Os Helenistas — Mundo do Novo Testamento

Um muito maior número de judeus, no entanto, tinha recebido a cultura greco-romana e tinha deixado de ser caracteristicamente judaico, menos em matéria de fé. Falavam grego ou a língua da nação em que viviam; adotavam os costumes desses povos; e em muitos casos eram virtualmente indistinguíveis como judeus. Nos seus cultos havia elementos sincréticos, como na sinagoga Dura-Europos, no Eufrates, que tinha nos mosaicos e nas pinturas parietais cenas da mitologia pagã.

Em Atos 6 são mencionadas as duas classes de judeus, onde a divisão entre elas começa a fazer perigar a unidade da Igreja. E claro que os Helenistas eram um tanto mais largos nas suas simpatias do que os Hebraístas e eram talvez um pouco mais prontos para distinguir as mais amplas implicações das Escrituras do Antigo Testamento. Estêvão foi provavelmente um deles. Contando as duas classes, havia no império romano um total de cerca de quatro milhões e meio de judeus. Geralmente não tinham a simpatia do povo, devido a sua forte característica tribal e ainda porque não tomavam parte no culto público das divindades pagãs. Eram muitas vezes chamados ateus por aqueles que não podiam conceber que alguém prestasse culto a um Deus invisível. Por outro lado, a sua sobriedade, a sua atividade e a sua superior moralidade recomendava-os aos seus vizinhos, que eram compelidos a reconhecer a sua capacidade e integridade.

Havendo motivos, os judeus eram capazes de ser turbulentos, particularmente quando era ameaçada a sua liberdade religiosa. No reinado de Cláudio, foram expulsos de Roma, devido a um levante, e mais tarde provocaram sérios tumultos em Alexandria. Não há evidência de que tivessem qualquer parte na guerra judaica de 66 a 70 d.C., ou de que fizessem qualquer protesto contra o cerco e tomada de Jerusalém. A sua aparente indiferença perante o estado da nação, mesmo quando exilados entre os gentios, faz parte do paradoxo no caráter judaico.

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