Evangelho de Mateus — Tema

CONTEÚDO, TEMA, EVANGELHO, LIVRO, MATEUS, APÓSTOLO
O tema do Evangelho de Mateus é anunciado nas suas palavras de abertura: “Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1:1). A fraseologia faz lembrar o livro de Gênesis, que é dividido em secções por meio da mesma expressão “livro das gerações de...” ou “estas são as gerações de...” (Gn 2:4; 5 :1; 6:9 e outras). Cada ocorrência desta frase marca um estágio no desenvolvimento da promessa messiânica. Os elos de ligação na história do povo de Deus aparecem pelo Gênesis afora e um aparece em Rute 4:18, onde a linha messiânica termina com Davi. Mateus apanha a genealogia neste ponto e ilustra o seu cumprimento na pessoa de Jesus.

A estrutura de Mateus é edificada à volta de um duplo esboço que pode ser traçado por frases repetidas no livro. A primeira é biográfica e é inteiramente semelhante à estrutura da biografia de Jesus em Marcos e em Lucas. Há dois pontos de divisão: o primeiro em Mt 4:17, “Desde esse tempo começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” e o segundo em Mt 16:21, “Desde esse tempo começou a mostrar aos seus discípulos que lhe era necessário ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado ao terceiro dia”. A primeira destas duas passagens indica o começo da carreira da pregação de Jesus que o leva à proeminência pública. A última passagem marcou o princípio do declínio da Sua popularidade e apontou para a culminação da sua carreira na cruz. O fato de estarem estes dois focos da Sua vida tão claramente marcados no Evangelho indica o franco propósito do autor apresentar dois aspectos da biografia de Jesus e mostra que ele tinha um conceito unitário dessa vida como um todo. O Evangelho não é mera agregação de ditos fragmentários e de histórias feitas ao acaso, mas é definitivamente organizado para mostrar como o Messias cumpriu a chamada que O trouxe ao mundo.

A outra estrutura de Mateus é peculiar deste primeiro Evangelho. Enquanto que o esboço previamente mencionado é uma interpretação biográfica da vida de Jesus, este outro esboço é tópico. O material está dividido em cinco blocos de texto, cada um deles está centrado em volta de um tema dominante e cada um deles termina com a frase “tendo Jesus acabado...”. Com a narrativa introdutória e a história conclusiva da Paixão, há, ao todo, sete divisões, que são resumidas num Epílogo que põe o leitor defronte das consequências das reivindicações messiânicas de Jesus. O agudo contraste da ação dos sacerdotes sobre o relatório da guarda do túmulo e a ação dos discípulos sobre a revelação do Senhor ressuscitado, compele o leitor a escolher a atitude que deve tomar. Ou deve formar ao lado dos guias judaicos que repudiavam Jesus e não deveriam reconhecer as Suas reivindicações em nenhumas circunstâncias, ou doutro modo deve tornar-se um discípulo de Cristo.