Transportes e Viagens — Mundo do Novo Testamento
Transportes e Viagens — Mundo do Novo Testamento
O domínio de Roma sobre as províncias era grandemente facilitado pelo seu excelente sistema de estradas, que até a era recente do automóvel, era o melhor que o mundo tinha jamais conhecido. Os romanos construíram as suas estradas tão direitas quanto possível, fazendo cortes através dos montes e usando viadutos para transpor vales e rios. Na construção das suas estradas escavavam o solo e enchiam o leito da estrada com três camadas diferentes de material, elevando o centro para escoamento das águas e pavimentando a parte superior com pedra. As estradas tinham, por vezes, uma largura superior a cinco metros mas eram lisas e duráveis. Algumas delas ainda hoje são usadas.
Ao longo destas estradas que de Roma para a fronteira se estendiam em todas as direções, marcharam os exércitos e as caravanas de comércio. O correio imperial levava as correspondências oficiais, enquanto que o comércio particular tinha os seus próprios correios.
Algumas destas estradas tornaram-se famosas na antiguidade. A Via Apia era a principal estrada de comunicação entre Roma e o sul da Itália. Ia de Roma até Brindes, por Cápua. De Brindes, podia o viajante navegar para oriente até Dirráguio, na costa ocidental do Ilírico, de onde a Via Egnácia corria através do Ilírico, da Macedônia até Tessalônica, e daí até Bizâncio, a Constantinopla atual. Uma outra estrada se dirigia de Trôade a Éfeso, na costa ocidental da Asia Menor, seguindo depois para leste, por Laodicéia e Colossos até Antioquia da Pisídia, e daí para o sul, por Icônio e Derbe até o desfiladeiro das Portas Cilicianas, através das quais continuava para Tarso e para Antioquia, da Síria. Outras estradas conduziam de Antioquia para o Oriente, até o Eufrates, onde encontravam os caminhos comerciais para a India.
A Via Flamínia dirigia-se para o norte, de Roma para Arímino e daí para Mediolano (2). De Mediolano, várias estradas se dirigiam para ocidente, para a Gália, a Germânia, a Récia e Nórico.
A Via Cláudia Augusta, começada em 15 a . C . e acabada por Cláudio, ligava Verona com o Danúbio. Outras estradas ao longo do Danúbio ligavam Verona com Bizâncio.
Para Ocidente, a Via Aurélia ia de Roma a Gênova, de onde, pela Via Domícia, se comunicava com Massília (Marselha). A Via Augusta ia de Massília, através dos Pireneus, até Tarragona (Tarraco) e daí, para o sul até o rio Sucrão, e, por Córdova e Híspales (Sevilha) até Gades (Cádis), na Espanha.
Na Gália e na Bretanha havia muitas estradas mais curtas que ligavam, umas às outras, as principais cidades. Os veículos que percorriam estas estradas variavam com a riqueza dos donos. Havia pessoas que percorriam a pé enfadonhos quilômetros. Outras faziam o percurso em jumentos. Os mais prósperos tinham recursos para cavalos e mulas e os funcionários públicos e magnates viajavam em carruagens. Havia hospedarias a distâncias convenientes e assim os viajantes podiam parar para terem as suas refeições ou para passarem a noite. Um pequeno número dessas hospedarias eram luxuosas, e as hospedarias realmente limpas eram provàvelmente ainda menos. Os viajantes da classe média e os da alta classe contavam geralmente com a hospitalidade dos seus amigos, e assim não ficavam à mercê dos ambiciosos estalajadeiros e dos seus criados sem consciência.
A maioria dos transportes comerciais era feita por água. O Mediterrâneo tinha muitos e bons portos, que estavam cheios de movimento na época própria da navegação. O principal porto era o de Alexandria, visto ser o lugar da saída da colheita dos cereais do Egito.
Os maiores e melhores navios de comércio da época eram os de Alexandria. Alguns deles tinham mais de sessenta metros de comprimento. Eram navios à vela, mas tinham remos bastantes para serem manobrados pela tripulação em caso de emergência. Um dos maiores navios de que há notícia transportava mil e duzentos passageiros, além da carga. A maior parte dos navios de Alexandria ocupavam-se no transporte do trigo que supria as necessidades de Roma. No reinado de Cláudio eram os referidos barcos subsidiados pelo Governo, para que fosse assegurada a entrega regular de cereais para sustento da população. Quando o Apóstolo Paulo sofreu naufrágio, viajavam num navio de Alexandria (At 27:6); e, depois de salvo em Malta, viajou para Itália noutro (At 28:11), que tinha o nome de “Os Dois Irmãos”.
Os navios de guerra eram mais leves e rápidos do que os navios mercantes e eram geralmente movidos a remos impelidos por escravos das galés. Eram comuns os navios com duas, três e cinco ordens de remos; e havia-os até com dez. Algumas vezes, em cruzeiro, navegavam à vela. Em batalha, cujo resultado dependia da ação dos navios, tornava-se necessário a propulsão a remo para que o movimento fosse seguro e exato. Nos rios e canais interiores, usavam-se barcaças, principalmente para fretes. Ao que parece, pouco uso se fazia delas no transporte de pessoas. Não há menção dessa natureza de transportes, no Novo Testamento.