Eficácia do Sacerdote de Cristo — Hebreus 7:1-28
Eficácia do Sacerdote de Cristo — Hebreus 7:1-28
O escritor sagrado já havia asseverado que Jesus pode ser, para todos quantos O obedecem, o autor de uma eterna salvação, visto ter-se tornado, a favor deles, um Sumo Sacerdote para sempre “segundo a ordem de Melquisedeque” (ver Hb 5.6,9,10). É a respeito desse novo e distintivo ofício e obra sacerdotais de Jesus, acerca do que ele tinha “muitas cousas que dizer” (Hb 5.11), que ele agora se lançou a expor de modo completo. As próprias Escrituras do Antigo Testamento tanto provêem como autorizam o emprego dessa ilustração ou modelo, a saber, o sacerdócio de Melquisedeque após cuja ordem o Messias foi declarado sacerdote para sempre, mediante juramento divino (ver Gn 14.17-20; Sl 110.4). O escritor sagrado, pois, começa a expor justamente as implicações envolvidas nessas Escrituras e a significação desse modelo divinamente ordenado. Essa nova ordem de sacerdócio subentende e envolve diferença de e superioridade sobre a antiga ordem levítica superando-a. Acresce que a nova ordem (ainda que o sacerdócio levítico tenha falhado nesse ponto) tornou possível a realização da esperança da religião inteira, a saber, o livre acesso a Deus e a plena e completa salvação pessoal.
O registro no livro de Gênesis indica duas coisas acerca desse Melquisedeque -sua contínua permanência e sua grandeza. Sua contínua permanência é indicada pelo silêncio, e sua grandeza é indicada positivamente por suas declarações. Isso quer dizer que tanto o que é declarado como o que é omitido nas Escrituras, é igualmente importante. É fato realmente notável que, no livro de Gênesis, nada seja dito sobre os antepassados de Melquisedeque; pois, no Antigo Testamento as genealogias se revestem de grande importância, particularmente no caso dos sacerdotes. Melquisedeque é simplesmente apresentado como um sacerdote por seu próprio direito, e não por motivo de descendência física. Semelhantemente, não são mencionados nem seu nascimento nem sua morte. Ele aparece uma única vez no registro sagrado como personalidade viva, e é deixado a habitar sozinho e “para sempre” nas mentes dos leitores como Melquisedeque, o sacerdote. Nada também é dito acerca de qualquer sucessor seu. Em tudo isso ele é feito, pelo próprio silêncio das Escrituras, parecer-se ao Filho de Deus (3; note-se o título divino, e contraste-se com o vers. 22), que apareceu uma vez só na história, mas que não conhece começo de dias nem fim de vida. Jesus é Sumo Sacerdote de conformidade com essa classe, único e “para sempre”.
Além disso, o registro do livro de Gênesis deixa claro a grandeza de Melquisedeque. Pois não foi outro senão o próprio Abraão, o patriarca, que lhe deu o dízimo, ou décima parte, selecionando-o dentre o melhor dos despojos. E fez isso na hora de sua própria vitória, quando poderia ter reivindicado o primeiro lugar, não sendo segundo para quem quer que fosse na terra. Outrossim, Melquisedeque realmente abençoou a Abraão, o que prova que, por mais favorecido por Deus que fosse Abraão, Melquisedeque era ainda maior que ele. Por outro lado, Melquisedeque é maior que os sacerdotes levitas. Estes têm apenas um direito legal de receber dízimos da parte de seus iguais. Mas Abraão reconheceu que Melquisedeque tinha um direito inerente de ser considerado como seu superior. Além disso, “por assim dizer” (9), isto é, embora alguns julguem que tal conclusão seja um tanto incomum, é possível considerar que, naquilo que Abraão fez, também estava envolvido seu descendente Levi, o qual assim compartilhou no reconhecimento da grandeza e superioridade de Melquisedeque. Note-se que as Escrituras pintam-no como alguém que era ao mesmo tempo sacerdote e rei (1). A combinação desses dois ofícios deveria ser a característica distintiva do Messias. Cfr. Hb 8.1 e Zc 6.13. Semelhantemente, os sentidos das palavras hebraicas sugerem que, na qualidade de “Melquisedeque” ele era rei de paz (2). Note-se, igualmente, o significado da ordem aqui salientada, primeiramente a justiça, e então a paz. Cfr. Hb 12.11; Is 32.17; Tg 3.17-18.
Além disso, existe prova independente que esse sacerdócio segundo a classe de Melquisedeque, pertence a nosso Senhor, é radicalmente diferente do sacerdócio levítico, e muitíssimo superior ao mesmo. Pois existe uma passagem bíblica profética (Sl 110.4) que ensina que o Messias seria um sacerdote divinamente nomeado de acordo com essa classificação de Melquisedeque. Essa indicação bíblica sobre a necessidade de uma nova ordem sacerdotal implica claramente em que a ordem levítica então existente havia fracassado, não atingindo seu fim tencionado ou verdadeira perfeição (11). Outrossim, o sacerdócio era algo tão fundamental na antiga aliança entre Deus e Seu Povo (a relação inteira era constituída na dependência a esse ministério), que qualquer alteração na ordem sacerdotal tornava necessária e envolvia a mudança da constituição inteira; isto é, implicava em nada menos que a implantação de uma nova aliança, realmente melhor que a primeira (12-22).
Uma das características distintivas da nova ordem é então observada (13-14). Os sacerdotes da antiga ordem tinham de ser descendentes de Levi. Contudo sabemos, não apenas pela profecia bíblica, mas igualmente pelos fatos históricos concernentes a Jesus, que Aquele (assim é deixado subentendido pelo escritor sacro) a Quem aceitamos como Messias, agradou-se em ser membro de outra das tribos de Israel. Pois era do conhecimento público que Jesus procedeu de Judá (14), uma tribo que não possuía qualquer reivindicação à ordem de sacerdotes nomeada por Moisés. Note-se aqui a destacada descrição de Jesus como nosso Senhor (14). Isso corresponde, nesta passagem, ao pensamento que encontramos em Sl 110.1, no qual Davi O chama de “meu Senhor”.
Além disso, a base sobre a qual nosso Senhor tem o direito de ser Sacerdote, torna ainda mais óbvio que houve uma completa alteração na lei que governava o sacerdócio. Sob a antiga dispensação, as qualificações necessárias, tanto para que alguém fosse sacerdote como para que se desincumbisse das funções sacerdotais, eram todas físicas e externas, dependentes de conformidade com a lei (16). Tratava-se de questão primeiramente de pureza física, por meio dos rituais apropriados. Mas, sob a nova ordem de coisas, as qualificações necessárias de Cristo, para ser Sacerdote e completar com sucesso Sua obra sacerdotal, são essencialmente espirituais e internas. Dependem da posse pessoal de uma vida que não pode ser destruída (16), bem como da conseqüente aptidão para levar até o término ou plena perfeição a Sua obra de salvar os homens. Essa diferença é deixada inquestionavelmente clara pela descrição do novo Sacerdote como Aquele que se levantou “à semelhança de Melquisedeque” (15). A característica distintiva do sacerdócio de Melquisedeque é que tal sacerdócio é para sempre (17). Aquele que deve ser Sacerdote dessa classe deve possuir uma vida que não somente nunca termina, mas também que nunca pode ser exterminada (16). Eis porque Ele é capaz de fazer o que nenhum sacerdote levita jamais pôde fazer. Jesus pode ao mesmo tempo apresentar os homens a Deus (19) e salvá-los até o limite extremo (25). Pois, a morte física de Jesus, como Homem, não significou a dissolução de Sua vida eterna como Deus. Ele entrou no Céu como Aquele que é vivo, e ali se encontra vivendo para todo o sempre. Em outras palavras, Sua vida indissolúvel possibilitou-O, em Sua morte humana e através dela, de continuar agindo e de entrar no céu, assim apresentando-se a Deus como o Cordeiro que foi morto. Além disso, isso tornou certo que, na presença de Deus, Ele agora permanece vivo para todo o sempre.
Acresce que tão solene introdução de um novo Sacerdote, por parte de Deus, por si mesma já é suficiente para cancelar a ordem antiga, provando que a mesma era tão somente temporária e provisória. Realmente, à luz do que Cristo fez agora, podemos perceber que a lei antiga era completamente impotente e inútil. Indiretamente, portanto, o escritor sagrado estava ensinando, àqueles seus leitores judeus, que deveriam reconhecer isso, na qualidade de crentes cristãos, não sendo tão insensatos a ponto de continuar confiando na antiga ordem judaica; pois essa ordem foi divinamente ultrapassada, pois o próprio Deus "introduziu" algo melhor, capaz de realizar aquilo que a antiga ordem estava impossibilitada de fazer, dando-nos pleno acesso até à presença de Deus.
Novamente, o novo sacerdócio é superior ao antigo visto ter sido constituído mediante um juramento de Deus. Isso é testemunho que a nova ordem sacerdotal é uma realização divina, que foi assim duplamente confirmada, isto é, pela palavra de Deus e pelo juramento de Deus (cfr. Hb 6.13-18). Por conseguinte, a nova ordem não pode falhar, à semelhança da antiga. Acresce que, sendo assim divinamente instituído, tal sacerdócio é para sempre (21). Jamais chegará o dia quando esse Sacerdote deixará de existir ou quando Seu sacerdócio deixará de ser eficaz. O juramento divino implica em algo que é final, eterno, imutável. Portanto, Jesus, que assim nos foi concedido como o Sacerdote da nova aliança, serve-nos, ao mesmo tempo, de Aquele que garante o pacto novo, que é infinitamente melhor que o antigo (22). Note-se, que ambas as expressões nos chegamos (19) e fiador (22) provavelmente se originam na mesma raiz grega. Jesus é Aquele que “assegura relações íntimas permanentes com Deus”.
Visto que esse Sacerdote continua para sempre, Seu sacerdócio nunca, como aconteceu ao sacerdócio levítico, passará para algum outro por motivo de Sua morte (23-24). Pois o Seu sacerdócio é intocável pela morte. É imutável (24). Ninguém jamais se aproximará de Deus, esperando que Jesus o salve, deixando-o de encontrar ali, permanentemente vivo e pronto para intervir a favor de sua causa. E, visto que Ele assim vive para sempre, a fim de funcionar como Mediador e Sacerdote a favor de Seu povo, também é capaz de levar a seu término completo a salvação de todos que desse modo se aproximam de Deus, confiando em Jesus. O tempo verbal presente dos verbos “salvar” e “se chegam” (25), bem pode sugerir uma experiência continuada resultante de uma prática constante. Ele é capaz de “continuar salvando” aqueles que “continuam se chegando”, isto é, aqueles que assim se habituaram a aproximar-se de Deus.
Os vers. 25-28 sumarizam o que o escritor sagrado vinha dizendo. Nosso Sumo Sacerdote cristão é proeminentemente grande. E somente Alguém grande tal como Ele estava apto para satisfazer nossa necessidade e garantir nossa completa salvação. Quanto ao Seu caráter (26), Ele é santo para Deus, e para os homens é inculpável, e em Si mesmo é sem mácula. Ele está livre de qualquer polução que poderia incapacitá-lo para a obra de Seu ofício. No que tange à Sua esfera de operação, Ele foi feito superior e mais elevado que todos os homens pecaminosos, visto haver sido removido para o céu, onde se encontra exaltado a uma posição que envolve a mais alta dignidade possível-à mão direita de Deus. Em contraste com os sacerdotes levitas, Ele não necessita de oferecer sacrifícios repetidos pelo pecado. Caso isso lhe fosse necessário, Ele teria de oferecê-los todos os dias (27), pois o Seu trabalho sacerdotal prossegue diariamente. Porém, toda a oferta necessária pelos pecados Ele consumou uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu (27). Aqui temos um novo pensamento (ainda que o mesmo já tivesse sido sugerido), e que deve ser desenvolvido adiante na epístola. Na qualidade de Alguém cuja vida não foi dissolvida pela morte humana, Ele é capaz, como ninguém poderia fazer outro tanto, de ser ao mesmo tempo Sacerdote e Vítima; pois Ele a si mesmo se ofereceu.
Semelhantemente, o novo pacto é vastamente superior ao antigo. O antigo era uma lei que nomeava como sumos sacerdotes a homens fracos e incapazes de atingir o fim autêntico do ministério sacerdotal. A nova ordem, que substituiu a lei, foi constituída por um juramento feito pelo próprio Deus. Essa nova ordem nomeia como Sumo Sacerdote Alguém que é deidade, o verdadeiro Filho de Deus, Alguém que, por motivo de Sua encarnação, morte, ressurreição e ascensão, se tornou perfeita e permanentemente competente para desincumbir-se de Seu ofício para sempre (28), podendo salvar totalmente, a todos quantos por ele se chegam a Deus (25).
O registro no livro de Gênesis indica duas coisas acerca desse Melquisedeque -sua contínua permanência e sua grandeza. Sua contínua permanência é indicada pelo silêncio, e sua grandeza é indicada positivamente por suas declarações. Isso quer dizer que tanto o que é declarado como o que é omitido nas Escrituras, é igualmente importante. É fato realmente notável que, no livro de Gênesis, nada seja dito sobre os antepassados de Melquisedeque; pois, no Antigo Testamento as genealogias se revestem de grande importância, particularmente no caso dos sacerdotes. Melquisedeque é simplesmente apresentado como um sacerdote por seu próprio direito, e não por motivo de descendência física. Semelhantemente, não são mencionados nem seu nascimento nem sua morte. Ele aparece uma única vez no registro sagrado como personalidade viva, e é deixado a habitar sozinho e “para sempre” nas mentes dos leitores como Melquisedeque, o sacerdote. Nada também é dito acerca de qualquer sucessor seu. Em tudo isso ele é feito, pelo próprio silêncio das Escrituras, parecer-se ao Filho de Deus (3; note-se o título divino, e contraste-se com o vers. 22), que apareceu uma vez só na história, mas que não conhece começo de dias nem fim de vida. Jesus é Sumo Sacerdote de conformidade com essa classe, único e “para sempre”.
Além disso, o registro do livro de Gênesis deixa claro a grandeza de Melquisedeque. Pois não foi outro senão o próprio Abraão, o patriarca, que lhe deu o dízimo, ou décima parte, selecionando-o dentre o melhor dos despojos. E fez isso na hora de sua própria vitória, quando poderia ter reivindicado o primeiro lugar, não sendo segundo para quem quer que fosse na terra. Outrossim, Melquisedeque realmente abençoou a Abraão, o que prova que, por mais favorecido por Deus que fosse Abraão, Melquisedeque era ainda maior que ele. Por outro lado, Melquisedeque é maior que os sacerdotes levitas. Estes têm apenas um direito legal de receber dízimos da parte de seus iguais. Mas Abraão reconheceu que Melquisedeque tinha um direito inerente de ser considerado como seu superior. Além disso, “por assim dizer” (9), isto é, embora alguns julguem que tal conclusão seja um tanto incomum, é possível considerar que, naquilo que Abraão fez, também estava envolvido seu descendente Levi, o qual assim compartilhou no reconhecimento da grandeza e superioridade de Melquisedeque. Note-se que as Escrituras pintam-no como alguém que era ao mesmo tempo sacerdote e rei (1). A combinação desses dois ofícios deveria ser a característica distintiva do Messias. Cfr. Hb 8.1 e Zc 6.13. Semelhantemente, os sentidos das palavras hebraicas sugerem que, na qualidade de “Melquisedeque” ele era rei de paz (2). Note-se, igualmente, o significado da ordem aqui salientada, primeiramente a justiça, e então a paz. Cfr. Hb 12.11; Is 32.17; Tg 3.17-18.
Além disso, existe prova independente que esse sacerdócio segundo a classe de Melquisedeque, pertence a nosso Senhor, é radicalmente diferente do sacerdócio levítico, e muitíssimo superior ao mesmo. Pois existe uma passagem bíblica profética (Sl 110.4) que ensina que o Messias seria um sacerdote divinamente nomeado de acordo com essa classificação de Melquisedeque. Essa indicação bíblica sobre a necessidade de uma nova ordem sacerdotal implica claramente em que a ordem levítica então existente havia fracassado, não atingindo seu fim tencionado ou verdadeira perfeição (11). Outrossim, o sacerdócio era algo tão fundamental na antiga aliança entre Deus e Seu Povo (a relação inteira era constituída na dependência a esse ministério), que qualquer alteração na ordem sacerdotal tornava necessária e envolvia a mudança da constituição inteira; isto é, implicava em nada menos que a implantação de uma nova aliança, realmente melhor que a primeira (12-22).
Uma das características distintivas da nova ordem é então observada (13-14). Os sacerdotes da antiga ordem tinham de ser descendentes de Levi. Contudo sabemos, não apenas pela profecia bíblica, mas igualmente pelos fatos históricos concernentes a Jesus, que Aquele (assim é deixado subentendido pelo escritor sacro) a Quem aceitamos como Messias, agradou-se em ser membro de outra das tribos de Israel. Pois era do conhecimento público que Jesus procedeu de Judá (14), uma tribo que não possuía qualquer reivindicação à ordem de sacerdotes nomeada por Moisés. Note-se aqui a destacada descrição de Jesus como nosso Senhor (14). Isso corresponde, nesta passagem, ao pensamento que encontramos em Sl 110.1, no qual Davi O chama de “meu Senhor”.
Além disso, a base sobre a qual nosso Senhor tem o direito de ser Sacerdote, torna ainda mais óbvio que houve uma completa alteração na lei que governava o sacerdócio. Sob a antiga dispensação, as qualificações necessárias, tanto para que alguém fosse sacerdote como para que se desincumbisse das funções sacerdotais, eram todas físicas e externas, dependentes de conformidade com a lei (16). Tratava-se de questão primeiramente de pureza física, por meio dos rituais apropriados. Mas, sob a nova ordem de coisas, as qualificações necessárias de Cristo, para ser Sacerdote e completar com sucesso Sua obra sacerdotal, são essencialmente espirituais e internas. Dependem da posse pessoal de uma vida que não pode ser destruída (16), bem como da conseqüente aptidão para levar até o término ou plena perfeição a Sua obra de salvar os homens. Essa diferença é deixada inquestionavelmente clara pela descrição do novo Sacerdote como Aquele que se levantou “à semelhança de Melquisedeque” (15). A característica distintiva do sacerdócio de Melquisedeque é que tal sacerdócio é para sempre (17). Aquele que deve ser Sacerdote dessa classe deve possuir uma vida que não somente nunca termina, mas também que nunca pode ser exterminada (16). Eis porque Ele é capaz de fazer o que nenhum sacerdote levita jamais pôde fazer. Jesus pode ao mesmo tempo apresentar os homens a Deus (19) e salvá-los até o limite extremo (25). Pois, a morte física de Jesus, como Homem, não significou a dissolução de Sua vida eterna como Deus. Ele entrou no Céu como Aquele que é vivo, e ali se encontra vivendo para todo o sempre. Em outras palavras, Sua vida indissolúvel possibilitou-O, em Sua morte humana e através dela, de continuar agindo e de entrar no céu, assim apresentando-se a Deus como o Cordeiro que foi morto. Além disso, isso tornou certo que, na presença de Deus, Ele agora permanece vivo para todo o sempre.
Acresce que tão solene introdução de um novo Sacerdote, por parte de Deus, por si mesma já é suficiente para cancelar a ordem antiga, provando que a mesma era tão somente temporária e provisória. Realmente, à luz do que Cristo fez agora, podemos perceber que a lei antiga era completamente impotente e inútil. Indiretamente, portanto, o escritor sagrado estava ensinando, àqueles seus leitores judeus, que deveriam reconhecer isso, na qualidade de crentes cristãos, não sendo tão insensatos a ponto de continuar confiando na antiga ordem judaica; pois essa ordem foi divinamente ultrapassada, pois o próprio Deus "introduziu" algo melhor, capaz de realizar aquilo que a antiga ordem estava impossibilitada de fazer, dando-nos pleno acesso até à presença de Deus.
Novamente, o novo sacerdócio é superior ao antigo visto ter sido constituído mediante um juramento de Deus. Isso é testemunho que a nova ordem sacerdotal é uma realização divina, que foi assim duplamente confirmada, isto é, pela palavra de Deus e pelo juramento de Deus (cfr. Hb 6.13-18). Por conseguinte, a nova ordem não pode falhar, à semelhança da antiga. Acresce que, sendo assim divinamente instituído, tal sacerdócio é para sempre (21). Jamais chegará o dia quando esse Sacerdote deixará de existir ou quando Seu sacerdócio deixará de ser eficaz. O juramento divino implica em algo que é final, eterno, imutável. Portanto, Jesus, que assim nos foi concedido como o Sacerdote da nova aliança, serve-nos, ao mesmo tempo, de Aquele que garante o pacto novo, que é infinitamente melhor que o antigo (22). Note-se, que ambas as expressões nos chegamos (19) e fiador (22) provavelmente se originam na mesma raiz grega. Jesus é Aquele que “assegura relações íntimas permanentes com Deus”.
Visto que esse Sacerdote continua para sempre, Seu sacerdócio nunca, como aconteceu ao sacerdócio levítico, passará para algum outro por motivo de Sua morte (23-24). Pois o Seu sacerdócio é intocável pela morte. É imutável (24). Ninguém jamais se aproximará de Deus, esperando que Jesus o salve, deixando-o de encontrar ali, permanentemente vivo e pronto para intervir a favor de sua causa. E, visto que Ele assim vive para sempre, a fim de funcionar como Mediador e Sacerdote a favor de Seu povo, também é capaz de levar a seu término completo a salvação de todos que desse modo se aproximam de Deus, confiando em Jesus. O tempo verbal presente dos verbos “salvar” e “se chegam” (25), bem pode sugerir uma experiência continuada resultante de uma prática constante. Ele é capaz de “continuar salvando” aqueles que “continuam se chegando”, isto é, aqueles que assim se habituaram a aproximar-se de Deus.
Os vers. 25-28 sumarizam o que o escritor sagrado vinha dizendo. Nosso Sumo Sacerdote cristão é proeminentemente grande. E somente Alguém grande tal como Ele estava apto para satisfazer nossa necessidade e garantir nossa completa salvação. Quanto ao Seu caráter (26), Ele é santo para Deus, e para os homens é inculpável, e em Si mesmo é sem mácula. Ele está livre de qualquer polução que poderia incapacitá-lo para a obra de Seu ofício. No que tange à Sua esfera de operação, Ele foi feito superior e mais elevado que todos os homens pecaminosos, visto haver sido removido para o céu, onde se encontra exaltado a uma posição que envolve a mais alta dignidade possível-à mão direita de Deus. Em contraste com os sacerdotes levitas, Ele não necessita de oferecer sacrifícios repetidos pelo pecado. Caso isso lhe fosse necessário, Ele teria de oferecê-los todos os dias (27), pois o Seu trabalho sacerdotal prossegue diariamente. Porém, toda a oferta necessária pelos pecados Ele consumou uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu (27). Aqui temos um novo pensamento (ainda que o mesmo já tivesse sido sugerido), e que deve ser desenvolvido adiante na epístola. Na qualidade de Alguém cuja vida não foi dissolvida pela morte humana, Ele é capaz, como ninguém poderia fazer outro tanto, de ser ao mesmo tempo Sacerdote e Vítima; pois Ele a si mesmo se ofereceu.
Semelhantemente, o novo pacto é vastamente superior ao antigo. O antigo era uma lei que nomeava como sumos sacerdotes a homens fracos e incapazes de atingir o fim autêntico do ministério sacerdotal. A nova ordem, que substituiu a lei, foi constituída por um juramento feito pelo próprio Deus. Essa nova ordem nomeia como Sumo Sacerdote Alguém que é deidade, o verdadeiro Filho de Deus, Alguém que, por motivo de Sua encarnação, morte, ressurreição e ascensão, se tornou perfeita e permanentemente competente para desincumbir-se de Seu ofício para sempre (28), podendo salvar totalmente, a todos quantos por ele se chegam a Deus (25).