A Sabedoria nem Sempre é Apreciada — Eclesiastes 9:11-18

Eclesiastes 9:11-18


Neste mundo, as coisas saem muitas vezes bem diferentes do que se espera. Conforme observou o Rei Salomão: ‘O sábio pode não ter alimento e os que têm conhecimento podem estar no desfavor.’ (Ecl. 9:11) Um motivo básico disso é que os homens amiúde julgam pela aparência externa, em vez de pela condição real das coisas.

O sábio Rei Salomão apresentou uma notável ilustração disso, que para ele era “grande”. Lemos: “Vi também o seguinte com respeito à sabedoria debaixo do sol — e ela era grande para mim [“que foi para mim uma grande lição”, Pontifício Instituto Bíblico]: Havia uma pequena cidade [um lugar bem insignificante] e os homens nela eram poucos [portanto, havia poucos homens disponíveis para defendê-la]; e chegou a ela um grande rei, e cercou-a, e construiu contra ela grandes fortalezas. E achava-se nela um homem, necessitado, mas sábio, e este pôs a cidade a salvo com a sua sabedoria. Mas homem algum se lembrou daquele homem necessitado.” (Ecl. 9:13-15) Se não fosse o homem sábio, necessitado, a cidade teria caído nas mãos do “grande rei”. Acontece que a sabedoria do pobre mostrou-se superior às obras de sítio e aos guerreiros do rei. Não obstante, o povo, em vez de sentir-se endividado para com o necessitado, esqueceu-se totalmente dele, depois de ter passado o perigo.

Salomão tirou disso a seguinte conclusão: “A sabedoria é melhor do que a potência; no entanto, a sabedoria do necessitado é desprezada e não se escutam as suas palavras.” (Ecl. 9:16) Sim, caso o homem não tenha posição elevada ou destaque, suas palavras demasiadas vezes nem são tomadas em consideração. Dá-se-lhes pouco peso. Às vezes, talvez como último recurso, as palavras sábias dum necessitado são acatadas, mas, uma vez passada a crise, não se lhe dá honra. — Veja 1 Coríntios 1:26, 27; 2:8-11.

Ainda assim, a sabedoria é de grande valor, e certamente não deve sempre ser desconsiderada, só porque vem duma fonte despretensiosa. Salomão continuou: “As palavras dos sábios, em tranquilidade, são ouvidas mais do que o clamor de quem governa entre gente estúpida. A sabedoria é melhor do que os apetrechos para a peleja, e um único pecador pode destruir a muito bem.” — Ecl. 9:17, 18.

Conforme salientou aqui o sábio, é muito melhor e mais lógico escutar as expressões calmas, nobres, de pessoas sábias, não importa quão humildes, do que os gritos dum governante, que obtém seu apoio popular de súditos que demonstram, nos seus modos e nas suas ações, um conceito estúpido sobre a vida. Conforme ilustrado no caso do sábio necessitado, pode-se obter muito maior benefício com a sabedoria, do que com equipamento de luta. Todavia, já apenas um pecador ou tolo pode causar indizíveis dificuldades. Pelo seu raciocínio errado, talvez expresso em voz alta ou por seus maus atos, ele pode frustrar o melhor dos planos, arruinar a reputação duma comunidade ou desperdiçar energias e recursos. (Veja 3 João 9-11.) Deveras, a sabedoria é preferível, mesmo quando os homens deixam de apreciar os que a possuem.