Exortação para Entrar no Descanso — Hebreus 4:1-13

DESCANSO, ENTRAR, EXORTAÇÃO, HEBREUS, ESTUDO BIBLICOS
Exortação para Entrar no Descanso (Leia Hebreus 4:1-13). Há um motivo urgente para que o indivíduo dê atenção à advertência visto que, por um lado, a promessa divina de entrada no descanso de Deus continua de pé, e, por outro lado, o não abraçá-la pode resultar em uma perda impossível de ser remediada, uma perda permanente das melhores bênçãos de Deus. É possível falhar (v. 1) ou ser “deixado para trás”. O escritor novamente salienta que a companhia inteira dos cristãos deveriam estar precavidos a fim de que nenhum indivíduo sequer viesse a falhar. Cfr. Hb 3.12-13; Hb 12.15.

Essa promessa de entrada no descanso de Deus é oferecida novamente aos homens mediante a pregação do Evangelho de Cristo (v. 2). É isso que outorga aos homens de “Hoje” a oportunidade de “ouvir Sua voz”. Mas, conforme as Escrituras do Antigo Testamento deixam claro, quando os homens escutam a Palavra proferida por Deus, podem usufruir das bênçãos que Ele promete somente quando se tornam vitalmente unidos a ela por meio da resposta positiva da fé (v. 2); ou, seguindo um texto alternativo nos manuscritos, se confiadamente se associarem com aqueles que a obedecem (v. 2). Embora Deus tivesse jurado que os israelitas incrédulos não entrariam em Seu descanso, fica claro, pela presente experiência dos crentes cristãos, que Cristo trouxe esse descanso até o alcance de Seu povo. Pois aqueles que se tornaram crentes em realidade estão entrando nesse mesmo descanso (v. 3).

Cf. Título do Livro de Apocalipse
Cf. Teologia do Livro de Apocalipse
Cf. Introdução Geral ao Livro de Apocalipse
Cf. Fundo Histórico do Livro de Apocalipse

Esse descanso de Deus tem existido, para os homens dele participarem, desde que a criação do mundo terminou; E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera (v. 4). Esse descanso não consiste de mera inatividade; a palavra descreve a satisfação e o repouso da realização bem sucedida. Outrossim, as palavras das Escrituras que falam sobre esse assunto (Gn 2.2 e Sl 95.11) devem ser consideradas como a própria palavra e o testemunho de Deus sobre a questão. Essas palavras demonstram, primeiramente, que o próprio Deus descansou. Em segundo lugar, ainda que por implicação, indicam que Seu propósito claro é que os homens também entrem e compartilhem de Seu descanso. Sua palavra a respeito garante a sua certeza; Deus nunca profere palavras vãs. Em terceiro lugar, somos informados que aqueles para quem a oportunidade foi oferecida pela primeira vez, no deserto, falharam por não tê-la abraçado, em vista de sua incredulidade, e assim foram, pela palavra do mesmo Deus, solenemente proibidos de toda esperança de admissão ao Seu descanso: Não entrarão no meu descanso (v. 3-5). Semelhantemente vemos que a herança até à qual o povo foi liderado por Josué não pode ser o descanso prometido, pois muito tempo depois de Josué, nos dias de Davi, Deus fala sobre uma nova oportunidade (Hoje) dos homens ouvirem Sua voz e entrarem em Seu descanso.

É claro, por conseguinte, que Deus tenciona que Seu povo compartilhe de Seu próprio “repouso sabático”. Essa é a recompensa que o Senhor tem reservado para eles. Entrada nesse repouso significa a cessação das próprias obras, tal como Deus descansou da obra da criação no Seu sábado de descanso. Portanto, tal alvo, em sua plenitude, é algo que jaz além desta existência. Não obstante, aqueles que encontram salvação e vida nova em Cristo, começam a experimentá-lo desde agora e nesta vida ainda. Assim, conforme o escritor sagrado já havia dito (v. 3), aqueles que dão o passo decisivo e se tornam crentes cristãos, estão entrando no descanso de Deus. Já começaram a desfrutar de uma bênção que ainda não está consumada. Sua possessão é ao mesmo tempo atual e futura. Portanto, todos nós precisamos exibir zelo e intenso esforço para continuarmos nessa caminhada (v. 11), a fim de que nem um só dentre nós venha a cair pelo caminho, tornando-se semelhante aos israelitas, que caíram no deserto (cfr. a esposa de Ló), outro exemplo de desobediência incrédula, ainda que semelhante. É algo muito solene tornar-se alguém uma testemunha negativa da verdade das promessas de Deus ao deixar-se “cair” ou “ficar para trás”. É muito melhor ser uma testemunha positiva e entrar no descanso. Aqueles que têm ouvido a voz de Deus inexoravelmente se tornam uma coisa ou outra.

É conveniente, nesse caso, considerar o caráter da Palavra com a qual somos confrontados, a palavra das Escrituras e do Evangelho, caso tenhamos de apreciar plenamente a responsabilidade sob a qual somos postos ao ouvi-la. Pois essa Palavra é a Palavra de Deus (v. 12). Ela participa dos atributos do próprio Deus. Ela é viva e plena de atividade e poder de realização. Nela o próprio Deus acha-se ativo, pelo que ela jamais deixa de produzir resultado: traz salvação ou julgamento. Ela penetra até o mais íntimo do ser do homem, como se fosse um bisturi dissecador, e força uma aberta e radical divisão e distinção entre as coisas que diferem na vida humana. Põe sob juízo os pensamentos e as idéias da mente e da vontade humanas. Ela é o “crítico” (gr. kritikos) (aqui traduzida como apta para discernir) pelo qual somos julgados. Confrontado por ela, o homem é confrontado por Deus, perante Quem nada pode ser ocultado. De fato a Palavra de Deus nos deixa cônscios de que todas as coisas estão descobertas e patentes, plenamente expostas ao olhar perscrutador de Deus. E é justamente a Ele, o Deus onde se originou essa Palavra, que todos quantos ouvem-na (gr. logos) terão de finalmente dar uma resposta com sua própria palavra ou “prestação de contas” (gr. logos). Patentes (v. 13). O termo grego significa “com a cabeça curvada para trás e o pescoço desnudo”. Sugere a impossibilidade de ocultar o próprio rosto. Na prestação de contas final, todos deverão olhar para Deus e ser olhados por Ele, face a face.