Planejar Sem Consultar a Deus — Tiago 4:13-17

PLANEJAR, DEUS, CONSULTAR, SEM, CARTA DE TIAGO
Volta-se Tiago a outra forma de dar combate a Deus, a saber, o mundanismo no sentido de fazer planos para o futuro sem levar Deus em conta. Os negociantes judeus iriam aos centros comerciais da época, isto é, Antioquia, Alexandria, Damasco, Corinto, etc., e em cada uma dessas praças de comércio gastar tempo considerável. Comprar, vender e lucrar (13) são atividades legítimas (13); tornam-se porém corrompidas e imorais se desempenhadas sem qualquer referência a Deus e à Sua vontade, e sem consideração à brevidade da vida (cfr. Pv 27.1 e Lc 12.16-21). Não sabeis o que sucederá amanhã (14). A vida é de todo em todo precária, e Deus não deixou ao alcance de nenhuma de Suas criaturas controlar o futuro por um momento que seja. Daí o absurdo de fazer cálculos à parte de Deus. Tiago não condena fazer planos para o futuro. Nosso Senhor manda que sejamos prudentes e previdentes. O que ele condena é planejar sem consideração a Deus, acrescentando uma pergunta incisiva para ilustrar o ponto. Que é a vossa vida? (14). A própria pergunta é uma reprimenda, porém a resposta é dura e inflexível. A vida humana, na melhor das hipóteses, vista à luz da eternidade, é apenas como neblina, que aparece por instante e logo se dissipa. O apóstolo relaciona a vida do homem com uma vontade mais elevada que a sua, e procura corrigir a falsa maneira de encarar as atividades humanas, lembrando a seus leitores que a vontade de Deus, é suprema e que os planos deles, quanto ao futuro, devem levar o timbre Deo volente (se Deus quiser). Eles todavia têm cometido a falta de exultar na sua suposta auto-suficiência, vangloriando-se, com efeito, de que podem viver independentemente de Deus. O homem que vive mais seguro é o que menos confiança tem em si mesmo. A verdadeira sabedoria e a verdadeira humildade conservam Deus continuamente em vista. O argumento encerra-se com uma aplicação impressionante. Diz o apóstolo, praticamente, “Mostrei-vos o que é direito fazer; todo fracasso de vossa parte em realizá-lo é, portanto, pecado” (17; Moff.). O perigo está em que, embora concordando com a verdade abstrata da brevidade da vida e da incerteza quanto ao futuro, prossigam praticamente como antes, fazendo planos para o futuro sem consideração à vontade de Deus. Tal atitude é da própria essência do pecado. Este consiste não só em fazer o mal, mas em deixar de fazer o bem que se conhece. Se não agimos na inteira dependência de Deus, pecamos. “Pecado é qualquer falta de conformidade com a vontade de Deus”. Quando Ele faz conhecida a Sua vontade, é de nossa responsabilidade agir em conformidade com ela.