O Fim dos Ímpios — Jó 27:7-23

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Esta passagem apresenta-nos certas dificuldades. É difícil compreender a relação existente entre a afirmação de inocência feita por Jó e esta descrição do fim dos ímpios. Os amigos haviam mantido que a iniqüidade estava sempre na origem da adversidade e haviam, por isso, negado a inocência de Jó. A sua acusação era a conseqüência lógica do princípio que os informava. E eis que, sem uma palavra de aviso, Jó nos aparece como fervoroso adepto do mesmo credo. Em segundo lugar a passagem contradiz, declaradamente, tudo o que Jó dissera já sobre a prosperidade dos ímpios. Cfr. Jó 21.22 e segs. Jó 24.1 e segs., e note-se o contraste entre Jó 27.14 e Jó 21.11. Em nenhuma outra parte do livro se encontram, nos discursos de Jó, versículos paralelos a estes. Por outro lado, a passagem soaria perfeitamente natural nos lábios dos amigos. Há duas alternativas. Podemos argumentar que Jó pode ter modificado a sua maneira de pensar. “Ele fortalece todos os argumentos dos amigos”, comenta alguém. No capítulo 26 encontramo-lo a rivalizar com Bildade na exaltação da grandeza de Deus sem renunciar a um credo mais elevado. Talvez com a presente passagem o autor quisesse apresentar-nos um Jó simpatizante com a verdade geral dos sentimentos dos seus amigos, mas recusando-se a aceitar a arbitrariedade e a estreiteza da sua aplicação dos mesmos. Por outro lado muitas autoridades bíblicas mantêm que a passagem se encontra aqui deslocada e atribuem-na a Zofar. Desse modo cada um dos amigos de Jó falaria três vezes. Concernente à mão de Deus (v.11). As palavras têm um acento estranho. Quem as profere empreende a tarefa de ensinar aqueles cujos discursos passados revelam o seu perfeito conhecimento da matéria. Como a traça (v.18). Leia-se, do acordo com a versão siríaca e a Septuaginta “como a aranha”. A cabana (v.18); habitação frágil edificada pelo guarda da vinha. Note-se a versão da Septuaginta para o versículo 19a: “Rico se deita, mas rico não voltará a deitar-se”. Seus olhos abre e ele não será (v.19b); os seus olhos, mal vislumbram a destruição que se aproxima, fecham-se para sempre. O bater de palmas (v.23) é um gesto de indignação. Ver por exemplo, Nm 24.10.