EIKON “Imagem”, “Semelhança” — DTNT

EIKON, SIGNIFICADO, NOVO TESTAMENTO, GREGO, PALAVRA, IMAGEM
“Imagem”, “semelhança”, “forma”, “aparência”

CL eiken, deriva de eoika, que tem a força do tempo verbal do presente, e se traduz “ser semelhante”, “ser como” (da forma rara eike, atestada por Homero, e que significa “pareceu bom”, “apareceu”); significa “imagem”, “cópia”: (a) uma “pintura”; “estatua”, “figura” numa moeda, “figura” de um deus; (b) “comparação”, “símile”,(c) “imagem”, “semelhança”, “representação”. Conforme o pensamento gr., uma “imagem” participa da realidade daquilo que representa. A essência da coisa aparece na imagem, e.g., a própria divindiade está presente e operante na sua imagem (cf. a magia e os milagres operados através das imagens).

AT eiken se emprega para 5 palavras heb. diferentes, inclusive pesel (Is 40;19-20), tebunah (Os 13:2), demut (Gn 5:1), e semel e sêmel (Dt 4:16; 2 Cr 33:7), mas sua principal ocorrência é para traduzir selem (Gn 1:26-27; 5:1, 3; 9:6; 1 Sm 6:22; 2 its 11:18; Si 39[346; 73[72]:20; Ez 7;20; 16:17; 23:14; Dn 2:31) e selem (Dn 2:31;34-35; 3:1-18). Não tem equivaleirte heb. em Sab. 2:23, 7:26, 13:13, 16;14:15 17; 15:5; 17:21; Sir, 17:3,11, no período mosaico, eram totalmente proibidas as imagens (Ex 20:4; Dt 27:5). Isto porque a imagem não era a totalidade da realidade, e só confundiria o relacionamento de Israel com o Deus verdadeiro (Dt 4:16; 2 Rs 11:18). Entre os vizinhos de Israel, a imagens de um deus servia como meio de controlar o deus. Era uma fonte de poder nas mão do sacerdote nos seus relacionamentos com a divindade (cf. K. H. Bernhardt, Gott und Bild, 1956). Israel aprendeu a zombar da fabricação dos ídolos (Is 40:19-20), como também a ter terror deles (Ez 7:20; 8:5; 16:17; 23;14). Estas duas linhas de pensamento podem ser percebidas em Dn caps. 2 e 3, (--> Deutero-Isaías, Glossário.)

Em contraste com isto, o relacionamento entre Israel e Deus se baseia na Sua aliança e na Sua palavra. As imagens religiosas nada podem revelar da Sua natureza eidolon. Somente o homem pode ser chamado a “imagem” (selem) de Deus (Gn 1:26-27; 5:1 e segs.; 9:6). O alvo e o propósito da imagem de Deus no homem é o domínio sobre o mundo. “Deus colocou o homem no mundo como sinal da Sua própria autoridade, a fim de que o homem sustentasse os direitos de Deus como Senhor” (G. von Rad, Teologia do Antigo Testamento, I, 1973, 154; cf. Si 8:5-6; Sir. 17:3-4). (PPTZ1 Gn 1:26-27 declara que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, sem porém, explicar tal declaração. Parece claro, no entanto, à luz do conceito vetero-testamentirio do homem e a mulher, que os termos imagem e semelhança são sinônimos e referem-se ao ser humano como um todo:

Espiritualidade, razão, emotividade, moralidade, relacionamento extrasexual. Nos dizeres de von Rad, “a fé em Javé no considerou jamais Deus Como antropomorfo, mas, pelo contrario, encarou o homem como teomorfo” (op. cit., 153).

Gn 5:3 declara que Adão gerou Sete “em sua semelhança, conforme a sua imagem.” Muitas vezes tem se usado este verso como base para a idéia da perda da imagem de Deus pelo homem por causa do pecado. Gn 9:6, por sua vez, é reivindicado em defesa da tese contrária. Parece-me que este debate é estéril. O fato da Queda mostra a origem do pecado humano, o qual ocasionou a expulsão do homem da presença de Deus. Tendo o conceito acima sobre a imago Dei, é claro que o pecado a afetou serlamente, muito embora não a tenha destruído, o que seria impossível. Se tal acontecesse, o homem deixaria de ser homem, seria corno os animais. De qualquer forma, a imago Dei já não mais é vista perfeitamente no homem em virtude do pecado. (cf. D Kidner, Genesis, 19812,47-49, 75; A. A. Jones,NDB, 740.)

A idéia de a queda desfigurar a imagem de Deus se subentende em Sab. 2:23 (et Sab. 13-15). O judaísmo rabínico não questionava a imago Dei (“imagem de Deus”) em príncipio. Mesmo assim, considerava-se que ela, devido ao pecado do indivíduo, podia ser diminuída ou até perdida (cf. G. Kittel, TDNT II, 392 e segs.)

NT Em Mt 22:20; Mc 12:16; Lc 20:24, emprega-se eikõn da “imagem” do imperador sobre o denário. Os judeus piedosos odiavam estas moedas, não somente porque subentendiam a quebra do segundo mandamento, como também porque era o retrato de um soberano estrangeiro. (Sobre esta passagem, ver J. D. M. Derrell, “Render unto Caesar” em The Zealots and Jesus, ed. C. F. D. Moule e E Banimod [no prelo]; César.)

No Apocalipse, a imagem da besta (13:14; Animal; Número) uma imagem cultual (talvez aquela do imperador, ou do Nero redivivus [cf. R. H. Charles, The Revelation of St. John, ICC, I, 1920, 3601). A adoração dela acarreta a apostasia. O Mundo clássico tinha um conceito de imagens dos deuses que falavam e se movimentavam (Ap 13:15); cf. Charles, (op. cit., 361).

Em Hb 10:1 eikon significa a forma verdadeira das coisas boas que hão de vir, forma esta que surgiu em Jesus Cristo, em contraste com a Lei que é mera sombra deste coisas. Em 2 Co 4:4 e Cl I :15, declara-se que Cristo é a imagem ou semelhança de Deus. Em Cristo, vemos a Deus (cf. Jo 149). Ao participar em Cristo, o homem ganhou de volta a imagem de Deus (Rm 8:29) que era o propósito original de sua criação (1 Co 11:7). Cristo realizou o destino do homem no sentido de ser a imagem de Deus que foi desfigurada mediante o pecado. Em comunhão com Cristo, somos transformados para ser imagem dEle (Ef 4:24; Cl 3:10). Paulo pode falar desta transformação como sendo um acontecimento presente (2 Co 3:18; Ci 3:10), e também como um evento escatológico, ainda no futuro (1 Co 15:49; Fp 3:21). “Como todos os dons dos quais os cristãos participam, o eikón é aparchen [“primícias”, Sacrifício. Isto significa que já agora é assim, mas que também ainda ha de ser” (G. Kittel. TDNT Ii, 397). Tg 3:9 repete a declaração do VT de que o homem foi criado semelhante a Deus.

O. Fleder