A Educação — Judaísmo
Entre os judeus da Dispersão, deve ter tido a educação um importante lugar, desde tempos antigos, pois a sua sobrevivência dependia somente de perpetuação das suas convicções nacionais. Desarraigados da sua terra, sem defesa militar própria, só poderiam conservar a sua identidade nacional na proporção em que se mantivessem como um grupo separado, com a sua própria cultura e a sua vida espiritual. Num tempo tão recuado como o de Esdras, havia leitura pública da lei e ensino do seu significado — uma qualidade de educação adulta que era consistentemente mantida pela sinagoga.
A escola desenvolveu-se com a sinagoga. Nunca houve no Judaísmo a educação geral obrigatória que prevalece hoje; mas a comunidade judaica provia geralmente alguma espécie de instrução para as crianças, para que elas fôssem capazes de ler o Torah, escrever e fazer operações simples de aritmética.
As escolas da Palestina no tempo de Jesus Cristo eram tradicionalmente o resultado da influência de um famoso fariseu e escriba, Simão ben Shatach, que viveu cerca de 75 a. C. Segundo o Talmud, ele decretou que todas as crianças freqüentassem uma escola elementar. As suas palavras são citadas ambiguamente. Podem significar que as crianças deviam frequentar escolas já estabelecidas, ou que deviam ser organizadas escolas para elas. Em qualquer dos casos é atribuída a Simão uma reforma pela qual o estado provia professôres para rapazes das províncias, e pela qual também estabelecia escolas nas cidades das províncias. Josué ben Gamla instituiu escolas públicas para rapazes de seis e sete anos de idade em tôdas as cidades da Palestina. Havia um professor para cada vinte e cinco rapazes. Se houvesse quarenta rapazes, era dado um assistente ao professor. A instrução era limitada, mas completa. Antes da criança ir para a escola, era obrigada a aprender em casa o Shema, ou credo judaico (Dt 6:4), a que Jesus se referiu quando lhe perguntavam qual era o maior mandamento da lei (Mt 22:35-38). Devia também ter aprendido de memória passagens do Torah, certos provérbios comuns e alguns Salmos escolhidos. Na escola, submetido a exercícios pelo professor, devia repetir as palavras do Torah. Usualmente o professor sentava-se na plataforma baixa com os alunos sentados em cemicírculo na sua frente, como Paulo se sentou “aos pés de Gamaliel” (At 22:3) . Avançando o aluno, devia ser instruído no Mishna e no Talmud, e, se se mostrava brilhante e perspicaz, poderia por fim ser mandado para uma das escolas de preparação de escribas.
A educação judaica era estreita mas exata. O estudante era preparado para fazer primorosas distinções em definição e para se lembrar exatamente do que tinha sido aprendido. Ficava a saber o que estudava, e era capaz de interpretar a lei de qualquer ponto de vista. Pensamento original e investigação científica não eram, no entanto, estimulados. Os rabis do tempo de Jesus eram astutos em interpretar pontos minuciosos da lei e em questões casuísticas, mas davam pouca atenção aos conhecimentos do mundo natural que tão grande oportunidade têm nos programas das escolas modernas.
A educação judaica era inteiramente unificada, pois cada ramo do conhecimento judaico amalgamava-se com a teologia. A lei era o centro do currículo. Nas escolas mais adiantadas, eram permitidos alguns conhecimentos de grego e talvez um tanto de latim, mas muitos dos rabis olhavam o saber gentílico com desdém, e não permitiam aos seus alunos que a eles se dedicassem.
A educação vocacional era favorecida pelos judeus. Os rabis tinham o seguinte ditado: “Todo aquele que não ensina um ofício ao seu filho faz dele ladrão”. Usualmente cada jovem judeu aprendia a trabalhar com as suas mãos e assim se sustentava. O Senhor Jesus era carpinteiro (Mc 6:3), e Paulo fazia tendas (At 18:3) . Esta importância dada ao trabalho manual fazia do judeu um cidadão independente. Equilibrava as suas ocupações intelectuais com habilidades físicas e habituava-se a encontrar emprego lucrativo.
As moças não eram geralmente educadas nas escolas da sinagoga. Eram ensinadas em casa nas artes domésticas, que eram uma preparação para o casamento. Com a queda do estado judaico, o judaísmo sucumbiu perante o helenismo da Diáspora. Na Palestina, as escolas judaicas excluíram a erudição grega e organizaram o sistema estrito que caracterizou a ortodoxia judaica até hoje.
Um sinal característico da vida judaica era o entusiasmo pela educação. O estudo do Torah era um índice de piedade e o judeu devoto dedicava muito tempo ao estudo da lei. Visto que a cultura educacional era encarada como urn aspecto da religião, o povo judaico conservava um padrão intelectual que muitos gentios não tinham. Como diz Moore [1]:
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NOTAS
[1] Geroge Foot Moore, Judaism (Cambrigde: Harvard University Press, 1927), Vol. I, p. 322, citado por permissão.
A escola desenvolveu-se com a sinagoga. Nunca houve no Judaísmo a educação geral obrigatória que prevalece hoje; mas a comunidade judaica provia geralmente alguma espécie de instrução para as crianças, para que elas fôssem capazes de ler o Torah, escrever e fazer operações simples de aritmética.
As escolas da Palestina no tempo de Jesus Cristo eram tradicionalmente o resultado da influência de um famoso fariseu e escriba, Simão ben Shatach, que viveu cerca de 75 a. C. Segundo o Talmud, ele decretou que todas as crianças freqüentassem uma escola elementar. As suas palavras são citadas ambiguamente. Podem significar que as crianças deviam frequentar escolas já estabelecidas, ou que deviam ser organizadas escolas para elas. Em qualquer dos casos é atribuída a Simão uma reforma pela qual o estado provia professôres para rapazes das províncias, e pela qual também estabelecia escolas nas cidades das províncias. Josué ben Gamla instituiu escolas públicas para rapazes de seis e sete anos de idade em tôdas as cidades da Palestina. Havia um professor para cada vinte e cinco rapazes. Se houvesse quarenta rapazes, era dado um assistente ao professor. A instrução era limitada, mas completa. Antes da criança ir para a escola, era obrigada a aprender em casa o Shema, ou credo judaico (Dt 6:4), a que Jesus se referiu quando lhe perguntavam qual era o maior mandamento da lei (Mt 22:35-38). Devia também ter aprendido de memória passagens do Torah, certos provérbios comuns e alguns Salmos escolhidos. Na escola, submetido a exercícios pelo professor, devia repetir as palavras do Torah. Usualmente o professor sentava-se na plataforma baixa com os alunos sentados em cemicírculo na sua frente, como Paulo se sentou “aos pés de Gamaliel” (At 22:3) . Avançando o aluno, devia ser instruído no Mishna e no Talmud, e, se se mostrava brilhante e perspicaz, poderia por fim ser mandado para uma das escolas de preparação de escribas.
A educação judaica era estreita mas exata. O estudante era preparado para fazer primorosas distinções em definição e para se lembrar exatamente do que tinha sido aprendido. Ficava a saber o que estudava, e era capaz de interpretar a lei de qualquer ponto de vista. Pensamento original e investigação científica não eram, no entanto, estimulados. Os rabis do tempo de Jesus eram astutos em interpretar pontos minuciosos da lei e em questões casuísticas, mas davam pouca atenção aos conhecimentos do mundo natural que tão grande oportunidade têm nos programas das escolas modernas.
A educação judaica era inteiramente unificada, pois cada ramo do conhecimento judaico amalgamava-se com a teologia. A lei era o centro do currículo. Nas escolas mais adiantadas, eram permitidos alguns conhecimentos de grego e talvez um tanto de latim, mas muitos dos rabis olhavam o saber gentílico com desdém, e não permitiam aos seus alunos que a eles se dedicassem.
A educação vocacional era favorecida pelos judeus. Os rabis tinham o seguinte ditado: “Todo aquele que não ensina um ofício ao seu filho faz dele ladrão”. Usualmente cada jovem judeu aprendia a trabalhar com as suas mãos e assim se sustentava. O Senhor Jesus era carpinteiro (Mc 6:3), e Paulo fazia tendas (At 18:3) . Esta importância dada ao trabalho manual fazia do judeu um cidadão independente. Equilibrava as suas ocupações intelectuais com habilidades físicas e habituava-se a encontrar emprego lucrativo.
As moças não eram geralmente educadas nas escolas da sinagoga. Eram ensinadas em casa nas artes domésticas, que eram uma preparação para o casamento. Com a queda do estado judaico, o judaísmo sucumbiu perante o helenismo da Diáspora. Na Palestina, as escolas judaicas excluíram a erudição grega e organizaram o sistema estrito que caracterizou a ortodoxia judaica até hoje.
Um sinal característico da vida judaica era o entusiasmo pela educação. O estudo do Torah era um índice de piedade e o judeu devoto dedicava muito tempo ao estudo da lei. Visto que a cultura educacional era encarada como urn aspecto da religião, o povo judaico conservava um padrão intelectual que muitos gentios não tinham. Como diz Moore [1]:
“...O esforço para educar todo o povo na sua religião criou um único sistema de educação universal, cujos verdadeiros elementos compreendiam não semente a leitura e a escrita, mas uma língua antiga e a sua literatura clássica. O alto valor intelectual e religioso assim pesto na educação era indelevelmente impresso na mente e, pode-se dizer, no carácter judaico, e as instituições criadas para isso perpetuaram-se até ao presente.”
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NOTAS
[1] Geroge Foot Moore, Judaism (Cambrigde: Harvard University Press, 1927), Vol. I, p. 322, citado por permissão.