O Estoicismo — Mundo do Novo Testamento
O Estoicismo — Mundo do Novo Testamento
O Estoicismo surge emparceirado com o Epicurismo na passagem do Novo Testamento acima citada. O seu fundador foi Zenão (340 a 265 a.C.), natural de Chipre, e possivelmente de descendência semítica. Zenão não admitia um Deus pessoal, mas sustentava que o universo é governado por uma Razão Absoluta, com vontade divina nela imanente e enchendo-a plenamente. O desenvolvimento ou processo do mundo é assim governado, não pelo acaso, mas por um propósito progressivo.
O que vem a ser, portanto, o mais alto bem é a conformidade com a razão. O sentimento pessoal é sem importância ou até prejudicial, visto que tende a perturbar a solução racional dos problemas humanos. O perfeito autodomínio inamovível a considerações sentimentais, era o objetivo do estóico. A atitude daí resultante é que deu o principal significado ao uso moderno do termo.
Visto que os estoicos acreditavam que a natureza era aquilo que devia ser e que tudo o que acontecesse era regulado pela Providência, não havia motivo para pretenderem alterar o seu processo ou para deter o seu inexorável curso. O universo tinha de ser recebido como era, e não ser mudado. Esta atitude fatalista inculcava a restrição-própria e conseqüentemente criava um belo tipo de alta moralidade. Era aliciante, assim, para a mentalidade rígida e legal dos romanos, e muitos dos seus melhores estadistas, como Cícero, por exemplo, aderiram aos princípios estoicos.
O credo estoico, embora virtuoso, não era cristão. O livre arbítrio ou a existência real do mal não faziam parte desse credo. Para os estoicos, todos os males que aparecem eram apenas partes de um maior bem. Tal atitude excluía toda a ideia de reforma ou de mudança na ordem existente das coisas. O indivíduo estava obrigado a atuar em si próprio virtuosamente e a conformar-se com a mais alta razão que conhecia, mas não estava na obrigação de procurar mudar o destino dos homens nem de defendê-los das adversidades. Para o estoico não era possível nenhuma relação pessoal com Deus. Se a natureza se comportava imparcialmente com todos os homens, não usaria de favoritismo para com nenhum deles. Além disso, a ideia de relações pessoais com a razão universal ou com o processo cósmico havia de parecer quase tão inconsequente como o mostrar afeição para com a lei da atração universal.
Deus, segundo os estoicos, não tinha interesse pessoal nos problemas dos homens, pois Ele não era pessoal. O conceito plano do evangelho de Cristo, no qual Deus se opôs ao mal pelo envio do Seu Filho ao mundo para morrer pelos homens, seria completamente ridículo para o estoico. Embora muito da ética estoica fosse recomendável, e embora nalguns pontos se pareça com os mais altos padrões da ética cristã, os dois sistemas constituíam confederações independentes, tanto nos seus pressupostos como na sua prática. Merecem aqui referência mais um ou dois sistemas, se bem que fossem menos populares e tivessem menos influência do que os já mencionados.