Antiga e a Nova Aliança: Diferenças — Hebreus 12:18-24


ALIANÇA, CONTRASTES, ANTIGA, NOVA, HEBREUS, ESTUDO BIBLICOSComo cristãos haviam entrado da antiga para a nova aliança, entrando no desfrutamento de coisas bem diferentes daquelas que haviam sido provadas, sob o antigo pacto, por aqueles que saíram do Egito. Aquelas coisas eram terrenas, visíveis, aterrorizantes e medonhas; mas estas, do novo pacto, são celestiais, invisíveis, todo-gloriosas e todo-graciosas. No deserto os israelitas estiveram realmente na presença de um monte tangível e de um fogo que efetivamente queimava. O local foi sombreado de nuvens, trevas espessas e violenta tempestade (v. 18). Ouviram o sonido de uma trombeta e uma voz que proferia palavra (v. 19). A experiência inteira foi tão aterrorizante que o povo rogou que a mesma cessasse (Êx 20.18-19). Visto que até mesmo um animal que se aventurasse muito perto, tinha de ser apedrejado por motivo de sacrilégio, eles temeram por suas próprias vidas (20; ver Êx 19.12; Dt 5.25). Até o próprio Moisés foi avassalado de terror (21). Quão diferente é a experiência do aproximar-se de Deus, mediante a qual, na qualidade de cristãos, foram chamados a dela participar! Os crentes cristãos chegam até às realidades celestiais invisíveis, que correspondem aos meros tipos terrenos e realmente os cumprem. Chegam até ao verdadeiro monte e à verdadeira cidade de Deus, onde Deus efetivamente habita; chegam até às hostes angelicais em festivo arraial (v. 22); chegam até à congregação dos privilegiados dotados da herança celestial; chegam até o único todo-soberano Deus, que é Aquele que os vindica; chegam até aos espíritos dos justos (isto é, ou os santos do Antigo Testamento ou todos os crentes que já faleceram e partiram), cuja bênção já foi consumada (v. 23); chegam até Jesus, o Mediador desse recentemente estabelecido (gr. nea, não kaine, conforme usualmente) pacto; e chegam até o sangue da aspersão, que fala da remissão de pecados, o qual faz contraste com o sangue de Abel, que clamou por vingança (Gn 4.10), e assim (em contraste à voz no Sinai) lhes são oferecidas calorosa recepção e paz assegurada (v. 24).

No grego, nenhum dos termos usados nas duas listas descritivas, que se encontram nesses versículos, é precedido pelo artigo definido. O escritor estava simplesmente descrevendo características distintivas das duas alianças. A palavra “monte” que aparece em algumas versões, no versículo 18, não ocorre nos melhores manuscritos gregos. A ênfase primária recai sobre o caráter total da revelação no Sinai como algo tangível (cfr. 1Jo 1.1), e não sobre sua localização particular em um monte. Por outro lado, visto que há um óbvio contraste inicial entre o monte Sinai e o monte Sião, a inserção da palavra “monte” (aqui foi inserido o termo fogo) é apropriada e não errônea. E a incontáveis hostes de anjos (v. 22); a descrição “dezenas de milhares” ou “miríades” (grego) é comumente usada acerca dos anjos (cfr. Dt 33.2; Dn 7.10). Universal assembléia (23; gr. panegyris) significa “reunião festiva” e descreve os anjos; faz contraste com sua aterrorizante manifestação sobre o Sinai. Primogênitos (v. 23) expressa a idéia de privilégio e herança, bênçãos essas que Esaú desprezou (v. 16). Estando no plural, essa palavra descreve todos aqueles que pertencem à Igreja. São o grupo que possui direitos peculiares na Jerusalém celestial e cujos nomes, por conseguinte, estão arrolados no registro de seus cidadãos (cfr. Lc 10.20; Ap 21.27). Note-se que é até aquela igreja, a única verdadeira Igreja no céu, que aqueles crentes hebreus haviam chegado. A obra coroadora e inclusiva de Jesus (v. 24), na qualidade de nosso grande Sumo Sacerdote entronizado no céu, é mediar no caso de todos aqueles que a Ele se aproximam, dando-lhes as bênçãos prometidas da aliança agora estabelecida e selada para sempre por Seu sangue derramado e aspergido. Cfr. Hb 7.20-22; Hb 8.6; Hb 13.20-21.