Livro de Malaquias — Fim da Profecia

Introdução

Com o livro de Malaquias foi arriada a cortina sobre a cena profética, até a vinda do Batista. As palavras vívidas e poderosas dos profetas não mais foram ouvidas. Os escribas e os sacerdotes se tornaram os principais personagens religiosos. A era criativa havia cedido lugar à era do aprendizado. Os judeus contavam, agora, com grande tesouro literário e seus exegetas, aqueles que expunham essa literatura, tornaram-se o novo canal para a voz de Deus. A respeito dessa situação que se aproximava, em que a religião era principalmente legalística, temos um claro sinal no livro de Malaquias.

O período intertestamentário, abrangendo cerca de quatro séculos, serve como uma junção significativa entre o ponto culminante da era profética do Antigo Testamento e o surgimento da revelação do Novo Testamento. Marcada por um silêncio de comunicação divina registrada, esta fase de transição é fundamental para a compreensão dos desenvolvimentos históricos, culturais e teológicos que levaram ao advento de Jesus Cristo.

O Fim da Era Profética do Antigo Testamento

O livro de Malaquias serve como a voz final da tradição profética do Antigo Testamento. Abordando questões de declínio moral e apatia religiosa, as profecias de Malaquias encerram um capítulo da comunicação divina direta. Posteriormente, o período após o ministério de Malaquias testemunha uma presença cada vez menor de vozes proféticas abertas, levantando questões sobre a continuidade da interação de Deus com Seu povo.

A lacuna entre Malaquias e o Novo Testamento

Em meio a mudanças políticas, o período intertestamentário testemunha a transição do Império Persa para o domínio helenístico sob a influência de Alexandre, o Grande. Esta época, marcada pelo controle selêucida e ptolomaico, molda o pano de fundo no qual se desenrolam as dinâmicas religiosas e culturais. A construção do Segundo Templo e o surgimento de seitas religiosas, como fariseus e saduceus, contribuem para a evolução da identidade judaica.

Em meio a essas mudanças, florescem as atividades literárias e textuais. A tradução das Escrituras Hebraicas para o grego (Septuaginta) ajuda a preservar e disseminar a sabedoria judaica. Surgem composições que mais tarde se tornariam conhecidas como Apócrifos e Pseudepígrafos, acrescentando profundidade ao pensamento judaico. À medida que as esperanças messiânicas se intensificam, as profecias, incluindo as do livro de Daniel, alimentam a expectativa de um Messias que restaurará Israel.

Conclusão

O período intertestamentário, um tempo de transformação histórica e espiritual, abre caminho para a revelação do Novo Testamento. Ele testemunha o culminar das profecias do Antigo Testamento, o surgimento de diversas expressões religiosas e o fortalecimento das expectativas messiânicas. Esta era, embora marcada por um silêncio divino percebido, serve como um interlúdio crucial que prepara o palco para a chegada de Jesus Cristo, cuja vida, ensinamentos e missão redentora ressoam com as promessas e temas que caracterizam o Antigo e o Novo Testamento.

Bibliografia

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