Os Fariseus — Seitas no Judaísmo

Os Fariseus — Seitas no Judaísmo

Os Fariseus — Seitas no Judaísmo


A seita maior e de maior influência nos dias do Novo Testamento era a dos Fariseus. O seu nome deriva do verbo parash, “separar”. Eram os separatistas ou Puritanos do Judaísmo que se afastavam de todas as más associações e que procuravam prestar completa obediência a todos os preceitos da lei oral ou escrita. Esta seita formou-se pouco depois do tempo dos Macabeus e aí por 135 a.C. estava firmemente estabelecida.

A sua teologia fundamentava-se no cânon completo do Antigo Testamento que compreendia a lei de Moisés, ou Torah, os Profetas e as Escrituras. Usavam o método alegórico de interpretação, para poderem dispor de elasticidade bastante na aplicação dos princípios da lei a novas questões que pudessem ser levantadas. Ligavam muita importância à lei oral ou tradição que observavam escrupulosamente. Acreditavam na existência de anjos e de espíritos, na imortalidade da alma e na ressurreição do corpo. Praticavam a oração e o jejum rituais e entregavam o dízimo meticulosamente (Mt 23:23; 11:42). Eram muito estritos na guarda do sábado, não permitindo sequer a cura dos crentes, nem a ceifa de trigo para comer na jornada (Mt 12:1, 2). Kohler dá sete tipos de Fariseus extremistas (1):

1. O Fariseu “ombro”, que fazia ostentação das suas boas obras diante dos homens com uma insígnia no ombro.

2. O Fariseu “espere-um-pouco”, que pedia a qualquer pessoa que esperasse por ele enquanto realizava uma boa ação.

3. O Fariseu “cego”, que se feria a si próprio de encontro a uma parede, porque fechava os olhos para evitar ver uma mulher.

4. O Fariseu “pilão”, que andava com a cabeça pendente para não ver tentações sedutoras.

5. O Fariseu “eterno-contador”, que andava sempre a contar se as suas boas ações se equiparavam às suas faltas.

6. O Fariseu “temente-a-Deus”, que, como Jó, era verdadeiramente justo.

7. O Fariseu “amante-de-Deus”, como Abraão.

Posto que muitos dos fariseus fossem tão introspectivamente objetivos na obediência à lei que muitas vezes se tornassem ruidosamente homens de justiça própria, havia muitos outros entre eles que eram verdadeiramente homens virtuosos e bons. Nem todos eles eram hipócritas. Nicodemos, que procurou Cristo tão zelosamente durante o Seu ministério terreno, e que, por fim, partilhou com José de Arimateia à responsabilidade do sepultamento do corpo de Jesus Cristo, era um fariseu. Saulo de Tarso, que por muito veemente perseguidor da igreja que fosse, confessava que era fariseu e filho de fariseu (At. 23:6) e que “quanto à justiça que há na lei era irrepreensível” (Fl. 3:6). Os padrões morais e espirituais do Farisaísmo podem ter tido tendência para a justiça própria e, consequentemente, para a hipocrisia, mas eram, no entanto, elevados padrões, em comparação com a média daquele tempo. De todas as seitas do Judaísmo, só o Farisaísmo sobreviveu. Tornou-se o fundamento do Judaísmo ortodoxo moderno, que segue o modelo da moralidade, do cerimonialismo e do legalismo farisaico.


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NOTAS
(1) Kaufmann Kohler, “Fariseus”, na Jewish Encyclopedia, IX, 661-666.