Os Dez Mandamentos — Estudo e Análise
Os Dez Mandamentos — Estudo e Análise
Os Dez Mandamentos Lei fundamental da nação hebreia. Os hebreus denominavam-na as dez palavras, Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4. Os dez mandamentos foram decretados por Deus no monte Sinai e por ele escritos em duas tabuas de pedras. Encontram-se em duas formas, a forma original contida no cap. 20 de Êxodo e uma citação livre das palavras de Moisés, em Dt. 5.6-21. A diferença principal consiste em que o preceito sobre o sábado baseia-se na lei original, em que Deus nesse dia descansou da obra da criação; enquanto que, na primeira citação que Moisés faz deste mesmo preceito, da como razão o livramento do cativeiro do Egito. Outra diferença, sobre a qual se tem feito indevida pressão, e que, repetindo o décimo mandamento, emprega a palavra cobiçar em referência a casa e ao campo do vizinho em vez do vocábulo desejar. Estas diferenças não são contraditórias: são apenas caraterísticos do livro de Deuteronômio. Veja Deuteronômio, Sábado.
Os dez mandamentos não se acham numericamente indicados na Bíblia. Os judeus, posteriormente a Moisés, consideravam as palavras: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão, Êx. 20.2, como sendo o primeiro mandamento. Mas as palavras referidas não tem a forma de mandamento, são apenas um prefacio da lei. Omitindo este prefacio, existem dois métodos de enumeração. 1. Segundo os ensinos da Igreja Romana e das igrejas Luteranas baseados na autoridade de Santo Agostinho, a primeira tabua contem três mandamentos, e a segunda, sete. Santo Agostinho adotou esta enumeração, porque ela se compõe de números simbólicos: três, sete e dez, e também porque representam uma diferença real na natureza dos mandamentos, três dos quais se referem a honra de Deus e sete aos deveres do homem para com Ele. A primeira divisão compreende o preceito sobre a guarda do Sábado. Para a formação dos três, em uma só tábua, Agostinho reuniu em um só as palavras: “Não terás deuses estrangeiros diante de mim” e o mandamento contra o fabrico de imagens; e para completar o numero sete da segunda tabua, dividiu o mandamento sobre a cobiça em dois.
Serviu-se ele do texto de Deuteronômio, deu como nono, o mandamento que proíbe desejar a mulher do próximo, e como decimo, o não cobiçar a propriedade alheia. A Igreja Católica serve-se do texto de Êxodo, incluindo no decimo mandamento o desejar a mulher do próximo e cobiçar as cousas alheias. A grande objeção a este modo de enumerar, consiste em não distinguir entre politeísmo e idolatria, e em introduzir uma distinção arbitraria entre as duas espécies de cobiça e desejo. 2. O segundo modo de enumerar os mandamentos conta como primeiro, o mandamento sobre o politeísmo, e como segundo, o que proíbe a fabricação e adoração das imagens; no decimo inclui, não só o objeto da cobiça, como do desejo. E esta a mais antiga que se conhece, reconhecida por Josefo (Antig. 3, 5, 5), por Filo (Dec. 1), por Orígenes e adotada pelas igrejas reformadas. Há dois métodos de fazer a distribuição dos mandamentos pelas duas tabuas: (1) Agrupam na primeira tabua, os quatro preceitos referentes aos deveres do homem para com Deus, e na segunda, os deveres do homem para com os seus semelhantes.
Esta divisão conserva o agrupamento das leis em décadas, subdividido em grupos de cinco que torna a legislação muito característica. Sob o ponto de vista judaico, esta divisão e eticamente correta porque a primeira tabua contem todos os deveres de piedade que não envolve direitos a eles correspondentes; ao passo que a segunda tabua compreende deveres de justiça, que envolvem direitos.
O dever de honrar os pais estende-se a sua manutenção, no caso de precisarem dela, e é considerado um dever absoluto e incondicional, Mc. 7. 10-13. Era um dever piedoso, pleno de piedade, e por isso mesmo incluído na primeira tábua. Cita-se muitas vezes o apóstolo S. Paulo como endossante deste modo de classificação, segundo se depreende da sumula de deveres para com os nossos semelhantes, que ele faz compreender nos últimos mandamentos do decálogo, excluindo o que trata de honrar pai e mãe, Rm 13. 9. Porém a enumeração de S. Paulo não e completa; ele omite o nono mandamento. Jesus coloca o quinto mandamento no mesmo grupo dos cinco últimos.
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