Ideia Messiânica no Judaísmo
Ideia Messiânica no Judaísmo
A palavra “messias” não ocorre com grande freqüência na literatura do período intertestamentário. Os Salmos de Salomão foram produzidos por um autor desconhecido, que foi aceito no círculo dos fariseus pouco tempo depois que Pompeu colocou a Palestina sob o controle de Roma, no ano 63 a.C. Este judeu devoto ora pela vinda do Reino de Deus (17:4) por intermédio do rei prometido, o Filho de Davi (17:5, 23). Este rei deve ser “o ungido do Senhor” (17:6), o qual, quando for levantado, ferirá a terra com a palavra de sua boca, purificará a terra do pecado, esmagará as nações pagas e libertará Jerusalém, e, depois de ajuntar as tribos de Israel, reinará para sempre. Esta é uma oração pelo cumprimento das profecias do Antigo Testamento referentes ao rei davídico, que deveria ser levantado dentre o povo para livrar Israel dos seus inimigos, para trazer o Reino de Deus e para governá-lo como o Rei Ungido de Deus. O Reino desejado é terreno e político em sua forma, embora um tom fortemente religioso possa ser percebido. Este rei davídico será capacitado com poderes sobrenaturais, pois suas armas não serão aquelas da mera violência física e do armamento militar, mas “com uma vara de ferro quebrará em pedaços toda a sua substância, e destruirá as nações ímpias com a palavra de sua boca” (17:26, 27).
A comunidade de Qumran esperava dois ungidos: um sacerdote ungido (de Arão) e um rei ungido (de Israel). O messias sacerdotal recebeu a supremacia sobre o messias real, porque os sectários de Qumran eram derivados de uma origem sacerdotal e exaltaram seu ofício. Entretanto, o messias davídico desempenha um importante papel em suas expectativas. “Não faltará monarca à tribo de Judá quando Israel governar, e não faltará um descendente que se assente no trono de Davi. Pois o cetro do comandante é a aliança do reinado, e os pés são os milhares de Israel. Até que o Messias da Justiça venha, o Renovo de Davi; pois a Ele e à sua semente foi dado a aliança do reino de seu povo por todas as gerações”.[1]
As Similitudes de Enoque apresentam um conceito diferente: um filho do homem preexistente, divino e sobrenatural, que foi mantido na presença de Deus até o tempo próprio, e que depois estabeleceria o Reino de Deus sobre a terra. Obviamente, isto é uma interpretação da midrash de “um como o filho do homem”, em Daniel 7:13. Este Filho do Homem divino é bem diferente do rei Davídico terreno, e é costume entre os estudiosos usar o termo “messias” somente para fazer referência ao rei davídico. Entretanto, em duas passagens (1 Enoque 48:10; 52:4) o Filho do Homem é chamado de Messias.
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NOTAS
1. As bênçãos patriarcais no 4Q. Veja A. Dupont-Sommer, The Essene Writings from Qumran (1961), 314 e ss. Veja também 1QSb 5:20 (ibid., 112) na qual o “Príncipe da Congregação” reinará com justiça, devastará a terra com o seu cetro, e matará os ímpios com o sopro de sua boca.