêm certas construções de palavras e gramaticais que não aparecem nas Escrituras Hebraicas, no entanto, essas construções são claramente de origem hebraica. Sem dúvida, o vocabulário antigo dos que falavam hebraico continha muito mais “raízes”, além de milhares de palavras derivadas delas, do que conhecemos hoje.

Além das partes da Bíblia de que se sabe definitivamente que foram escritas em aramaico, há um número bastante grande de palavras e expressões encontradas nas Escrituras Hebraicas de que se desconhecem as “raízes”. Os lexicógrafos classificam muitas delas como “estrangeirismos”, afirmando que o hebraico as adotou de outras línguas semíticas, tais como o aramaico, o acadiano ou o árabe. Todavia, isto é especulação. Conforme declara Edward Horowitz: “Mas, às vezes, a adoção de termos é tão antiga, que os peritos não sabem que idioma os adotou e qual era o dono original.” (How the Hebrew Language Grew, pp. 3, 5) Parece mais provável que tais termos questionados sejam genuinamente hebraicos e constituam evidência adicional da deficiência do conhecimento moderno do alcance deste idioma antigo.

Entre as evidências que indicam que o hebraico antigo tinha um abundante vocabulário há escritos do começo da Era Comum. Estes incluem escritos religiosos não-bíblicos, que fazem parte dos Rolos do Mar Morto, e também a Míxena, um conjunto de escritos rabínicos em hebraico e que tratam das tradições judaicas. O Professor Meyer Waxman, escrevendo em The Encyclopedia Americana (A Enciclopédia Americana; 1956, Vol. XIV, p. 57a), diz: “O hebraico bíblico . . . não esgota todo o estoque de palavras, conforme é provado pela Míxena, a qual emprega centenas de palavras hebraicas não encontradas na Bíblia.” Naturalmente, algumas destas podem ter sido acréscimos posteriores ou expressões cunhadas, mas, sem dúvida, muitas delas faziam parte do vocabulário hebraico durante o período da escrita das Escrituras Hebraicas.