As Religiões Mistério — Mundo do Novo Testamento
As Religiões Mistério — Mundo do Novo Testamento
Nem a religião do estado nem o culto do imperador se mostraram inteiramente satisfatórios. Uma e o outro eram observados por sacrifícios rituais; uma e outro eram mantidos mais coletivamente do que individualmente, uma e outro procuravam mais a proteção da divindade do que a comunhão com ela; nem uma nem o outro apresentavam qualquer consolação ou força pessoal para tempos de aperto e aflição. A humanidade procurava uma fé mais pessoal que a levasse a um contato imediato com a divindade, e estava pronta para qualquer espécie de experiência que lhe prometesse esse contato.
As religiões mistério satisfizeram esse desejo. Eram, na maior parte, de origem oriental, posto que os mistérios Eleusinos estivessem a ser celebrados na Grécia desde havia muito tempo. O culto de Cibele, a Grande Mãe, veio da Ásia; o de Ísis e Osíris ou Serápio, do Egito; o Mitraísmo teve origem na Pérsia. Embora todos eles diferissem uns dos outros na origem e nos pormenores, todos eram iguais em certas características gerais. Todos tinham o seu centro num deus que tinha morrido e ressuscitado. Cada um deles tinha um ritual de fórmulas e purificações, de símbolo e das representações dramáticas secretas da experiência do deus, por meio dos quais o iniciado era levado a essa experiência, e assim era presumivelmente um candidato à imortalidade. O processo dessas iniciações era semelhante ao das modernas sociedades secretas. Cada religião mantinha uma fraternidade em que escravo e senhor, rico e pobre, alto e baixo, se encontravam no mesmo pé.
As religiões-mistério satisfaziam o desejo de imortalidade pessoal e de igualdade social. Apresentavam uma saída à emoção em mistério religioso, como a religião do estado fazia algumas vezes, e tornava a experiência religiosa fortemente pessoal. Nada nos é dito delas diretamente no Novo Testamento, mas julga-se que Paulo pode ter usado o seu vocabulário em ocasiões apropriadas, e que o “culto dos anjos” mencionado em Cl 2:18,19 é reflexo de uma tentativa de fusão de algum culto filosófico eclético com o cristianismo em Colossos.