Excelência do Ministério Sumo Sacerdotal de Cristo — Hebreus 8:1-6
Excelência do Ministério Sumo Sacerdotal de Cristo
(Leia Hebreus 8:1-6)
Nesta altura o escritor sagrado chega à verdade culminante de tudo quanto tinha a dizer, a saber, que nós, os crentes cristãos (em contraste com os judeus da ordem do Antigo Testamento), possuímos um Sumo Sacerdote dessa classe única e proeminente: Alguém que em Si mesmo é a realidade, que corresponde e cumpre o padrão dado por Deus sobre o sacerdócio; Alguém cujo ministério, por conseguinte, é cumprido na esfera celestial e não na esfera terrena; Alguém cuja obra foi consumada pela entronização à mão direita de Deus; e Alguém que, por isso mesmo, é apto para cumprir um mais excelente ministério na qualidade de mediador de um novo e melhor pacto.
É importante reconhecer esse fato, visto que Cristo se tornou ministro do verdadeiro tabernáculo (2), tendo entrado, em nosso lugar, não em algum santuário terreno, mas na própria presença de Deus, pois a esfera total de Seu ministério deve ser reputada como nos céus (1) e não na terra (4). Isso explica por que Ele é invisível e não consumou Sua obra, à semelhança do sumo sacerdote judaico, com cerimônias elaboradas, em algum tempo terreno grandioso e visível-uma verdade que cabia ser entendida pelos leitores judaicos da epístola. Os sacerdotes judaicos, que serviam sobre a terra, pertenciam a uma classe diferente, à qual Jesus jamais pertenceu. Além disso, a ordem do serviço daqueles, apesar de transmitida por Deus, não passava de uma cópia ou sombra da realidade celestial (5). O trabalho de Cristo era cumprir essa realidade celestial. Isso também explica por que foi necessário que Ele morresse. Pois o padrão mostra que aquele que se aproximasse de Deus, como Sumo Sacerdote a favor dos homens, precisava ter algo que oferecer (3). Portanto, Cristo ofereceu-se a Si mesmo. Cfr. Hb 7.27; Hb 9.14; Hb 10.10. Essa oferta foi totalmente realizada e consumada por meio de um só ato decisivo. No grego, o termo verbal aoristo do verbo oferecer (3), sugere um único ato consumado, e não uma atividade contínua. Portanto, Jesus, atualmente, nada está oferecendo. Com efeito, o fato que Sua oferta singular foi aceita como eternamente suficiente, é demonstrado pelo fato que Ele agora se encontra permanentemente entronizado no lugar de todo poder (cfr. Hb 10.12-13), estando assim totalmente capacitado para salvar todos quantos por Seu intermédio se chegam a Deus. É justamente essa realização celeste e sua consumação bem sucedida, através de Sua entronização, que fizeram dEle o Mediador eficaz do maravilhoso novo pacto. Não admira, pois, que o escritor sagrado tenha descrito Seu ministério como muito diferente do sacerdócio levítico. Não admira, igualmente, que nossa possessão (temos) de um Sumo Sacerdote de tal espécie seja chamada de o essencial das cousas que temos dito (1), o cume da revelação e da redenção, a verdade coroadora de tudo.
Note-se cuidadosamente a distinção que o escritor sagrado faz entre as realidades celestes e sua cópia terrena ou representação figurada (2-5; cfr. Hb 9.23-24; Hb 10.1). Visto que Jesus pertencia à ordem celestial, e não àquela que estava na terra (4) Sua oferta de Si mesmo (ainda que tivesse morrido como Homem sobre a terra), só pode ser devidamente apreciada se compreendermos que ela foi efetuada em relação ao tabernáculo celestial, e que foi consumada no trono de Deus (cfr. Hb 1.3; Hb 10.12; Hb 12.2). Compare-se o modo pelo qual os crentes cristãos, ainda que continuem vivendo sobre a terra, devem considerar-se pertencentes ao céu (ver Hb 3.1; Hb 12.22-23); e como são exortados a, acompanhando Jesus, entrarem nos céus e se aproximarem ousadamente até o trono da graça (ver. Hb 4.14-16). A adoração dos crentes, à semelhança da obra sacerdotal de Cristo, não se verifica “na terra”.