O Panteão Greco-Romano — Mundo do Novo Testamento
O Panteão Greco-Romano — Mundo do Novo Testamento
A primitiva religião de Roma nos primeiros tempos da república era o animismo. Cada pequeno lavrador adorava os deuses da sua herdade e lar, que personificavam para ele as forças com que tinha de se haver na sua vida diária. Deuses da floresta e dos campos, deuses do céu e dos rios, deuses da sementeira e da ceifa — todos recebiam o seu culto nos seus lugares e nas suas épocas próprias. Sobrevivem ainda, até hoje, alguns vestígios de festas e ritos locais entre os camponeses da Itália e da Grécia. É possível que as festividades romanas da Saturnalia, que celebravam o dobrar do ano no solstício de Inverno, ecoem ainda um tanto na observância cristã do Natal.
Com o crescimento do estado militar e os consequentes contatos com a civilização grega, sobreveio unia fusão de divindades sob a influência dominante do panteão grego, Júpiter, deus do céu, foi identificado com o grego Zeus; Juno, sua mulher, com Hera; Neptuno, o deus do mar, com Posídeon; Plutão, o deus dos infernos, com Hades, e assim por diante. As divindades da lista completa de Homero foram assinaladas às suas correspondentes romanas. No reinado de Augusto, foram erigidos novos templos e fundados novos sacerdócios. Havia muitos adoradores que tributavam culto aos velhos deuses, tanto romanos como gregos, e que lhes prestavam as suas homenagens.
O culto do panteão grego tinha, no entanto, começado a declinar nos tempos de Cristo. As grosseiras imoralidades e as mesquinhas rixas dessas divindades, que eram apenas homens e mulheres ampliados, eram expostos ao ridículo dos escritores satíricos e ao escárnio dos filósofos. Mais de três séculos antes de Cristo já Platão tinha dito que os deuses deviam ser excluídos do estado ideal, visto que tenderiam a corromper a juventude com o seu mau exemplo (1). Os cultos filosóficos não davam lugar aos deuses nos seus esquemas e escarneciam abertamente deles. Havia indubitavelmente muitos devotos adoradores dos deuses, mas o seu número, em lugar de aumentar diminuía.
Um outro fator contribuía para destruir a velha atitude de reverência para com os deuses. Até àquele tempo, não tinham sido uniformemente adorados em todas as cidades; antes pelo contrário, cada cidade ou cidade-estado tinha um deles como patrono. O culto era meio-político; a pessoa era adoradora de Zeus, ou de Hera, ou de Artemis, porque acontecia viver numa cidade em que presidia essa divindade particular. Quando as cidades-estado capitulavam perante o poder militar de Roma, surgia naturalmente a questão “Por que é que a divindade local não protegeu o seu povo?” Os povos vencidos tinham a tendência para deixar a fé nos deuses que tinham sido fracos ou inconstantes em ajudá-los.
A observância pública dos ritos religiosos sobreviveu muito para além do primeiro século. Um exemplo saliente de tal culto arquivado no Novo Testamento é o da adoração de Artemis de Éfeso, a imagem que diziam ter caído do céu (At 19:27,35). A devoção fanática que era tributada a uma deusa local é bem evidenciada pelo ruidoso motim que encheu completamente o anfiteatro e clamava: “Grande é Diana (Artemis) dos Éfesos” (At 19:34).