Comentário de Miqueias 1:1-16 (J.W Scott)

MIQUEIAS 1, COMENTÁRIO, ESTUDO,
Comentário de Miqueias 1

À semelhança de outros profetas (por exemplo, Obadias), Miqueias dá início a seus escritos com uma afirmação sobre o julgamento vindouro. Ele exorta o povo a dar ouvidos às acusações de Deus contra eles, tendo o anfiteatro da terra inteira como audiência (2). Deus virá para julgar Seu povo e a terra derreter-se-á na Sua presença (3-4). Que isso se refira a um real tremor de terra (cfr. Am 1.1) ou a uma figura poética, não temos certeza. O motivo para essa visitação ameaçada é a prevaricação de Jacó e os pecados da casa de Israel (5). Os centros pecaminosos, em ambos os reinos israelitas, são as capitais-Samaria e Jerusalém. O profeta apresenta um quadro patético de devastação que estava prestes a cair contra elas. Samaria em o norte, seria como um montão de lixo, como uma cidade bombardeada dos tempos modernos (6). As imagens e os ídolos, pagãos e sustentados pela renda da imoralidade, serão destruídos (7). Declarando que ele daria vazão a extremas expresses de lamento (8), Miquéias, provavelmente, estava procurando sublinhar a urgência de sua mensagem. Cfr. Jr 9.1 e segs.

O perigo agora ameaçava Jerusalém (9-16). O exército assírio vinha-se derramando pela planície costeira em direção ao Egito, mas, volta-se, vai subindo pelo vale do rio no qual Miqueias habitava, domina vila após vila e, finalmente, chega aos muros de Jerusalém. É instrutivo comparar essa passagem com Is 10.28-34. Em Isaías temos uma descrição, por um homem dentro da cidade, a respeito do assalto do adversário vindo dos bandos do norte. Em Miqueias, um homem de fora da capital, nos dá um relato sobre o inimigo que passa sobre ele indo do sudoeste. Aqui temos um jogo de palavras, no hebraico, que envolve os nomes das aldeias, impossível de ser traduzido para o português. G. A. Smith, Pusey e outros têm feito as seguintes sugestões. Não o anuncies em Gate (10; cfr. 2Sm 1.20); as radiciais do verbo “anunciar” e o nome da cidade de Gate são semelhantes. Portanto, poderíamos traduzir como “Não o anuncies na Cidade do Anúncio”. Outro tanto se dava com a cidade de Afra, que significa “poeira”: “Na casa da poeira, rola-te na poeira”. No que tange às traduções para o inglês, pode-se consultar Moffatt que procurou traduzir essas alusões para aquele idioma.

Laquis é descrito como o princípio do pecado para a filha de Sião (13). De conformidade com G. A. Smith, o profeta estaria desafiando os habitantes daquela aldeia para que atassem os animais ligeiros ao carro, visto que ela estava intimamente ligada com o tráfico de carruagens. Era uma orientação errada, tanto de Israel como de Judá, comprar grandes quantidades de cavalos e carruagens do Egito. A nação era, desse modo, encorajada a acreditar que estava se transformando num poder militar; porém, durante todo o tempo estava apenas exaurindo seus recursos financeiros. Pois, por mais apropriados que fossem as carruagens para as terras planas do Nilo, eram completamente inúteis no terreno montanhoso de Judá. Além disso, tal exibição de guerra estava levando a nação a olhar para si mesma e para seus aliados, em lugar de olhar para Jeová. Por essa razão os profetas de Jeová olhavam as carruagens com ar de desaprovação e consideravam-nas uma fonte de erro. Tem sido sugerido que em Laquis, na planície costeira, os cavalos recém comprados eram deixados a descansar antes do finalmente seguirem até Jerusalém. Desse modo podia ser dito que Laquis era o princípio do pecado para a filha de Sião. No que respeita às palavras do versículo 15, chegará até Adulão a glória de Israel, cfr. Is 2.19. Isso repete o pensamento do versículo 3. Faze-te calva (16). Rapar a cabeça era sinal de lamentação. Cfr. Is 22.12.

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